Agressividade e Psicanálise
Por Dr. Wagner Paulon
20/11/2009
A Agressividade é constitucional e necessária para auto conservação
e conservação da espécie, porque possibilita nos posicionarmos nas
situações e construirmos coisas. Ela está relacionada à ação
Todos os seres humanos (e inclusive os animais) trazem consigo um
impulso agressivo.
A agressividade é um comportamento emocional que faz parte da
afetividade de todas as pessoas. Portanto, é algo natural.
Nas sociedades ocidentais, bastante competitivas, a agressividade
costuma ser aceita e estimulada quando esta vale como sinônimo de
iniciativa, ambição, decisão ou coragem.
A agressividade é um tipo de comportamento normal que se manifesta
nos primeiros anos de vida.
Na infância, a agressividade é uma forma encontrada pelas crianças
para chamar a atenção para si. É uma espécie de reação que adquire
quando está à frente de algum acontecimento que faz com que se
sintam frágeis e inseguras.
Na fase adulta, a agressividade se manifesta ainda como reação a
fatos que aparentemente induzem o indivíduo à disputa e ainda a
sentimentos.
A agressividade é uma qualidade natural, humana ou animal, que tem a
função de defesa diante dos perigos enfrentados e dos ataques
recebidos.
Agressividade e medo são emoções fundamentais na sustentação de
processos decisórios.
A agressividade é uma forma de nos protegermos, de dar limites, em
família ou no trabalho.
A ação está na agressividade, e a reação na violência.
Classificação da agressividade humana
1º.Agressão hostil (hostilidade)
Agressão hostil é emocional e geralmente impulsiva. É um
comportamento que visa causar danos ao outro, independentemente de
qualquer vantagem que se possa obter. Agressão hostil quando, por
exemplo, um elemento que conduz um veículo colide propositadamente
na traseira do automóvel que o ultrapassou. Este comportamento só
trouxe desvantagens para o próprio: tem de pagar os danos do seu
carro, do carro do outro condutor, podendo ainda vir a ter problemas
com a justiça. O termo raiva pode designar esse sentimento em
oposição à agressão premeditada.
2º.Agressão instrumental
É aquela em que é planejada visa um objeto, que tem por fim
conseguir algo independentemente do dano que possa causar. É,
freqüentemente, não impulsiva. Como exemplo de agressão
instrumental: o assalto a um banco; pode ocorrer no decurso da ação
uma agressão, mas não é esse o objetivo. O seu fim é conseguir o
dinheiro, a agressão que possa surgir é um subproduto da ação.
3º.Agressão direta
O comportamento agressivo dirige-se à pessoa ou ao objeto que
justifica a agressão. Na agressão sexual o objeto almejado
confunde-se com o motivo da agressão na categoria acima descrita. Os
motivos fúteis opõem-se à defesa da vida como critério de gravidade
do ato agressivo.
4º.Agressão deslocada
O sujeito dirige a agressão a um alvo que não é responsável pela
causa que lhe deu origem. Em animais também se observa esse
mecanismo de controle dos impulsos agressivos.
5º.Auto-agressão
O sujeito desloca a agressão para si próprio. Ex: Suicídio, auto
mutilação.
6º.Agressão aberta
Este tipo de agressão, que se pode manifestar pela violência física
ou psicológica, é explicita, isto é, concretiza-se, por exemplo, em
espancamentos, ataques à auto-estima, humilhações.
7º.Agressão dissimulada
Este tipo de agressão recorre a meios não abertos para agredir. O
sarcasmo e o cinismo são formas de agressão que visam provocar o
outro, feri-lo na sua auto-estima, gerando ansiedade. A teoria
psicanalítica tem como explicação desta forma de agressão a
motivação inconsciente.
8º.Agressão inibida
Como o próprio nome indica, o sujeito não manifesta agressão para
com o outro, mas dirige-se a si próprio. O sentimento de rancor é um
exemplo desta forma de expressão da agressão. Algumas teorias
psicológicas têm a agressão inibida como causa de diversas doenças
psicossomáticas. O grau mais severo do rancor pode ser designado por
ódio, contudo ainda não existe um consenso para essa terminologia.
