Anima e Animus
Por Vanilde Gerolim Portillo
15/02/2007
Para a Psicologia Analítica, o arquétipo da anima (termo em latim
para alma),constitui o lado feminino no homem, e o arquétipo do
animus(termo em latim para mente ou espírito), constitui o lado
masculino na psique da mulher. Ambos os sexos possuem aspectos do
sexo oposto, não só biologicamente, através dos hormônios e genes,
como também, psicologicamente através de sentimentos e atitudes.
Sendo a persona a face externa da psique, a face interna, a formar o
equilíbrio são os arquétipos da anima e animus. O homem traz
consigo, como herança, a imagem de mulher. Não a imagem de uma ou de
outra mulher especificamente, mas sim uma imagem arquetípica, ou
seja, formada ao longo da existência humana e sedimentada através
das experiências masculinas com o sexo oposto.
Cada mulher, por sua vez, desenvolveu seu arquétipo de animus
através das experiências com o homem durante toda a evolução da
humanidade.
Embora, anima e animus desempenhem função semelhante no homem e na
mulher, não são, entretanto, o oposto exato. Segundo Humbert, “Anima
e animus não são simétricos, têm seus efeitos próprios: possessão
pelos humores para a anima inconsciente, pelas opiniões para o
animus inconsciente.”
A anima, quando em estado inconsciente pode fazer com que o homem,
numa possessão extrema, tenha comportamento tipicamente feminino,
como alterações repentinas de humor, falta de controle emocional.
Em seu aspecto positivo a anima, quando reconhecida e integrada à
consciência, servirá como guia e despertará, no homem o desejo de
união e de vínculo com o feminino e com a vida. A anima será a
“mensageira do inconsciente” tal como o deus Hermes da mitologia
Grega.
A valorização social do comportamento viril no homem, desde criança,
e o desencorajamento do comportamento mais agressivo nas mulheres,
poderá provocar uma anima ou animus subdesenvolvidos e
potencialmente carregados de energia, atuando no inconsciente.
Um animus atuando totalmente inconsciente poderá se manifestar de
maneira também negativa, provocando alterações no comportamento e
sentimentos da mulher. Segundo Jung: “em sua primeira forma
inconsciente o animus é uma instância que engendra opiniões
espontâneas, não premeditadas; exerce influência dominante sobre a
vida emocional da mulher.”
O animus e a anima devidamente reconhecidos e integrados ao ego,
contribuirão para a maturidade do psiquismo. Jung salienta que o
trabalho de integração da anima é tarefa difícil. Diz ele: “Se o
confronto com a sombra é obra do aprendiz, o confronto com a anima é
obra-prima. A relação com a anima é outro teste de coragem, uma
prova de fogo para as forças espirituais e morais do homem. Jamais
devemos esquecer que, em se tratando da anima, estamos lidando com
realidades psíquicas, as quais até então nunca foram apropriadas
pelo homem, uma vez que se mantinham foram de seu âmbito psíquico,
sob a forma de projeções.”
Anima e animus são responsáveis pelas qualidades das relações com
pessoas do sexo oposto. Enquanto inconscientes, o contato com estes
arquétipos são feitos em forma de projeções.
O homem, quando se apaixona por uma mulher, está projetando a imagem
da mulher que ele tem internalizada. É fato que a pessoa que recebe
a projeção é portadora, como dizia Jung, de um “gancho” que a aceita
perfeitamente. O ato de apaixonar-se e decepcionar-se, nada mais é
do que projeção e retirada da projeção do objeto externo. Geralmente
o que se ouve é que a pessoa amada deixou de ser aquela por quem ele
se apaixonou, quando na verdade ela nunca foi, só serviu como
suporte da projeção de seus próprios conteúdos internos.
Para o homem a mãe é o primeiro “gancho” a receber a projeção da
anima, ainda quando menino, o que se dá inconscientemente. Depois,
com o crescimento e sua saída do ninho, o filho vai, aos poucos,
retirando esta projeção e lançando-a a outras mulheres que continua
sendo um processo inconsciente. A qualidade, do relacionamento
mãe-filho, será essencial e determinará a qualidade dos próximos
relacionamentos, com outras mulheres. Salienta Jung: “Para o filho,
a anima oculta-se no poder dominador da mãe e a ligação sentimental
com ela dura às vezes a vida inteira, prejudicando gravemente o
destino do homem ou, inversamente, animando a sua coragem para os
atos mais arrojados.”
Jung define projeção da seguinte forma: “um processo inconsciente
automático, através do qual um conteúdo inconsciente para o sujeito
é transferido para um objeto, fazendo com que este conteúdo pareça
pertencer ao objeto. A projeção cessa no momento em que se torna
consciente, isto é, ao ser constatado que o conteúdo pertence ao
sujeito.”
Vanilde Gerolim Portillo - Psicóloga Clínica - Pós-Graduada e
Especialista Junguiana - Atende em seu consultório em São Paulo:
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