O CHA da Competência
Por Bruno Soalheiro
10/06/2008
Um dos assuntos mais discutidos recentemente no mundo do trabalho
diz respeito ao conceito de competência. Entretanto, a descrição
exata deste conceito nem sempre foi unanimidade entre pensadores e
gestores, pois como se trata de uma característica do comportamento
humano, não é tão simples assim se chegar a critérios claros que
permitam comparações válidas entre diferentes pessoas.
Mas gostaria de compartilhar com você uma interessante e atual
“leitura” sobre o assunto, que diz respeito ao conceito de
competência como vêm sendo cada vez mais interpretado pelas empresas
de hoje, e que, ao que parece, veio para ficar. É a concepção
expressa a partir do ideograma CHA. Este ideograma “CHA”, que serve
para designar (Conhecimento, Habilidade e Atitude) é uma maneira de
se procurar definir o sentido de competência a partir de um
referencial no qual ela possa ser mensurada, e até mesmo comparada a
padrões internacionais. E é um dos modelos mais atuais com o quais
as melhores empresas trabalham hoje para avaliar seus colaboradores.
O C significa conhecimento sobre um determinado assunto. Diz
respeito à pessoa dominar um determinado Know-how a respeito de algo
que tenha valor para empresa e para ela mesma. É o saber.
O H significa habilidade para produzir resultados com o conhecimento
que se possui. Diz respeito à pessoa conseguir fazer algum uso real
do conhecimento que têm, produzindo algo efetivamente. É o saber
fazer.
O A significa atitude assertiva e pró ativa- iniciativa. Diz
respeito ao indivíduo não esperar as coisas acontecerem ou alguém
ter que dar ordens, e fazer o que percebe que deve ser feito por
conta própria. É o querer fazer.
A grande diferença desta visão, é que antes, a noção de competência
era associada principalmente ao domínio de um determinado
conhecimento. Logo, segundo esta noção, alguém que dominava muito
bem algum assunto era chamado de competente. Então quem saía da
universidade “sabendo” muita coisa, ou era um profissional “muito
estudioso” era considerada uma pessoa de muita competência. Era...
Porque hoje não é mais.
Segundo a concepção atual, alguém pode ser considerado bastante
incompetente mesmo que domine muito bem um assunto, se não tiver a
habilidade e a atitude para produzir resultados com isso. É o caso
daquele leu mil livros, mas não consegue realizar um trabalho
sequer.
Da mesma forma, alguém entusiasmado e cheio de atitude pode ser um
grande incompetente se não dominar os conhecimentos necessários e a
habilidade a um bom desempenho de seu trabalho. É aquele indivíduo
cheio de planos e energia, que acaba se dando mal por não saber
muito bem “o que” e “como fazer”.
Como vemos, este é um conceito muito mais “completo”, que envolve-
como já disse Eugênio Mussak, em seu ótimo livro “Metacompetência” -
saber, saber fazer, e querer fazer. E é a partir deste novo
referencial que tanto as empresas quanto o mercado de trabalho em
geral estarão avaliando a competência dos profissionais neste início
de século.
A maior dificuldade das organizações, no entanto, tem sido em
relação à “atitude”. Isso porque não se pode ensinar alguém a ter
atitude através da transmissão de informações simplesmente. É
preciso criar todo um contexto motivacional que envolva as pessoas e
faça com que realmente se empenhem nas tarefas que tem a realizar. O
que se constitui num dos principais desafios da gestão de pessoas na
atualidade.
E quanto ao profissional, considero importante levar em conta que,
mesmo que não esteja (ou não pretenda estar), em alguma empresa,
como empregado - no caso de preferir atuar como autônomo- é
imprescindível entender este conceito e, na medida do possível,
balizar sua atuação em relação a ele.
Tenha em mente que você apenas será competente em alguma coisa a
partir do momento em que dominar bem o conhecimento a respeito dela,
for capaz de aplicar este conhecimento para produzir algum
resultado, e principalmente, tiver a atitude necessária para
realmente fazer isso acontecer.
É isso que o mercado busca hoje- dentro ou fora das empresas.
Bruno Soalheiro é Psicólogo, palestrante e consultor em
desenvolvimento humano.