ORIGENS DA AGRESSIVIDADE
"Amor e ódio constituem os dois principais elementos a partir dos
quais se constroem as relações humanas. Mas amor e ódio envolvem
agressividade. Por outro lado, a agressão pode ser um sintoma de
medo. [...] De todas as tendências humanas, a agressividade, em
especial, é escondida, disfarçada, desviada, atribuída a agentes
externos, e quando se manifesta é sempre uma tarefa difícil
identificar suas origens".
Winnicott, 1939.
PESSOA AGRESSIVA
Definindo dentro de um parâmetro psicológico, a pessoa agressiva
patológica (processos neuróticos infantis) é aquela que reage a todo
acontecimento, como se fosse uma competição, contenda ou disputa na
sua leitura mental.
A disputa passa a reinar na alma da pessoa; e se fizermos um
levantamento da história do indivíduo, descobriremos que desde cedo
o mesmo se esforçou em demasia para não vivenciar a experiência da
exclusão.
Devastadora é a crítica para estas pessoas. Esta definição contempla
os aspectos negativos do fenômeno.
A agressividade é um divisor de formas de conduta ou personalidade,
pois o oposto é uma pessoa que vive em lamúria ou autocomiseração.
Já os agressivos têm uma precipitação de reações ou sentimentos.
A sociedade amplia o conceito de agressividade, considerando que a
própria sinceridade e autenticidade são resultados da mesma.
AGRESSIVIDADE E CRESCIMENTO
Fundamental é a agressividade para o crescimento e conquista do
espaço pessoa, sinal de que não se esta sendo passivo frente às
imposições do social e dos outros.
A agressividade não é sinônima de falta de amor. Desta forma, casais
que se amam podem ter momentos de agressividade, sentir raiva, ódio
e vontade de ficar longe por alguns instantes sem que isso
signifique que não se gostam.
AGRESSIVIDADE X NORMALIDADE X PATOLOGIA
A agressividade é um tipo de comportamento normal que se manifesta
nos primeiros anos de vida.
A agressividade é uma forma encontrada pelas crianças para chamar a
atenção para si. É uma espécie de reação que adquire quando está à
frente de algum acontecimento que faz com que se sintam frágeis e
inseguras.
Na fase adulta, a agressividade se manifesta ainda como reação a
fatos que aparentemente induzem o indivíduo à disputa e ainda a
sentimentos.
A criança quando agressiva tenta despertar nos pais ou responsáveis
os sentimentos internos que esses não conseguem perceber.
Muitas vezes as crianças são rotuladas e castigadas pelo
comportamento, porém é importante conhecer primeiramente as suas
causas, para que se aplique algum tipo de manifestação relacionada à
agressividade. O adulto, por sua vez, quando agressivo reage
precipitadamente a qualquer tipo de acontecimento, o que
possivelmente causa traumas inesquecíveis. Também age como forma de
depositar sentimentos negativos como raiva, inferioridade,
frustração e outros.
Por ser um comportamento normal que se inicia na infância e que pode
permanecer ou não durante o amadurecimento do ser humano, existem
terapias que auxiliam o agressor a controlar sua reação impulsiva
diante dos acontecimentos que lhes parecem desafiadores. Tal reação
deve ser estudada por um profissional e controlada por quem a
possui, pois pessoas agressivas normalmente não conseguem conviver
com outras pessoas.
COMPORTAMENTO AGRESSIVO
O Comportamento Agressivo consiste na defesa dos direitos pessoais e
expressão dos pensamentos, sentimento e opiniões de uma maneira
inapropriada e não positiva que transgride os direitos das outras
pessoas.
O objetivo habitual da agressão é dominar as outras pessoas. A
vitória assegura-se por meio da humilhação e da degradação.
Trata-se, em último caso, de que os outros sejam mais débeis e menos
capazes de expressar e defender os seus direitos e necessidades.
