Atitude
Por Tom Coelho
21/04/2003
“A maior descoberta da minha geração é que qualquer ser humano pode
mudar de vida, mudando de atitude”. (William James)
Um novo emprego, um novo empreendimento, um novo relacionamento.
Independentemente de qual seja seu novo projeto, apenas mediante
atitudes renovadas será possível cultivar resultados diferenciados.
Afinal, se você trilhar o mesmo caminho, chegará apenas e tão
somente aos mesmos lugares.
Se você está em fase de transição – e normalmente estamos, mas não
nos apercebemos disso – aceite o convite para refletir sobre suas
atitudes. E corra o risco de não apenas ter idéias criativas e
inovadoras, mas também de livrar-se das antigas.
Componentes de uma Atitude
Atitudes são constatações, favoráveis ou desfavoráveis, em relação a
objetos, pessoas ou eventos. Uma atitude é formada por três
componentes: cognição, afeto e comportamento.
O plano cognitivo está relacionado ao conhecimento consciente de
determinado fato. O componente afetivo corresponde ao segmento
emocional ou sentimental de uma atitude. Finalmente, a vertente
comportamental está relacionada à intenção de comportar-se de
determinada maneira com relação a alguém, alguma coisa ou evento.
Para melhor compreensão, tomemos o exemplo a seguir. O ato de fumar
faz parte dos hábitos de muitas pessoas. Uns, têm o hábito de fumar;
outros, de criticar. E a pergunta que sempre se faz aos fumantes é o
motivo pelo qual não declinam desta prática mesmo estando cientes de
todos os males à saúde cientificamente comprovados.
Analisando este fato à luz dos três componentes de uma atitude
podemos atinar o que acontece. O fumante, via de regra, tem plena
consciência de que seu hábito é prejudicial à sua saúde. Ou seja, o
componente cognitivo está presente em sua atitude. Porém, como ele
não sente que esta prática esteja minando seu organismo, continua a
fumar. Até que um dia, uma pessoa próxima morre vitimada por um
enfisema. Ou, ainda, ele próprio, fumante, é internado com indícios
de problemas cardíacos decorrentes do fumo. Neste momento, está
aberta a porta para acessar o aspecto emocional: ele sente o mal a
que está se sujeitando e decide agir, mudando seu comportamento,
deixando de fumar.
As pessoas acham que atitude é ação. Todavia, atitude é
racionalizar, sentir e externar. A atitude não é um processo
exógeno. É algo interno, que deve ocorrer de dentro para fora. E
entre a conscientização e a ação, necessariamente deverá estar
presente o sentimento como elo de ligação. Ou você sente, ou não
muda...
Atitudes e Coerência
Atitudes, como valores, são adquiridos a partir de algumas
predisposições genéticas e muita carga fenotípica, oriunda do meio
em que vivemos. Moldamos nossas atitudes a partir daqueles com quem
convivemos, admiramos, respeitamos e até tememos. Assim,
reproduzimos muitas das atitudes de nossos pais, amigos, pessoas de
nosso círculo de relacionamento. E as atitudes são bastante
voláteis, motivo pelo qual a mídia costuma influenciar, ainda que
subliminarmente, as pessoas no que tange a hábitos de consumo. Das
calças boca de sino dos anos 70 aos óculos de Matrix nos dias
atuais, modas são criadas a todo instante.
As atitudes devem estar alinhadas com a coerência, ou acabam gerando
novos comportamentos. Tendemos a buscar uma coerência racional em
tudo o que fazemos. É por isso que muitas vezes mudamos o que
dizemos ou buscamos argumentar até o limite para justificar uma
determinada postura adotada. É um processo intrínseco. Se não houver
coerência, não haverá paz em nossa consciência e buscaremos um
estado de equilíbrio que poderá passar pelo auto-engano ou pela
dissonância cognitiva.
Iniciativa, Hesitação e Acabativa
Pessoas dotadas de uma atitude empreendedora, estejam à frente de
seus negócios como proprietários, acionistas ou colaboradores, têm
por princípio uma grande capacidade de iniciativa. Seja um problema
ou uma oportunidade, tomam conhecimento dos fatos, sentem a
necessidade de uma ação e assumem um comportamento pró-ativo para
solucionar o litígio ou aproveitar a condição favorável.
Estas pessoas conseguem combater o grande vilão da hesitação, este
inimigo sorrateiro que nos faz adiar projetos, cancelar
investimentos, protelar decisões. Ao combatermos a hesitação,
corremos mais riscos, podemos experimentar mais insucessos, mas
jamais ficaremos fadados à síndrome do “quase”, do benefício
indelével da dúvida do que poderia ter sido “se” a atitude tomada
fosse outra.
Porém, não basta apenas vencer a hesitação e tomar a iniciativa. O
verdadeiro empreendedor sabe que sem acabativa – um neologismo cada
vez mais aceito para identificar a capacidade de levar a termo uma
idéia ou projeto, próprio ou de outrem – não há sucesso. Sem
acabativa, não passamos de filósofos, teorizando, conjecturando.
Por isso, cultive a coragem. Coragem para refletir e se
conscientizar. Coragem para ter o coração e a mente abertos para
internalizar o autoconhecimento adquirido. Coragem para agir e mudar
se preciso for.
Tom Coelho, com graduação em Economia pela FEA/USP, Publicidade pela
ESPM/SP e especialização em Marketing pela MMS/SP, é empresário,
consultor, escritor e palestrante, Diretor da Infinity Consulting,
Diretor do Simb/Abrinq e Membro Executivo do NJE-Fiesp.