Com que Roupa eu vou?
Por Rogerio Martins
01/04/2008
Duas perguntas são freqüentes nos seminários que apresento sobre
Marketing Pessoal por todo o Brasil:
A primeira imagem é a que fica?
Qual a melhor roupa para eu usar no trabalho?
Para responder às duas perguntas vou contar uma história que nos foi
relatada por uma das participantes destes seminários.
Rita buscava um novo emprego há mais de quatro meses. Naquele
momento trabalhava no departamento de informática de uma empresa de
grande porte, mas não percebia perspectivas de crescimento
profissional. Isto a desmotivava. Rita enviou diversos currículos,
porém poucas foram as ofertas realmente interessantes.
Como o costume vigente na empresa para o vestuário era de
sobriedade, Rita usava tailleurs e conjuntos clássicos, maquilagem
leve (batom claro, rímel nos olhos), saias sempre na altura dos
joelhos, acessórios elegantes e discretos, e blusas que compunham o
visual com classe e credibilidade. Todos os colegas a viam como uma
pessoa competente.
Numa sexta-feira Rita recebeu uma ligação logo pela manhã. A gerente
de Recursos Humanos de uma empresa multinacional ligou para agendar
uma entrevista para aquele mesmo dia.
“Não poderia ser outro?” – perguntou Rita a si mesma.
A empresa em que trabalhava tinha instituído o “ casual day ” às
sextas-feiras havia dois meses. Como Rita trabalhava internamente
sem visitar clientes externos, também aderiu àquela prática com
entusiasmo.
Neste dia, por conta do “ casual day ”, Rita estava com uma calça
jeans , sapatos baixos ao estilo dockside e uma blusa com estampa
floral. Tudo perfeitamente adequado para o ambiente casuístico da
organização naquele dia.
Rita sabia que se comparecesse vestida daquela forma logo na
primeira entrevista transmitiria uma primeira impressão de descaso,
desleixo e até de incompetência. Se fosse para casa trocar de roupa
iria se atrasar. Conseqüentemente, também prejudicaria sua imagem
diante de uma empresa que a interessava muito.
“E agora, o que fazer?” – pensou novamente naquela fração de minuto.
- Podemos agendar para outro dia? – perguntou desconcertada.
- Não! - respondeu enfaticamente a gerente de Recursos Humanos -
estamos concluindo o processo seletivo e seu currículo foi muito bem
indicado, por isso estamos abrindo esta exceção para entrevistá-la
hoje – continuou.
Aqui cabe uma pausa para reflexão: o que você faria no lugar de
Rita? Coloque-se na posição dela e imagine sua reação. Era uma
oportunidade que poderia mudar sua vida profissional. Não sabemos
como são os valores desta empresa e do entrevistador quanto à
apresentação pessoal, ou melhor, quanto à vestimenta adequada para
aquele novo ambiente. Também não temos noção de como a gerente de
Recursos Humanos reagiria se houvesse um atraso para a entrevista.
Muitas dúvidas? Ótimo, pois não há uma resposta pronta, mas diversas
formas de abordar esta mesma situação. Vou apresentar duas. Uma que
foi a escolhida pela nossa “heroína” e outra que ilustrarei como
alternativa. Cabe a você, leitor, analisar ambas e sentir qual tem a
ver com seu perfil. Se possível, pense em outras respostas, mas
sempre lembrando que uma primeira imagem bem sucedida abre muitas
portas. Uma impressão ruim logo de início é muito mais difícil de
ser revertida. Portanto, a primeira impressão pode não ser a que
fica, mas marca profundamente a ponto de favorecer ou prejudicar o
alcance de seus objetivos.
Vemos isto ocorrer em nosso cotidiano com políticos, artistas,
empresários, atletas renomados e também com pessoas de nosso
convívio diário. Quantas destas pessoas tiveram suas carreiras
afetadas por uma imagem negativa causada logo no primeiro contato?
Uma exposição infeliz pode acarretar sérios danos na imagem que
pretendemos construir ao longo de nossa carreira profissional.
Voltando ao nosso caso, Rita tomou a seguinte decisão: passou em um
shopping center próximo do trabalho e comprou roupas novas e
adequadas à entrevista. Chegou no horário marcado e com uma
apresentação pessoal mais sóbria. Isto reforçou sua confiança no
momento da entrevista, a ponto dela comentar com a entrevistadora
sobre a situação que passou ao final do processo. Este comentário
rendeu-lhe uma boa impressão perante a gerente, pois demonstrou jogo
de cintura, capacidade para resolver situações inesperadas e
criatividade. Aliados ao seu excelente currículo, estas
características fizeram com que Rita conseguisse o emprego e sua
história serve de benchmarking para todos nós.
Mas você deve estar se perguntando: muito bem, mas se não houver um
shopping center aqui por perto ou condições financeiras para arcar
com esta compra? O que pode ser feito?
É aí que apresento uma alternativa. Sabemos que agendar para outro
dia é impossível. Atrasar-se logo no primeiro contato é totalmente
descartável. Uma das possibilidades é falar com o entrevistador
ainda pelo telefone e explicar a situação. Com isto você evita
chegar na entrevista de forma a causar uma surpresa para a outra
pessoa. Garante também que você conhece a importância da
apresentação pessoal e respeita os valores daquela organização. É
possível transmitir uma boa impressão já ao telefone. Para isto
trate o caso com naturalidade, demonstrando interesse, disposição e
segurança. Como? Bem, isto é assunto para outro artigo.
Para concluir, lembro a famosa frase de Vinícius de Moraes: “as
feias que me desculpem, mas beleza é fundamental”. No nosso caso
faço uma importante alteração para complementar a resposta às
questões iniciais: “os despreocupados com a aparência que me
desculpem, mas apresentação pessoal é fundamental.”
Rogerio Martins é Psicólogo, Consultor de Empresas e Palestrante.
Especialista em Liderança e Motivação. Sócio-Diretor da Persona
Consultoria & Eventos. Autor do livro "Reflexões do Mundo
Corporativo". Membro do Rotary Club de SP Santana (Distrito 4.430).
Contato: artigos@personaconsultoria.com.br /
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