O comportamento agressivo é o reflexo de uma conduta ambiciosa, que
tenta conseguir os objetivos a qualquer preço, inclusivamente se
isso supõe transgredir as normas éticas e pisar os direitos dos
outros. As conseqüências deste tipo de comportamentos são sempre
negativas e as vítimas destas pessoas acabam, mais cedo ou mais
tarde, por se sentir ressentidas e evitar a pessoa agressiva.
COMPORTAMENTO AGRESSIVO TEM INFLUÊNCIA GENÉTICA
Estudo conduzido por Juergen Hennig, PhD, contribui para o aumento
de evidências que o tipo de comportamento agressivo que nós
consideramos psicopático ou sociopático tem algumas bases genéticas
que podem envolver níveis anormalmente baixos do neurotransmissor
serotonina. Mais uma vez, polimorfismos do gene aparecem para
influenciar diferenças individuais.
Componentes específicos de agressão em 58 participantes pareceram
relacionados ao alelo U (variação) de um gene chamado TPH, um
marcador que deve estar ligado a outro gene ainda desconhecido.
Henning diz, "ligação significa que ambos os genes são transmitidos
juntos, pois estão bem próximos no mesmo cromossomo".
Os pesquisadores mediram genótipos apelidados de AA, AC e CC. O
genótipo "AA" estava associado com os índices mais altos de
agressão, enquanto o genótipo "CC" estava associado com os índices
mais baixos.
Usando outra amostra de 48 homens, os autores também validaram a
distinção entre "hostilidade neurótica" e "hostilidade agressiva",
esta última mais violenta e sem sentimento de culpa. Os autores
dizem que sua descoberta enfatiza o valor de distinguir entre os
diferentes aspectos de agressão.
Finalmente, apenas os homens "agressivamente hostis" liberaram
índices altos de cortisol, o hormônio chave do estresse, depois de
tomar uma droga antidepressiva que torna a serotonina mais
disponível no cérebro.
Os autores especulam que, depois de serem privados de serotonina, os
receptores neurais desses homens estavam sensíveis e reagiram além
do normal, em parte por produzirem cortisol extra.
Juntando as três descobertas, Henning conclui que, "Nós descobrimos
que os polimorfismos do gene contribuem para a variação que pode ser
encontrada nos testes neuro-endócrinos e questionários de
personalidade em indivíduos saudáveis. Isso demonstra que certos
aspectos de comportamento relacionam-se a sistemas biológicos, tais
como os sistemas neurotransmissores".
COMPORTAMENTOS
AGRESSSIVOS X PAIS.
A ausência de limites, a tolerância excessiva dos pais, a falta de
tolerância perante frustrações, violência física ou emocional,
ausência de carinho são fatores que provocam comportamentos
agressivos, porém é interessante observar também se a criança não
está passando por um momento de transformação em sua família, como
separação dos pais, ganho ou perda de novos membros na família, seja
por nascimento de irmão ou morte de alguém querido.
AUTISMO E AGRESSIVIDADE
O autismo não causa agressividade. Qualquer pessoa pode se tornar
agressiva seja ela autista ou não. Deve-se investigar em cada caso o
que estaria mantendo a agressividade, pois, mais uma vez, nenhum
comportamento vem do nada!
INVESTIMENTOS BANCARIOS X AGRESSIVIDADE
As instituições Bancárias sugerem agressividade ao investidor e
lista motivos para se preferir as ações.
VIOLÊNCIA X AGRESSIVIDADE
A agressividade é uma qualidade natural, humana ou animal, que tem a
função de defesa diante dos perigos enfrentados e dos ataques
recebidos.
A violência nos relacionamentos humanos, a agressividade
desequilibrada, fora das situações de perigo, acontece fora e dentro
das famílias. É uma reação ao sentimento interior de frustração, de
carência, de incapacidade de amar, que desencadeia comportamentos
destrutivos, diante da privação ou impossibilidade de satisfazer
nossas necessidades naturais e atingir nossas motivações.
Todos nós temos necessidades naturais - de alimentos (fome), de
líquido (sede), de sono, de repouso, de atividade produtiva, de
gostar de si mesmo (auto-estima), de afeto, de aprovação social, de
independência, de realização. Essas necessidades naturais criam
motivações dentro de todos nós, que se apresentam como anseios,
ideais ou desejos, que buscamos satisfazer o tempo todo - o nosso
desejo de felicidade e paz, o desejo de saúde, o desejo de sucesso,
o desejo de riqueza.
