Busque Autoconhecimento no dia-a-dia
Por Rosemeire Zago
09/05/2010
Era uma vez uma velha árvore chamada Jacarandá, que se sentia
infeliz, sem saber para onde ir, o que fazer, não sabia quem era e
do que era capaz. Sendo assim, foi perguntar a roseira o que devia
fazer, e esta lhe respondeu: 'Você deve dar rosas, de todas as cores
para colorir seu jardim, faça isso e será feliz". O Jacarandá
tentou, tentou e tentou, e não conseguiu dar rosas, com isso ficou
mais triste ainda e resolveu fazer a mesma pergunta para a macieira,
a qual lhe respondeu: 'Você deve dar maçãs, muitas maçãs vermelhas,
lindas, doces, para agradar a todos'. O Jacarandá tentou fazer o
sugerido, mas de novo não conseguiu, ficando mais triste ainda,
decepcionado e frustrado consigo mesmo, sentindo-se mais uma vez
incapaz. Afinal pediram-lhe para dar rosas e não conseguiu, pediram
para dar maçãs e também não conseguiu, sentindo-se assim a pior das
criaturas, totalmente incapaz de fazer o que esperavam que ele
fizesse.
Nesse momento surge a sábia coruja, que lhe diz: 'Nada disso, não
queira ser o que os outros esperam que seja, nem faça o que lhe
sugerem, mas seja você mesmo, dê sombra aos viajantes, abrigo aos
pássaros, valorize tudo aquilo que é capaz de fazer, valorize acima
de tudo seu próprio ser. Ouça sua voz interior, procure se conhecer
mais'. Dito isso, ela desapareceu, como se tivesse deixado sua
importante mensagem. O Jacarandá pensou e pensou: 'Ser eu mesmo, voz
interior, conhecer-me? Como farei isso, será que sou mesmo capaz de
fazer algo por mim?'. As dúvidas eram muitas.
Quantos de nós não fomos ou somos Jacarandás em algum momento de
nossas vidas? Quantos não são Jacarandás e não se permitem crescer?
Sempre que duvidamos de nossa capacidade, sempre que perguntamos a
outra pessoa o que devemos fazer, como devemos agir, o que devemos
sentir, nos permitimos ser aquilo que esperam de nós, e isso muitas
vezes, está distante de quem somos na verdade. É só reparamos o
quanto em nosso dia-a-dia nos deixamos contaminar com a opinião, e o
pior, com o julgamento dos outros, sem dizer no quanto deixamos de
nos respeitar e reclamamos quando fazem o mesmo conosco.
Infelizmente, poucas são as pessoas que se conhecem ou buscam elevar
seu autoconhecimento, acomodando-se em situações, evitando mudanças
ou conflitos, tudo para não desagradar a outras pessoas, sem se
importarem com o quanto estão sendo duras, para não dizer, cruéis,
consigo mesmas. Há pessoas que se punem diariamente e permitem que
suas vidas fiquem na mão dos outros. Isso geralmente acontece em
quem se sente inseguro, não acredita em si mesmo, nem na própria
capacidade. Ou ainda, nas pessoas que necessitam constantemente de
aprovação e reconhecimento.
É preciso entender que essa necessidade está quase sempre
relacionada com a necessidade em agradar aos outros, ainda que faça
isso sem perceber. Ao agir assim, não se percebe que se deixam
manipular por outras pessoas, fazendo sempre o que o outro quer e
raramente ouvindo a si mesmo e suas próprias necessidades. Ou seja,
estamos constantemente desvalorizando o que somos, e
supervalorizamos a opinião dos outros, sejam estes quais forem.
Para quem se sente como o Jacarandá é preciso ter consciência que
por mais que outras pessoas possam lhe dar respostas, elas estão
dentro de você! Mas existem momentos em que não acreditamos nisso,
nos sentimos tão sem valor que sequer podemos pensar em buscar
respostas dentro de nós mesmos e continuamos a buscá-las fora de
nós, o que quase sempre gera frustração, pois ninguém pode saber o
que é melhor para nós.
Sabemos o quanto é difícil em momentos de conflitos, tristeza,
perda, abandono, conseguir ouvir ou identificar o que sentimos, mas
se fizermos um esforço, mantendo o diálogo interno, conversando
muito consigo mesmo, aos poucos conseguimos nos ouvir. Como fazer
isso? Pergunte-se todos os dias: 'O que estou sentindo?' E não
desista até que ouça a resposta. No começo irá sentir um pouco de
dificuldade, mas se insistir, perceberá que as respostas começarão a
surgir. Se você consegue conversar com outra pessoa, por qual motivo
não irá conseguir conversar consigo mesmo?
Ao ouvir-se mais, com certeza perceberá que só depende de você mudar
a situação em que se encontra, pois enquanto buscar as respostas em
terceiros, mas distante ficará de si e de seus sentimentos. E é isso
que gera conflitos. Aproxime-se de você, permita-se se ouvir um
pouco mais, respeite seus sentimentos e aprenda a lidar com eles.
Por tudo isso, reflita, medite e pense: 'Não permita que nada, nem
ninguém, incluindo você mesmo, impeça que descubra toda a essência
maravilhosa de seu ser: SEJA VOCÊ MESMO'!
Rosemeire Zago é psicóloga clínica, com abordagem junguiana e
especialização em Psicossomática. Desenvolve o autoconhecimento
através de técnicas de relaxamento, interpretação de sonhos,
importância das coincidências significativas, mensagens e sinais na
vida de cada um, promovendo também o reencontro com a criança
interior. Email: r.zago@uol.com.br