Baixa autoestima é um dos motivos mais
frequentes de sofrimento
Por Rosemeire Zago
09/03/2010
É, sofremos por diversos motivos, mas o que todos querem mesmo é se
livrar de tudo aquilo que causa sofrimento. Não há como fazer isso
sem um mínimo de trabalho. É preciso identificar pelo que está
sofrendo. Você sabe pelo quê ou quem está sofrendo? Escreva sobre
isso. Depois de anotar tudo que tem lhe causado sofrimento, pense
sobre os prováveis motivos e escreva cada um deles.
Abaixo segue mais alguns motivos que causam sofrimento:
Não ter consciência do próprio valor. O que chamamos de baixa
autoestima. Esse é um dos motivos mais frequentes de conflitos. Quem
não tem consciência de seu valor como pessoa pode sentir
dificuldades em qualquer outra área. Podendo levar a acreditar que
não consegue nada na vida. Comece a pensar o que gerou sentir-se
assim. O que pode ter feito ou colaborado para não perceber seu
valor? Conhece alguém que perdeu o emprego e ficou em depressão ou
tentou se suicidar? Pois bem, isso pode ocorrer quando a pessoa só
reconhece seu valor perante o cargo que ocupa, o poder que exerce,
se perde isso, sente como se todo seu valor fosse perdido. É preciso
ter consciência do próprio valor independente do que se tem ou do
que se faz, mas valor como ser humano, independente de cargo, conta
bancária, poder, status.
Apesar de que todos sabem que nossa sociedade valoriza mesmo uma
pessoa por aquilo que possui em bens materiais e não pelos seus
valores enquanto pessoa. Precisamos aprender a olhar bem dentro de
nós mesmos e reconhecer nossos reais valores. Aquilo que temos de
bom dentro de nós, como solidariedade, amizade, cumplicidade, amor,
com certeza não há dinheiro que compre.
Sintomas de baixa-autoestima
Os sintomas de baixa autoestima são muitos, veja se os reconhece em
você:
- necessidade: aprovação (reconhecimento e agradar)
- dependência (financeira e emocional)
- não acredita em si mesmo: insegurança/timidez
- não se permite errar, perfeccionista
- sentimento de não ser capaz de realizar nada
- não acredita em nada, em ninguém, porque na verdade, não acredita
em si mesmo
- dúvidas constantes, duvida de seu próprio valor
- depressão
- ansiedade
- inveja
- medo
- raiva
- agressividade
- comodismo
- vergonha
- dificuldade em crescer profissionalmente
- sentimento de inferioridade
Como podemos perceber muitos fatores considerados como causas de
nossos sofrimentos nada mais são do que sintomas da falta de
consciência do valor que se tem. Como se livrar desses sintomas?
Não, não há receita pronta, há sim muito trabalho, começando a se
conhecer cada vez mais.
O autoconhecimento é o melhor caminho para elevar autoestima, pois à
medida que você se conhece, e começa a agir de modo coerente entre o
sentir, pensar e agir, começa também a se respeitar muito mais, não
permitindo que não te respeitem na mesma proporção. Com isso, começa
a se admirar e se amar. E aquilo que não gosta em si mesmo, aos
poucos pode mudar.
Nada é mais libertador do que ter consciência da pessoa maravilhosa
que você é! Perceba que seu valor enquanto pessoa não pode e nem
deve ser baseado na maneira como foi, ou ainda é tratado, ainda que
isso tenha durado toda sua vida. Não permita mais ser desrespeitado
ou maltratado. Todos temos potencial e capacidade de nos desenvolver
e mudar aquilo que nos faz sofrer. O que não gostamos e também não
gostam em nós, em geral, não fazem parte de nossa essência, o self,
o verdadeiro eu, mas sim das máscaras que um dia criamos para nos
defender. Essa sim é a verdadeira causa de nossos conflitos. Não,
não é nada fácil identificar quais são nossas máscaras, mas isso
pode ser obtido através do processo da psicoterapia que proporciona
o autoconhecimento.
As máscaras que criamos quando crianças, mesmo sendo um processo
inconsciente, automático, que se desenvolve como uma defesa contra
um mundo hostil, é o que verdadeiramente, quando adultos, torna tudo
muito difícil, criando conflitos nas relações e causando muito
sofrimento. Por isso que o autoconhecimento é imprescindível na
busca pela essência, seu verdadeiro eu, livre das máscaras. Por
exemplo, o orgulho, agressividade, arrogância, não fazem parte da
essência do ser humano, são máscaras criadas como defesas e que
depois podem se tornar fonte de muitos conflitos. Quanto mais nos
tornamos conscientes das máscaras que utilizamos, mais controle
obtemos sobre elas.
Complexo de inferioridade
Denominação criada por Alfred Adler (1870-1937), médico psiquiatra,
para designar sentimentos de insuficiência. Adler afirmava que todas
as crianças são profundamente afetadas por um sentimento de
inferioridade, que é uma consequência do tamanho da criança e de sua
falta de poder perante os adultos. O que desperta em sua alma um
desejo de crescer, de ficar tão forte quanto os outros, ou mais
forte ainda. Ele sugere que existem três situações na infância que
tendem a resultar no complexo de inferioridade:
- Inferioridade orgânica
Crianças que sofrem de doenças ou enfermidades com deficiências
físicas tendem a se isolar, por um sentimento de inferioridade ou
incapacidade de competir com sucesso com outras crianças.
- Crianças superprotegidas e mimadas: Essas crianças podem
desenvolver um sentimento de insegurança, por não sentirem confiança
em suas próprias habilidades, uma vez que os outros sempre fizeram
tudo por elas. O que também compromete a autoestima.
- Rejeição
Uma criança não desejada e rejeitada não conhece o amor e a
cooperação na família. Não sentem confiança em suas habilidades e
não se sentem dignas de receber amor e afeto dos outros. Quando
adultos, tendem a se tornar frios, duros, ou extremamente carentes e
dependentes da aprovação e reconhecimento de outras pessoas.
Não, ainda não terminou... será que conseguimos encontrar tantos
motivos que nos faz feliz como encontramos sobre o que nos faz
sofrer?...
Rosemeire Zago é psicóloga clínica, com abordagem junguiana e
especialização em Psicossomática. Desenvolve o autoconhecimento
através de técnicas de relaxamento, interpretação de sonhos,
importância das coincidências significativas, mensagens e sinais na
vida de cada um, promovendo também o reencontro com a criança
interior. Email: r.zago@uol.com.br