A violência, a agressividade desequilibrada, gera um ambiente
doentio, interior e exterior. Gera medo, tensão, estresse,
tristezas, ressentimentos, mágoas, culpas, inseguranças. Sentimentos
que estão na origem da grande parte das doenças físicas.
Agressividade é constitucional e necessária para auto conservação e
conservação da espécie, porque possibilita nos posicionarmos nas
situações e construirmos coisas. Ela está relacionada à ação.
A violência é sempre uma reação por algo passado ou presente. Por
exemplo, no desenvolvimento da criança ela pode sofrer abusos,
espancamentos, maus tratos, etc. Mais tarde frente a determinados
fatos ela pode ter uma reação, muitas vezes inconsciente,
expressando uma violência desmedida frente a situação. Muitas vezes
dependendo do que o individuo é submetido, ele pode apresentar uma
reação de violência. Um animal em cativeiro é sempre violento.
A violência é sempre uma reação e não uma ação.
A agressividade está ligada a autopreservação, por que temos que nos
posicionar, marcar espaço e isso é necessário para vivermos em
sociedade.
Toda vez que a violência ocorre, ela está relacionada a algum fato
de submissão no passado ou no presente.
A agressividade é constitucional e está ligada a ação.
A violência é uma reação e sempre está relacionada a um fato,
passado ou presente.
A ação está na agressividade, e a reação na violência.
DEPRESSÃO X AGRESSIVIDADE
Algumas vezes, quando deparamos com alguém depressivo, percebemos
apatia e comentamos sobre sua falta de vitalidade. Existe aí falta
de "agressividade"?
Mas o que dizer de pessoas que usam sua energia de vida para
hostilizar e destruir? Estamos tratando nesse momento de
agressividade negativa, geralmente utilizada como instrumento de
expressão de sentimentos como mágoa, insegurança ou incapacidade de
lidar com as frustrações.
CRIANÇA E A AGRESSIVIDADE
Quando pensamos em crianças, logo associamos à imagem angelical de
pureza e doçura. Por isso nos causam grande espanto e desorientação
ao ver atitudes agressivas em crianças pequenas.
A agressividade é uma força instintiva que como outras são inatas em
todos os seres humanos. Especialmente a criança, expressa tudo o que
é mais essencial do ser humano, uma vez que ela ainda não completou
seu amadurecimento moral e intelectual, ou seja, ela não tem
recursos próprios para se relacionar com o mundo.
Assim, nas crianças percebemos as características essenciais e
instintivas do ser humano com a agressividade, porém é individual de
cada uma como e o quanto esta se manifesta.
O seu filho revela umas atitudes demasiadamente rebeldes, impulsivas
e agressivas.
Os seus súbitos ataques de raiva fazem-na temer pelo futuro, mas nem
sempre a fúria é negativa. Os pais não sabem muito bem o que se
passa.
Os filhos andam muito irrequietos, agressivos e parecem estar a
reagir com muita arrogância. Preocupados, os pais acham que se pode
estar a passar alguma coisa e não compreendem tanta agressividade.
Embora não saiba, as crianças devem revelar um pouco da
agressividade que guardam dentro de si. Se não é saudável
guardarem-na, também não é saudável a soltarem a todo o momento, mas
se esta for equilibrada até é bom para combater o stress.
Logo à nascença, a criança solta o seu grito de agressividade. O
primeiro grito de muitos outros que se seguirão, sem motivo aparente
ou que pelo menos os pais não conseguem identificar qual o motivo,
para além dos gritos de dor e de fome.
Quando se zangam por coisas mínimas e inexplicáveis, é sinal que
estão fazendo um teste aos próprios pais para ver até onde é que
lhes é permitido ir. Não há necessidade de os pais se irritarem logo
após a primeira birra, pois se não se mostrarem interessados os
filhos, em seguida, acabam com a choradeira.
