Autoconfiança é resultado da auto-estima
Por Rosemeire Zago
06/03/2010
O quanto você confia em si mesmo? Quantas situações, trabalhos,
pessoas, você não deixou passar simplesmente por não confiar mais em
si? Autoconfiança é importante para todas as pessoas, em todas as
áreas da vida, é uma questão de sobrevivência. A premissa básica é
que ninguém consegue transmitir confiança se não confia em si mesmo,
seja na relação afetiva, pessoal, profissional. Por exemplo, como
uma pessoa pode vender um produto se não confiar em si mesma?
Acredito que o diferencial é acreditar em si mesmo, o que irá se
refletir no seu produto e na empresa em que trabalha, o que irá com
certeza ser transmitido ao cliente. Como transmitir confiança na
relação afetiva, sem conflitos gerados pela insegurança, se não
confiar em si mesmo? Enfim, a confiança no outro depende muito da
confiança em si.
A insegurança, ou falta de confiança em si mesmo, pode trazer
algumas características como medo de amar, da mudança, de cometer
erros, da solidão, de assumir compromissos, responsabilidades, entre
outros. O inseguro não confia em seu valor pessoal, não acredita em
suas habilidades, nem em sua capacidade, o que o impulsiona a se
apoiar nos outros. Por não confiar em si, acaba por desenvolver a
dependência nos filhos, marido, esposa, amigos, colegas de trabalho,
etc. Em vez de se unir pelo amor, se une pela insegurança, o que o
faz controlar as atitudes, quando não os sentimentos do outro.
Controla e vigia em razão das dúvidas que tem sobre si mesmo,
criando cobranças, conflitos e muitas dificuldades em seu
relacionamento. É como se quisesse uma certeza daquilo que não
encontra dentro de si.
A falta de autoconfiança pode se manifestar em sentimentos de
incapacidade, impotência, e dúvidas paralisantes sobre si mesmo.
Quando questionado, abre mão com muita facilidade de suas opiniões,
mesmo quando são boas, deixando de expressar muitas vezes ideias
valiosas. Nunca possui certeza suficiente e quer sempre se
certificar das coisas e controlar as pessoas. É excessivamente
cauteloso e vigilante, desconfia de tudo e de todos, como reflexo de
falta de confiança em si mesmo. Quem não confia em si sente muita
dificuldade para enfrentar desafios, e cada fracasso, quando
acontece, confirma uma sensação de incompetência, trazendo muito
sofrimento. São pessoas indecisas, principalmente sob pressão.A
insegurança pode chegar a tal ponto de fazer com que a pessoa na
ânsia de ser amada, transforma a necessidade natural de amar em uma
necessidade patológica, doente, alcançada pela possessividade.
Autoconfiaça surge na infância
Mas quando começa a se formar a autoconfiança? Na infância. Pessoas
inseguras podem ter tido uma educação autoritária dada pelos pais,
que escolhem pelos filhos desde a roupa que vão usar, amigos,
profissão, não permitindo que a criança expresse suas próprias
opiniões e desejos. Educar, ensinar, colocar limites, todos sabemos
que são fatores importantes na educação, mas limitar o
desenvolvimento natural do outro, é torná-lo tão inseguro quanto uma
educação superprotetora. Em razão disso, desde crianças, passam a
utilizar uma máscara de “bonzinho” como meio de ser aceito,
reconhecido, aprovado, amado, mas dentro de si carregam uma enorme
insatisfação interior que pode explodir numa raiva inesperada contra
aqueles com quem convivem. O direito de decidir deve ser estimulado
desde a infância. Crianças crescem aprendendo que os outros devem
decidir por elas, depois quando se tornam adultos inseguros são
cobrados que tenham atitudes, opinião. Como lidar com conceitos tão
contraditótios?
Já as pessoas que confiam em si mesmas são decididas, sem serem
arrogantes ou defensivas, e se mantêm firmes em suas decisões;
apresentam-se de maneira segura, têm presença; são capazes de
expressar opiniões e se expor; são eficientes, capazes de enfrentar
desafios, dominar novos trabalhos e tomar decisões sensatas mesmo
sob pressão. Pessoas auconfiantes exalam carisma e inspiram
confiança nos que as rodeiam. A autoconfiança fornece a necessária
confiança para assumir principalmente a função de líder.
