Árvore das Competências Gerenciais
Por Maria Rita Gramigna
19/09/2007
FÁBULA DO SAPO FERVIDO
Dois sapos freqüentavam o mesmo brejo. Foram capturados e colocados
em duas panelas, na fogueira.
O primeiro achou o local aconchegante, permaneceu quieto na água,
aclimatou-se e...
O segundo, inconformado com a falta de espaço, pulou, pulou, pulou e
safou-se da fervura.
Esta fábula, transcrita de forma resumida, bastante conhecida no
meio gerencial, é um indicador de alerta aos profissionais que
querem se manter “vivos” no mercado.
Uma das alternativas de sobrevivência com sucesso que, aos poucos,
vem sendo alvo da atenção das pessoas é o mapeamento de
competências.
A divulgação de perfis profissionais em diversas áreas de negócio e
em empresas cuja atividade fim se diferem umas das outras, geram
verdadeiro pânico ou desânimo quando o leque de exigências
apontadas,é oferecido sem um direcionamento específico.
A árvore das competências gerenciais, tema central deste texto, é
uma ferramenta gerencial que possibilita traçar planos de
auto-desenvolvimento, com base nas competências essenciais.
Empresários, executivos, gerentes e profissionais em posição de
comando, poderão se valer da árvore para mapear seu campo de domínio
de competências gerenciais e planejar metas a médio prazo.
Das diversas definições, adotamos a de Claude Lévy-Leboyer, que
permite ao leitor compreender o atual enfoque de competências: ‘um
conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que algumas
pessoas, grupos ou organizações dominam melhor do que outras, o que
as faz se destacar em determinados contextos.”
COMO USAR A ÁRVORE DAS COMPETÊNCIAS?
Dr. Helbert Kellner, detentor da metodologia STAR de avaliação em
vendas, usa a metáfora da árvore para indicar os três indicadores de
uma competência.
Para traçar uma árvore, é necessário compreender cada um dos
componentes de uma competência, a saber:
1. AS ATITUDES:
Um dos indicadores de impacto e que dá distinção aos líderes de
vanguarda é o conjunto de atitudes agregadas à sua ação cotidiana.
Quanto mais adequadas ao contexto, maior o seu nível de influência
junto aos liderados.
As atitudes do gerente determinam o nível de confiança entre as
pessoas, o clima de trabalho, o grau de comprometimento com
objetivos e metas organizacionais e, consequentemente, resultados
maximizados.
Assim como na árvore, as atitudes são fruto da sua estória: se for
bem cuidada e cultivada em sua trajetória de vida, terá raízes
fortes que sustentarão o tronco, favorecerão a formação de copas e a
coleta de bons frutos. Caso contrário, a árvore precisará de âncoras
e auxílio para sua sustentação e permanência.
Hoje, mais do que nunca, as empresas vêm reforçando a idéia de
mudanças comportamentais em seu staff
Vejamos algumas atitudes, reflexos de nossos valores e crenças, que
fazem a diferença na ação gerencial:
· Sensibilidade interpessoal (qualidade nos contatos com pares,
clientes e fornecedores internos e externos).
· Energia e Iniciativa para resolver problemas.
· Disponibilidade para ouvir.
· Disponibilidade para receber feedback (de pares, liderados e
líderes).
· Interesse e curiosidade.
· Tenacidade, persistência.
· Flexibilidade, adaptabilidade: demonstração de atitude aberta e
receptiva a inovações
· Postura positiva que demonstre dinamismo.
· Integridade e bom senso no trato com as pessoas.
· Partilhamento do sucesso com a equipe de trabalho, com
reconhecimento público das contribuições.
· Senso de honestidade e ética nos negócios.
· Compromisso com resultados.
· Senso de orientação para metas.
· Auto motivação e auto controle.
· Busca permanente de desenvolvimento.
O CONHECIMENTO:
Cada posto gerencial exige conhecimentos específicos e conhecimentos
essenciais.
Os processos de decisão, planejamento e organização, comunicação,
controle de resultados, negociação e administração de conflitos,
dentre outros, são afetados pelo nível de conhecimentos essenciais -
aqueles que fazem parte do rol que todo gerente deve saber para
ocupar o posto e tornar-se um líder.
O domínio de procedimentos, conceitos, fatos e informações
relevantes interfere diretamente na qualidade desses processos.
O conhecimento é um indicador de competências que ajuda a lidar com
o paradoxo da fortaleza e da flexibilidade. Quanto mais conhecimento
colocamos em nossa bagagem, mais nos tornamos fortes e nos
permitimos ser flexíveis para enfrentar as mudanças e rupturas que
surgem em micro intervalos nunca antes pensados.
Quem de nós pensou há quinze anos, que um gerente/líder precisaria
dominar mais uma ou duas línguas para sobreviver em seu posto? São
as exigências dos novos tempos!