As crianças que são muito calmas, pacíficas e que nunca demonstraram
a mínima irritação em relação a nada, são crianças apáticas e
tristes. O fato de as crianças nunca se irritarem com nada é sinal
que guardam tudo para elas, e que reprimem os seus sentimentos e
mágoas. Estas crianças são muito tristes, pouco ou nada falam e
começam a ter muito medo das coisas e do próprio mundo. Os pais
devem compreender se o filho está com algum problema, ou se é mesmo
da personalidade dele.
Há que perceber que a agressividade é diferente da violência. A
agressividade é um tipo de reação normal, mas a violência é já
característica de uma outra parcela de crianças.
Habitualmente, as crianças agressivas têm reações de rebeldia,
respondem mal e protagonizam gestos agressivos, mas nunca atingem o
patamar da violência. Às crianças violentas está ligada a explosão
repentina de muitas mágoas e episódios que guardaram para si, e que
só agora conseguiram expandir. Isto retrata um tipo de preocupação e
de controlo totalmente distinto da agressividade.
As crianças agressivas utilizam essa agressividade como forma de se
defenderem do que as rodeia, e não necessariamente porque tenham
instintos ou pensamentos violentos. Por isso, os ataques de berraria
e de "reivindicações infantis" não passam de uma defesa e de um jogo
elaborado inconscientemente pelos mais novos, para testarem a sua
importância familiar e os limites daqueles que os rodeiam.
Os pais, ao serem mais repressivos e menos benevolentes, têm já que
estar preparados para as trocas de palavras menos carinhosas e mais
chocantes por parte dos seus filhos. Deve ser benevolente com ele,
mas com determinados limites. A criança tem que perceber que há
alturas nas quais os seus desejos podem ser-lhe concedidos, embora
em outras situações isso não possa suceder. Não lhe explique o
motivo porque a criança não pode fazer alguma coisa de maneira
autoritária. Utilize um caminho informal e de fácil entendimento
para ele, alegando sempre coisas boas para o crescimento dele caso
ele não faça o que deseja.
Se julgar que o seu filho é muito agressivo, fique, a saber, que
essa agressividade tem o seu lado positivo. Expulsa as suas tensões
e nervos internos, e essa agressividade é um dos caminhos para
perceber se não há problemas de maior com o seu pequeno mundo.
Motivo para preocupação é se a criança for demasiadamente certinha,
calma e pacífica. Por detrás dessa solidão está sempre uma enorme
tristeza e mágoa interior.
Acompanhe e tente perceber todas as reações do seu filho, pois todas
elas possuem uma leitura importante e útil para poder compreendê-lo.
JOGO X FALTA DE PACIENCIA X AGRESSIVIDADE
Existe uma grande diferença entre agressividade e falta de
paciência; e a primeira tem sido uma ótima desculpa para justificar
a segunda.
Jogar agressivamente sem duvida é um caminho interessante para a
vitória. Mas a agressividade tem que ser bem usada e tem que ser
usada da forma correta. Pense nisso e veja se não esta confundindo
agressividade com falta de paciência.
AGRESSIVIDADE X DESENVOLVIMENTOS GLANDULARES NO ADOLESCENTE
O psicólogo Nicholas Allen, da Universidade de Melbourne, Austrália,
filmou 137 adolescentes de 11 a 14 anos enquanto eles discutiam com
os pais sobre assuntos "explosivos", tais como a hora de ir para a
cama, deveres escolares, uso do computador, etc. O nível de
agressividade demonstrado pelos adolescentes nessas discussões
também foi comparado ao tamanho das amídalas cerebrais (não
confundir com as amídalas palatinas...).
Foi observada uma correlação entre o tamanho das amídalas e a
agressividade do adolescente.
Parece que o crescimento descompassado das amídalas e do córtex
pré-frontal poderia explicar fases de maior agressividade durante o
desenvolvimento e a passagem da adolescência à vida adulta.
