A Bioquímica da Afetividade
Por Jorge Antônio Monteiro de Lima
21/05/2008
Domingo assisti a um documentário interessante, passado na National
Geographic, acerca da bioquímica da paixão. Hormônios, muitos
hormônios, configurados numa região específica no cérebro, a posse
do prazer. Semelhante a um vício. Tão potente quanto o uso da
cocaína, quase que em total semelhança. Pesquisadores, especialmente
os Norte Americanos, mobilizando bilhões de dólares na tentativa
desembestada da ciência em dois processos distintos:
1) o primeiro de encontrar o ponto específico de cada atividade
cerebral.
2) o segundo de encontrar a substância que ative especificamente
esta região.
Os avanços e possibilidades deste tipo de ciência é ao mesmo tempo
interessante e, extremamente perigoso.
A cada dia se desbravam mais possibilidades, inclusive com o
surgimento de novas possibilidades terapêuticas. O reconhecimento de
funções bioquímicas, especialmente de determinados hormônios em sua
ação é algo sublime. A cada dia mais o funcionamento de nosso
cérebro e do sistema nervoso são mais desvelados. Com estes, o
crescimento e emprego de nova farmacologia.
Porém a ciência que se presta a atuar em uma política de isolar seu
objeto de estudo, na maior parte das vezes torna-se uma ciência
meramente acadêmica, sem uma função social específica. Isto por que
perde-se as relações dinâmicas de qualquer processo, a interação
entre as partes de um todo. O que é cômodo para a área acadêmica,
nem sempre é no campo prático.
A discussão da bioquímica da afetividade se mal interpretada pode
gerar inúmeros equívocos.
Um equívoco típico da visão científica isolada é a discussão da
hereditariedade da depressão. Muita gente passou a pregar em toda
sociedade que a depressão é uma doença incurável, por esta ter uma
ligação hereditária, o que é um erro, até por uma visão científica
simplista. Prevalência não significa fatalidade. A visão isolada
gerou um enorme problema para muitas pessoas. Todos demais aspectos
na etiologia da patologia, crises afetivas, outras patologias, crise
de identidade, desemprego, tudo descartado. Ciência?
A retirada de fatores psicodinâmicos, especialmente em patologias da
saúde mental é o mais grave erro. Até porque somente o uso de
medicação, de forma isolada, em um tratamento na maior parte dos
casos mostra-se insuficiente. A combinação entre medicação e uma
psicoterapia denota um excelente resultado no tratamento de todas
patologias da saúde mental.
Todavia, torna-se receoso quando observamos em um estudo que a
bioquímica da paixão foi isolada a um ponto específico do cérebro.
Tão explicada, cartesiana, linear a paixão científica que até ficou
sem graça. Aquele agente misterioso da vida, cheio de magia, de
questões inexplicadas, a nossa razão, de repente ali, está
totalmente racionalizada.
O tesão colocado apenas como um tsunami de hormônios. A paixão e o
interesse apenas como a bioquímica. Mas deixa, a roda da vida, prova
a verdade!!! Por mais que a ciência relute certas, coisas sempre
terão seus mistérios, querendo a academia ou não.
Jorge Antônio Monteiro de Lima é pesquisador em saúde mental,
Psicólogo e musico Consultor de Recursos Humanos Consultoria para
projetos de acessibilidade para pessoas com necessidades especiais
email: contato@olhosalma.com.br - site:www.olhosalma.com.br