Climatério
Por Dr. Wagner Paulon
24/12/2009
No Climatério os hormônios das mulheres atenuam, invertendo boa
parte dos processos que se estão desenrolando em suas fibras. Ao
passar dos anos, já na fase do envelhecimento, os ovários produzem
menor porção de hormônios, nosso sistema circulatório fica vagaroso
e nossos vasos sangüíneos perdem um pouco de tono. No momento
oportuno, outras glândulas tentam suprir com seu trabalho a avaria
dos hormônios sexuais.
Em determinadas mulheres, o remanejamento da fabricação hormonal tem
área gradualmente e de modo suave; em outras, o período de adaptação
é bem mais turbulento. O fluxo aumentado de adrenalina causa "ondas
de calor" e põe em ação o sistema de alarme do corpo: o pulso, a
pressão sangüínea e os batimentos cardíacos aumentam; a respiração
se acelera; a boca fica seca; e o coração martela. Um certo numero
de mulheres ficam intrigadas por se sentirem alarmadas sem nenhuma
razão para isso. No entanto, há de fato um motivo — seu corpo está
sentindo o efeito de um excesso de adrenalina, embora tal fato não
seja causado por ameaça externa.
Protestamos a essas alterações em nosso corpo de acordo com nossos
argumentos individuais, familiares e culturais. Em algumas
sociedades onde as mulheres morrem algum tempo após terem deixado de
ser férteis, elas antecipam a morte iminente. Bastante dos nossos
argumentos mais tradicionais oferecem pouca orientação para esses
anos, uma vez que a meia-idade era caracterizada em ser o fim da
vida. As noções culturais existentes ainda não se atualizaram com
relação à nova duração do período de existência.
Determinadas mensagens típicas do argumento incluem em nosso país:
"Quando Mamãe passou por 'isso', ela quase morreu. Apresentou um
esgotamento nervoso, tornou-se intratável, tentou suicidar-se e
parou de se preocupar com o que quer que fosse." "A menopausa é
horrível. É o fim da estrada." "Quando a gente não é mais fértil,
ninguém nos quer. Não somos mais mulheres." "As mulheres na nossa
família nunca se preocuparam com isso. Simplesmente deixaram de
menstruar por volta dos cinqüenta, e só."
Em sua maioria, os tecidos dos seios e da vagina se alteram de fato
com a ausência dos hormônios. Retraem e ressecam. Os tecidos da pele
se deformam e os ossos se tornam frágeis. A relação sexual pode
tornar-se penosa, a não ser que sejam usados lubrificantes para dar
mais conforto durante o processo. Os hormônios artificiais (pílulas
anticoncepcionais) também podem ser ingeridos por mulheres para
retardar tais mudanças. Os hormônios citados são poderosos e têm
efeitos secundários semelhantes aos da gravidez.
A alteração do quadro hormonal nos homens é bem diferente do das
mulheres e não passam pela mesma experiência dramática, nem
experimentam a interrupção de funcionamento de um processo
fisiológico. Prosseguem a produzir espermatozóides por muitos anos
ainda. Por fim, o número de espermatozóides diminui à medida que
envelhecem, mas não passam por alterações físicas abruptas. O vigor
sexual está relacionado para eles mais com saúde física e atitude
mental do que com fertilidade. Os homens cujos argumentos indicam um
decréscimo do interesse sexual nessa fase podem realmente vir a
sentir-se assim — mas não é necessário que seja dessa maneira.
Os homens que igualam virilidade com desempenho podem vir a
confundir aposentadoria em termos profissionais com aposentadoria
sexual; na verdade, não há vinculação biológica. O modo de continuar
a ter uma existência sexual ativa é continuar a ter uma vida sexual
atuante.