Autoridade, Liderança e Conflitos de Chefias
Por Henrique Montserrat Fernandez
23/08/2007
Nossa espécie, o ser humano, é de animais que vivem em sociedade.
Toda a sociedade tem um líder (ex.: as abelhas têm a abelha rainha;
os lobos têm o líder da matilha etc.). Mas o líder não é qualquer
um.
A fim de atingir as metas, um líder influencia as atividades do
grupo. Esta influência lhe traz poder, que quando bem utilizado
torna-o cada vez mais, capaz de fazer com que os seguidores cumpram
suas tarefas. Essa é a autoridade que os comandados creditam a um
líder.
Contudo, para evitar problemas, faz-se necessário que os líderes
sejam únicos. Numa empresa, por exemplo, um funcionário deve ter
sempre apenas um chefe.
As chefias porém - diferentemente de uma matilha de lobos, onde o
mais forte é o líder - nem sempre estão capacitadas a serem líderes.
Muitas vezes não é o mais capaz que ocupa uma posição de chefia. É
quem detêm o cargo de chefia - ou mesmo o dono da empresa - quem
manda. Muitas vezes isso é perigoso para a organização.
Para que a liderança seja efetiva, o detentor do cargo de chefia
deve estar treinado para exercê-lo e, sempre que possível, contar
com o auxílio da área de Recursos Humanos da empresa (RH), que deve
funcionar como staff (assessoria) para o chefe, ajudando-o a gerir o
pessoal. Anteriormente, era a área de RH que centralizava a tomada
das decisões referentes às pessoas, ou seja, a chefia imediata
tratava do trabalho a ser feito, enquanto o RH se incumbia das
relações humanas. Isso causava conflitos internos e ia contra o
paradigma de haver apenas um chefe para cada funcionário.
Poderíamos crer que bastariam essas providências serem tomadas para
que se normalizassem as atividades referentes à gestão de pessoal.
Porém, nem sempre é possível fazer a distinção entre o que é
responsabilidade de linha (chefias diretas) e o que é
responsabilidade de staff. Os atritos, então, acabam ocorrendo
quando as chefias discordam das assessorias sobre quem tem a
autoridade para a tomada de decisões sobre o pessoal ou, terminam
por discordar que métodos utilizar nessa questão.
Esses e outros conflitos, inerentes ao trabalho societariado, ou
seja, que envolve mais de uma pessoa, têm como base a disputa do
poder dentro das organizações e dificulta sobremaneira atingir as
metas organizacionais colocadas pela alta administração.
Podem se tomar algumas medidas na empresa para minimizar essa
questão:
- Separar claramente, por escrito, as decisões sobre os recursos
humanos pelas quais as chefias de linha serão responsáveis, das que
serão de incumbência exclusiva do pessoal do RH.
- Treinar as chefias de linha nas questões de administração de
pessoal (ex.: liderança, incentivo).
- Treinar as chefias de linha e a assessoria de RH em como podem
trabalhar e tomar decisões conjuntas. Não há forma melhor de
realizar isso do que com o job rotation (rotação de atividades)
entre o pessoal, incluindo as chefias.
Uma coisa entretanto, precisa ficar bem clara para os
administradores e líderes: a empresa só funcionará se cada um souber
seu papel nela e mantiver o devido respeito por seus colaboradores e
pelas áreas adjacentes. Afinal, tal qual numa colmeia, todos tem de
trabalhar juntos para o sucesso da empreitada e portanto, não podem
se admitir ataques ao grupo.