Mc Cauley, em 1989, já havia elencado o “aprender depressa”, como
uma das dezesseis competências referenciais de liderança.
Hoje, o gerente-líder atua com um pé no presente e outro no futuro,
construindo seu mapa de metas. O tempo não para... Agir como um
sensor, antenar-se, procurar ver além das fronteiras e muros,
perceber em seu contexto as novas demandas do mercado e buscar as
fontes de pesquisa, são comportamentos que tornam a caminhada do
gerente mais divertida e rica.
Quem sabe faz a hora e não espera acontecer.
AS HABILIDADES:
Usar o conhecimento de forma adequada é o que chamamos de
“habilidade”. Algumas pessoas, acumulam um baú de informações
teóricas e têm dificuldade de abri-lo para uso. Com o tempo, o baú é
esquecido e ninguém se beneficiou de seu conteúdo.
As habilidades precisam ser demonstradas na prática. O
gerente-líder, além de ser bom, precisa demonstrar que é bom através
de ações. De nada adianta colecionar cursos, leituras e informações
em geral, se estas não são úteis e trazem algum benefício para a
coletividade na qual o profissional está inserido. Pragmatismo já!
ÁRVORE DAS COMPETÊNCIAS PASSO-A-PASSO - DICAS:
1. Pergunte-se e pergunte aos outros: que atitudes são exigidas em
minha atual função?
2. Faça o rol de atitudes desejáveis.
3. Crie uma forma de auto-avaliação e peça feedback aos pares.
4. Antene-se: que conhecimentos você domina e quais aqueles que deve
agregar? Aja e corra atrás do tempo! Lembre-se: para subir a
montanha, temos que iniciar pela base. Vale o primeiro passo.
5. Pergunte-se o que você sabe fazer bem em seu trabalho e faça sua
avaliação de habilidades.
6. Procure saber com seus pares, liderados e líderes como o
enxergam.
7. Compare os resultados, levando em consideração que aquilo que
você sabe mas os outros não sabem que você sabe, merece um
tratamento de marketing.
8. Faça seu rol de metas definindo as habilidades que você quer
desenvolver ou demonstrar nos próximos meses.
9. Defina uma forma de avaliar seus progressos.
10. Peça feedback sobre seu desempenho.
CENAS GERENCIAIS - COMPETÊNCIAS FAZEM A DIFERENÇA
(texto recebido pela internet, sem citação de autoria. Cabe uma
reflexão sobre competências).
O senhor “Marcha Lenta” entra na sala do seu diretor e pergunta:
- “Por que não fui lembrado para aquela promoção que saiu na semana
passada? Esperava que com a minha experiência fosse o indicado.”
Neste momento ouviu-se um barulho diferente que vinha da rua. O
diretor pediu ao senhor “Marcha lenta” que verificasse do que se
tratava.
- "É uma fila enorme de caminhões que está passando aí na frente".
- "O que eles estão levando?
- "São caixotes".
E “Marcha Lenta” retorna à mesa do diretor. O diretor pergunta :
- "Caixotes com o que"?
“Marcha Lenta” vai à janela novamente e retornando diz:
- "Não dá para ver, estão fechados".
O diretor pergunta :
- "Para onde vão os caminhões"?
“Marcha Lenta”, mais uma vez, retorna à janela e diz:
- "Vão para a direção leste".
>>>
- "Acho que já posso dar uma resposta à sua pergunta. Aguarde aqui
na minha sala..." - diz o diretor.
O diretor chama o senhor “Olho Vivo” e pergunta-lhe:
- "Olho Vivo, por favor, tem um barulho aí na rua em frente. Veja o
que está acontecendo”.
Cinco minutos depois, Senhor “Olho Vivo” voltou ao diretor, falando
com firmeza:
- "São nove caminhões carregados de caixas com artefatos de ferro da
Cia Ferrobrás. Fazem parte de uma encomenda que a empresa está
mandando para São Paulo. Esta manhã passaram outros dez caminhões
com a mesma carga. O carregamento é consignado à firma XPTO Ltda.,
da cidade de Londrina, no Paraná ".
O diretor agradeceu ao Senhor “Olho Vivo”, o novo gerente promovido
recentemente, virou-se para “Marcha Lenta”, limitando-se a dizer-lhe
:
- Está respondido?
Maria Rita Gramigna é Mestre em Criatividade Total Aplicada pela
Universidade de Santiago de Compostela (Espanha). Graduada em
Pedagogia pela Universidade Federal de Minas Gerais e pós-graduada
em Administração de Recursos Humanos pela UNA – União de Negócios e
Administração (MG). Atua no Mapeamento de Competências, contatos
estratégicos com clientes, capacitação gerencial e treinamento da
equipe de consultores da MRG Consultoria e Treinamento Empresarial.