Anorexia
Por Ana Lúcia Pereira
08/10/2007
Chamamos de anorexia uma percepção distorcida quanto ao próprio
corpo, que leva a pessoa a ver-se e sentir-se como "gorda" mesmo
após perder muito peso. Essa percepção errônea faz com que o
anoréxico mantenha seu peso abaixo dos níveis ideais para sua
estatura, prejudicando seriamente a própria saúde. Mesmo quando
parentes e amigos comentam sobre sua magreza excessiva, o indivíduo
não consegue perceber e insiste em continuar emagrecendo.
A anorexia atinge com maior freqüência mulheres (90% dos casos) na
faixa etária compreendida 14 e os 18 anos, raramente ocorrendo após
os 40 anos.
É comum a anorexia ser desencadeada por fatores estressores
(desemprego, divórcio, mudança de cidade), no entanto não podemos
afirmar que esses eventos causam a doença e sim que algumas vezes a
precipitam.
Muitos acreditam que o portador de anorexia não sente fome, o que
não é verdadeiro, pois o que ocorre é que apesar da fome ele se
recusa a comer, o que aumenta ainda mais seu conflito e sofrimento.
Alguns portadores desse transtorno apresentam episódios denominados
binge, durante os quais comem compulsivamente grandes quantidades de
alimentos e depois vomitam. Nesses casos dificilmente o paciente
precisa provocar o vômito, pois o próprio organismo se encarrega
disso.
Com o que não deve ser confundida
A anorexia não é "frescura", vaidade excessiva ou loucura. É uma
doença que como qualquer outra não surge por culpa ou desejo do
portador, sendo assim o doente precisa de tratamento especializado,
carinho e compreensão daqueles que lhe são próximos.
Anorexia não é sinônimo de bulimia, embora algumas vezes os dois
transtornos possam ocorrer paralelamente. Na bulimia o paciente não
consegue conter o impulso de comer excessivamente, e para não ganhar
peso provoca o vômito e/ou faz uso de laxantes e diuréticos.
Sintomas
Os pacientes anoréxicos apresentam um ou mais dos sintomas abaixo
descritos:
Recusa em manter o peso corporal em um nível igual ou acima do
mínimo adequado à idade e a altura;
Negação do baixo peso corporal atual;
Medo intenso de ganhar peso mesmo estando com a massa corporal
abaixo do normal;
Visão distorcida negativamente do peso ou da forma do corpo;
Amenorréia (ausência de pelo menos três ciclos menstruais
consecutivos);
Alguns pacientes manifestam sintomas depressivos como retraimento
social, irritabilidade, insônia e interesse sexual diminuído.
Esse transtorno também é caracterizado por práticas como:
Recusa em manter o peso corporal em um nível igual ou acima do
mínimo adequado à idade e a altura;
Dietas e jejuns sem orientação e acompanhamento médico;
Exercícios físicos intensos, sem orientação e/ou acompanhamento
especializados;
Vômitos provocados;
Uso desnecessário de diuréticos e laxantes.
Conseqüências:
A inanição provocada pela anorexia pode acarretar dores abdominais,
intolerância ao frio, pele seca e/ou amarelada, hipertrofia das
glândulas salivares, problemas renais (associados a desidratação
crônica e hipocalemia), complicações cardiovasculares (hipotensão
severa, arritmias), problemas dentários e osteoporose (conseqüência
do baixo consumo e absorção de cálcio, secreção reduzida de
estrógeno e maior secreção de cortisol).
Tratamento
A combinação de psicoterapia com tratamento medicamentoso tem
trazido melhores resultados, pois enquanto a terapia trabalha para
restabelecer a correta percepção da imagem corporal os medicamentos
servem como paliativos para os sintomas e proporcionam maior
conforto para o paciente até seu total restabelecimento.
A internação para a reposição de nutrientes é recomendada quando o
nível de desnutrição é ameaçador para a saúde do portador de
anorexia.
Em todas as etapas do tratamento o apoio de familiares e amigos é
fundamental para o restabelecimento do paciente.
A anorexia deve ser lavada a sério, pois casos que tem diagnóstico
tardio podem culminar em morte por inanição, suicídio ou
desequilíbrio dos componentes sangüíneos.
A contínua perda de peso e a insistência em um excesso de peso
irreal devem fazer soar o sinal de alerta de parentes e amigos, pois
no início do transtorno o paciente anoréxico não se considera
doente, sendo capaz de falar insistentemente sobre seu “excesso” de
peso e a necessidade de fazer regime, fazendo com que pessoas
desavisadas possam pensar que está brincando.
A anorexia é especialmente grave na fase de crescimento, pois nessa
fase há maior necessidade de ganho calórico para que o crescimento
não seja prejudicado.
Ana Lúcia Pereira é Psicóloga Clínica, professora Universitária e
Consultora Organizacional. Email: alp@analuciapsicologa.com -
http://www.analuciapsicologa.com