AGRESSIVIDADE E VIOLENCIA DOMESTICA
Alguns consideram que o problema acontece devido a uma carência
emocional experimentada pela criança que se sente ferida; outros
acreditam que a criança não teve fixados os seus limites. Perceberam
que crianças e adolescentes desvantajados, expostos ao abandono,
morte ou doença dos pais, ou submetidos à intensa ansiedade gerada
pelo ambiente das ruas, podem apresentar conduta agressiva (Fagan &
Wexler, 1987).
Quando os pais ferem-se mutuamente, abandonam as famílias ou ameaçam
suicidar-se, a ansiedade dos filhos é esmagadora. Eles podem
desenvolver um padrão crescentemente agressivo em suas relações
familiares, escolares e sociais (Wolff, 1985).
Foi encontrada associação entre privação emocional na infância
agressão física entre os pais, depressão materna, quebra precoce do
vínculo mãe-filho, negligência ou rejeição materna, número elevado
de substitutos maternos, abuso físico e sexual e conduta violenta em
adolescentes (Forchand, 1991; Assis, 1991).
Histórias de abuso físico e sexual têm sido relatadas por adultos e
adolescentes que apresentam auto-imagem negativa, dificuldades de
relacionamento e vazão inapropriada de impulsos agressivos (Dodge et
al., 1991; Gil, 1990; Oates, 1984; Blomhoff et al., 1990).
BULLYING
Bullying é um problema universal que atinge quase todas as pessoas,
família, escola, trabalho ou comunidade em um momento ou outro,
independentemente da idade, sexo, raça, religião ou status
sócio-econômico.
Bullying não só se restringe apenas às "escola", a questão do
ASSÉDIO MORAL é mais amplo e atinge constantemente toda sociedade do
planeta terra, ocasionando graves problemas de saúde mental e no
bem-estar social.
Os efeitos do bullying podem durar uma vida.
O termo Bullying compreende todas as formas de atitudes agressivas,
intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente,
adotada por um ou mais estudantes contra outro(s), causando dor e
angústia, e executadas dentro de uma relação desigual de poder.
Portanto, os atos repetidos entre iguais (estudantes) e o
desequilíbrio de poder são as características essenciais, que tornam
possível a intimidação da vítima.
Ações Bullying
Colocar apelidos, Ofender, Zoar, Gozar, Encarnar, Sacanear,
Humilhar, Fazer sofrer, Discriminar, Excluir, Isolar, Ignorar,
Intimidar, Perseguir, Assediar, Aterrorizar, Amedrontar, Tiranizar,
Dominar, Agredir, Bater, Chutar, Empurrar, Ferir, Roubar, Quebrar
pertences e outros.
MEDO E AGRESSIVIDADE SÃO ALIADOS NA TOMADA DE DECISÕES
As empresas devem se preocupar com a capacitação emocional de seus
empregados. Só assim conseguirão o comprometimento necessário à
incorporação de inovações em favor da produtividade e
competitividade. Agressividade e medo, por exemplo, são emoções
fundamentais na sustentação de processos decisórios.
Segundo o médico-psiquiatra e especialista em terapia empresarial,
Paulo Gaudêncio, nunca perdemos o medo de errar. "O que precisamos é
aprender a mandar no medo para fazer as mudanças necessárias na vida
familiar e nos negócios", afirmou durante palestra aos participantes
da Oficina 'Inovação da Gestão Interna', na terça-feira (20), dentro
da programação da 3ª Semana de Capacitação do Sistema Sebrae, em
Brasília (DF).
Gaudêncio citou a fadista portuguesa Amália Rodrigues, a melhor no
gênero há 50 anos. Indagada sobre o que sentia ao subir ao palco,
respondeu sem titubear: medo. Segundo Gaudêncio, nossas emoções são
nossos principais combustíveis e devemos, portanto, saber lidar com
elas. Se mandarmos no medo, ele nos ajuda a ser prudentes e
corajosos. Se ele nos vence, somos covardes. Se não o temos, podemos
ser irresponsáveis. Tudo é uma questão de equilíbrio.
O mesmo acontece com a agressividade que, administrada, sustenta a
razão. Nos animais, limita o espaço vital. Nos homens, mais que
isso: limita o espaço emocional. A agressividade, portanto, é uma
forma de nos protegermos, de dar limites, em família ou no trabalho.
