Aumento da Violência Urbana x Comportamento do Brasileiro
Por Eliane Pisani Leite
22/01/2009
O comportamento humano é algo muito rico a ser estudado.
Estava em férias lendo uma revista cientifica, quando me chamou a
atenção um comentário feito por um italiano que freqüenta o Brasil.
O texto dizia o seguinte:
“Visito este país há muitos anos e confesso que me surpreendeu o
fato de o brasileiro, como regra geral, baixar a cabeça diante dos
maus tratos e das explorações a que é submetido em todos os lugares
e situações. “Não tem jeito mesmo”, costumam argumentar os amigos
brasileiros com quem comento abismado, esse tipo de comportamento.
Na Itália, de onde venho, bem como na maioria dos países europeus, a
população não se deixa conduzir, não se deixa explorar com essa
passividade, não. É claro que nossos governantes e nossos poderosos
estão longe de ser santos. Mas quando alguma coisa podre deles é
descoberta e vem à tona, as pessoas saem às ruas, aos berros e não
sossegam enquanto justiça não for feita.
Peço desculpas se, como estrangeiro, crítico esse vício de
comportamento de tantos brasileiros. Mas o faço por amor a esta
terra, e é pela mesma razão que aconselho os brasileiros a por a
boca no trombone e gritar bem alto quando seus direitos não são
respeitados.
Como ensina até a Bíblia, no episódio das muralhas de Jericó, o
poder do grito é uma realidade e muitas vezes funciona quando se
quer fazer justiça.” Giuliano Ubaldi – Roma – Itália. Revista
Planeta – set 2007.
Infelizmente eu como estudiosa do comportamento humano tenho que
concordar 100% com o comentário deste Sr. Tenho ficado cada vez mais
indignada com o comportamento passivo do brasileiro. Como vivo em
São Paulo, me surpreendo com a passividade e timidez do paulista.
Com um perfil quieto, retraído, consumista e alguns até iludido.
Iludido porque acredita na novela, na mídia e em todo tipo de
bombardeio de informações que diz: “Ser feliz é ter...”; “Diga e
mostre quem é comprando...”.
Os temas chaves da mídia ilusória vêm sempre com palavras fortes
como: “Ser feliz é...”; “Amar é...”. Aí saímos nas ruas e vemos um
bando de pessoas idênticas.
Idênticas no sentido de não ter identidade original, pois se a moda
é carro prata, todos querem carro prata e assim por diante. Mas onde
entra a violência urbana nessa história. Ela entra quando toda a
população acredita que o meio de se comunicar é pelo consumo para se
igualarem, só que nessa história, percebemos que as pessoas estão
cada vez mais introspectivas e fechadas em seu mundinho, acreditando
que assim estão se protegendo e ao mesmo tempo se destacando, outra
ilusão. Os fatos mostram que esse isolamento urbano só vem a
favorecer a violência, pois o crime organizado se alimenta desse
silêncio, dessa estagnação, dessa falta de solidariedade da
população.
Quando as pessoas presenciam um assalto ou algo errado, o comum é
calarem-se, é óbvio que não devem enfrentar os criminosos, os
infratores, pois o risco pode ser grande, uma vez que geralmente
estão armados, porém o que observamos por aqui, é que quando um time
de futebol vence um campeonato, todos vão para as ruas, juntam-se e
comemoram, gritando, falando, gesticulando. Porque não fazemos o
mesmo para protestar quando algo errado acontece na cidade. Essa não
é apenas uma pergunta, é uma sugestão.
A polícia precisa saber que não está sozinha, que tem um exército a
seu favor, que é o exército da população em número de integrantes
muito, muito superior ao número de infratores. A população precisa
reaprender a ser solidaria para reivindicar seus direitos, para
exigir mais segurança que particularmente na cidade de São Paulo
está um caus. Não temos segurança nem dentro das próprias casas, não
existem leis e regras suficientes para inibir a ação de infratores
adultos e crianças no crime organizado.
A união da população é um comportamento que funciona, alguém já viu
infrator não ter grupo de apoio?
Nós cidadãos também temos que nos apoiar, não precisamos morrer de
amores pelos companheiros, mas temos que saber usar a inteligência
para grandes causas. Quando um começa o movimento, todos os outros
percebem a intenção e colaboram, assim os resultados logo acontecem.
A sociedade precisa colocar em pratica a inteligência social, quando
se isola perde pontos. Temos um Governo que muitas vezes em
discursos tem estimulado o preconceito social de classes e raças.
Isso pode render-lhes votos nas urnas, porém é uma política pobre
que só estimula a rivalidade de classes e procura igualar a todos
por baixo.
Todos almejam evoluir e desenvolver, que sejamos igualados pelo
melhor, pelo mais nobre, pelo mais educado, pela decência e moral,
pela dignidade, pelo correto e lógico.
Eliane Pisani Leite - Autora do livro: Pais EducAtivos - Pisicologia
Acupuntura Psicopedagogia - pisani.leite@terra.com.br