Excesso de autoconfiança gera problemas
Mas é preciso ficar atento entre demonstrar que confia em si e
realmente confiar. Como também a confiança em excesso pode ser um
problema, pois o excesso de autoconfiança pode gerar imprudência e
parecer arrogância, que é fruto da ignorância, muitas vezes de si
mesmo. Na verdade, pessoas que se mostram muito autoconfiantes,
geralmente ocultam um sentimento de inferioridade e insegurança.
Muitos buscam refúgio numa atividade intelectual e se colocam, por
exemplo, na posição de autoridade, como estratégia emocional para
ocultar o sentimento de inferioridade que muitas vezes sentem em seu
íntimo.
Aucoconfiança e autoestima
A autoconfiança é resultado da autoestima. A autoconfiança é um
termo usado para descrever como uma pessoa está segura em suas
próprias decisões e ações. Isto pode ser aplicado geralmente às
situações ou às tarefas específicas. É ter certeza sobre a
capacidade, valores e objetivos. A autoconfiança nunca é herdada; é
aprendida. A autoestima inclui a avaliação subjetiva que uma pessoa
faz de si mesma. É ter consciência de seus valores e só quando temos
essa consciência é que podemos confiar naquilo que somos capazes.
Mas para sabermos do que somos capazes é essencial o
autoconhecimento.
Inimigos da autoconfiança
Os maiores inimigos da autoconfiança são: a cobrança interna e
externa exagerada, o perfeccionismo, medo, a crítica, rigidez,
comparação, inveja, dúvida e também a necessidade de aprovação e
reconhecimento, pois tudo isso dificulta a mudança e o
desenvolvimento, seja profissional ou pessoal. O pensamento tipo não
consigo fazer é incapacitante. A autoconfiança é um atributo
importante porque a falta da opinião nas consequências de uma ação
cria tensão, que aumenta a probabilidade de fracasso, causando assim
uma pessoa depressiva.
Para elevar a autoconfiança é preciso perceber as emoções
Para elevar a autoconfiança é importante ter percepção emocional,
que significa reconhecer as próprias emoções. As pessoas com essa
percepção sabem que emoções estão sentindo e por quê; conseguem
relacionar seus sentimentos com o que pensam, fazem e dizem;
reconhecem como seus sentimentos afetam seu desempenho e aqueles com
quem trabalham e convivem; possuem uma percepção de seus valores e
objetivos. É igualmente importante fazer uma auto-avaliação precisa,
ou seja, reconhecer os próprios recursos, capacidades e limitações.
São pessoas conscientes de seus pontos fracos, capazes de reflexão,
aprendendo com sua experiência e com os erros, sem culpas; e mostram
mais abertas e flexíveis ao aprendizado, mudanças e
autodesenvolvimento.
Por que a autoconfiança está diretamente relacionada com o
autoconhecimento? Você confia em quem não conhece? O mesmo princípio
se aplica a cada um de nós. Não podemos confiar em nós mesmos sem
nos conhecermos. O autoconhecimento é importante para tudo na vida e
requer um constante exercício diário de reflexão. Quem não se
conhece não se ama, não muda, não se desenvolve, não cresce. Aquele
que não conhece a si mesmo dificilmente terá um bom relacionamento
com os outros, causando conflitos ao projetar no outro aquilo que
está dentro de si, mas nega.
O caminho mais indicado para elevar o autoconhecimento é o diálogo
interno. É isso mesmo, conversar consigo mesmo. As pessoas querem
falar, ser (ou serem?) ouvidas, mas não se ouvem. É preciso aprender
a ouvir a própria voz, que ora vem do coração, da alma, ou seja, das
suas emoções; ora de sua mente, de sua razão. Só quando ouvimos
razão e emoção conseguimos atingir o equilíbrio.
Rosemeire Zago é psicóloga clínica, com abordagem junguiana e
especialização em Psicossomática. Desenvolve o autoconhecimento
através de técnicas de relaxamento, interpretação de sonhos,
importância das coincidências significativas, mensagens e sinais na
vida de cada um, promovendo também o reencontro com a criança
interior. Email: r.zago@uol.com.br