"Sapo é difícil de ser engolido. Mas, se engolidos com ajuda de um
bom molho, podemos até digeri-los. O que é fácil de ser engolido são
os girinos do dia-a-dia. O problema é que são impossíveis de serem
digeridos", afirmou.
Segundo Gaudêncio, engolidores de girinos são poços de mágoa,
resultados de ódio reprimido. Por isso, a importância do diálogo, do
feedback nas relações familiares e de trabalho. E diálogo é saber
falar como depoimento e não como acusação. É saber equilibrar
agressividade e afetividade. "O amigo é aquele que fala para e não
aquele que fala de. Agressividade e medo são nossos aliados nos
processos de mudanças", afirmou.
SEROTONINA PODE AJUDAR NO CONTROLE DA AGRESSIVIDADE
A serotonina, um dos principais neurotransmissores do sistema
nervoso central, desempenharia um papel importante no controle de
emoções, especialmente a agressividade, de acordo com um estudo
britânico publicado na sexta-feira nos Estados Unidos.
O estudo ajudaria a esclarecer problemas clínicos como a depressão,
as obsessões e a ansiedade, que se caracterizam por baixos níveis de
serotonina.
Os psiquiatras e neurologistas estabeleceram há tempos uma relação
entre a serotonina e o comportamento social, mas o papel preciso
desempenhado por essa molécula na agressividade é controverso.
TESTOSTERONA X LIBIDO X AGRESSIVIDADE
Testosterona é um hormônio esteróide produzido, tanto nos Homens
quanto nas Mulheres.Nos homens pelos testículos (os quais também
produzem espermatozóides e uma série de outros hormônios que
controlam o desenvolvimento normal e funcionamento), nos indivíduos
do sexo feminino, pelos ovários, e, em pequena quantidade em ambos,
também pelas glândulas supra-renais.
Vale ressaltar que a síntese da testosterona é estimulada pela ação
do LH (hormônio luteinizante), que por sua vez é produzido pela
pituitária anterior (adenohipófise ou simplesmente hipófise).
A testosterona é responsável pelo desenvolvimento e manutenção das
características masculinas normais, sendo também importante para a
função sexual normal e o desempenho sexual. Apesar de ser encontrado
em ambos o sexo, em média, o organismo de um adulto do sexo
masculino produz cerca de vinte a trinta vezes mais a quantidade de
testosterona que o organismo de um adulto do sexo feminino, tendo
assim um papel determinante na diferenciação dos sexos na espécie
humana.
Altas taxas de testosterona tendem a aumentar o comportamento
agressivo. Além disso, estudos feitos por Richard Udry com
adolescentes mostraram que um alto nível do hormônio aumenta a
predisposição a ter relações sexuais. O mesmo acontece com adultos.
Só que entre esses, o maior nível de testosterona costuma acarretar
problemas no casamento.
James Dabbs e Alan Booth analisaram as relações amorosas de 4.462
militares entre 30 e 40 anos e perceberam que os homens com
testosterona alta eram menos propensos a se casar e se divorciavam
mais facilmente. Além disso, os campeões da testosterona tinham o
dobro de chances de ter relações extraconjugais do que os que
apresentavam níveis mais baixos. Risco e agressividade podem não
combinar com a vida conjugal.
Já num estudo da Faculdade de Medicina de Yale, cientistas
observaram que altos níveis testosterona, ainda que por períodos
curtos de seis a doze horas, causaram morte em culturas de
neurônios.
AGRESSIVIDADE X TESTOSTERONA X CASTRAÇÃO DE CRIMINOSOS
Diversos estudos clínicos realizados em Prisões Norte Americanas
demonstraram que os seus detidos mais violentos tinham geralmente
doses mais elevadas do hormônio masculino, a Testosterona que a
população comum.
Sabe-se também que altos níveis deste hormônio no sangue conduzem
para além de um aumento de agressividade a um aumento do espírito de
competitividade, assim, uma droga que reduzisse estes níveis, ou a
introdução do hormônio feminino no sistema de um agressor patológico
poderia reduzir a sua propensão natural para a Agressão e para a
Sociopatia. Igual conseqüência teria a castração, física ou química,
já que o dito hormônio é produzido nos testículos. De igual forma, a
mesma castração teria conseqüências na redução em longo prazo dos
níveis de Crime nas Sociedades.
Estes tratamentos seriam muito mais humanos do que prender alguém
durante 20 ou 25 anos e certamente com muito maior eficácia social e
financeira.
PSICANÁLISE E A AGRESSIVIDADE
As discussões sobre agressividade enunciaram-se desde o princípio no
discernimento freudiano. Assim, na "Psicoterapia da histeria", de
1895, essa problemática já se enunciara, pelo viés da questão da
resistência (Freud 1971a), no registro estritamente clínico. Porém,
nas experiências analíticas de Dora (Freud 1971c [1905]) e do
pequeno Hans (Freud 1971d [1909]), a agressividade foi inscrita no
registro do sintoma, sendo então responsável pela produção e pela
reprodução desse.
Subentende-se que a problemática da agressividade não se formulou
num momento tardio do discurso freudiano, como supõem
equivocadamente alguns intérpretes desse discurso, que formularam
que a sua emergência teórica seria correlata à constituição do
conceito de pulsão de morte. Pode-se dizer, ao contrário, que o
enunciado desse conceito, articulado com a questão da agressividade,
foi o ponto de chegada de um longo e tortuoso percurso no pensamento
freudiano. Não foi porque Freud colocava toda a ênfase na
sexualidade, no quadro da primeira teoria das pulsões (Freud 1962
[1905]), que a agressividade não era já um problema para o discurso
freudiano.
É preciso relembrar, no entanto, que a dita problemática não tinha
ainda uma elaboração teórica autônoma, no contexto do discurso
metapsicológico sobre as pulsões. Vale dizer, o discurso freudiano
não enunciou a existência de uma pulsão de agressão, como realizou
Adler (cf. Kauffman 1996), na medida em que a agressividade foi
inscrita na oposição entre as ordens do sexual e da autoconservação.
Mesmo posteriormente, quando Freud inscreveu a autoconservação no
registro do eu - elaboração realizada em 1910, no ensaio "As
perturbações psicogênicas da visão numa perspectiva psicanalítica"
(Freud 1973b [1910]), que culminou no conceito de narcisismo em 1914
(Freud 1973d [1914]) -, a agressividade continuou a ser ainda
concebida nesse contexto metapsicológico.
Ao falarmos de agressividade em psicanálise, imediatamente nos vem à
lembrança, de modo quase automático, o texto de 1929, Mal-estar na
Civilização, no qual Freud reconhece na agressividade inata do homem
o principal fator de ameaça à vida em sociedade. Contudo, as coisas
nem sempre foram assim.
Na realidade, a agressividade se constituiu como um problema com o
qual Freud teve que se debater durante muito tempo, embora, desde os
primeiros momentos, tenha reconhecido e valorizado a incidência das
tendências hostis como algo inerente à especificidade do tratamento
analítico.
Na psicanálise, de acordo com sua colocação diferenciada dos
motivos, despertam-se todas as moções [do paciente], inclusive as
hostis... são aproveitadas para fins de análise, (1905[1901],
p.111).
Unicamente a partir de 1920, após a formulação da segunda teoria
pulsional, a agressividade será reconhecida como uma pulsão
específica, funcionando, desde então, praticamente como o outro nome
dos impulsos da pulsão de morte, cuja finalidade é a destruição.
Existem essencialmente duas classes diferentes de pulsões: as
pulsões sexuais, percebidos no mais amplo sentido - (Eros) e
(Pulsões Agressivas), cuja finalidade é a destruição, (Freud,
1933[32], p.129).
Dr. Wagner Paulon - Formação em psicanálise (Escola Paulista),
mestre em psicopatologia (Escola Paulista), psicologia (Saint
Meinrad College) USA, pedagogia (FEC ABC), MBA (University Abet)
USA, curso de especialização em entorpecentes (USP), psicanalista
por muitos anos de vários hospitais de São Paulo.