Como desenvolver nossa auto-estima
Por Sirley Bittú
09/07/2004
Quando somos crianças necessitamos da opinião de nossos pais (ou
daqueles que desempenham esse papel) para nos sentirmos confirmados
no mundo, aceitos e normais, tanto perante os outros, como perante
nós mesmos. Conforme vamos crescendo, a opinião de outras pessoas a
respeito de nossas idéias e atitudes também se torna importante,
afinal, somos seres sociais.
É nessa relação entre nosso mundo interno e o mundo externo que
desenvolvemos nossa auto-imagem. O esperado é que gradativamente
essa imagem possa ser checada com nossa própria avaliação de nossos
potenciais e de nossos limites, a partir de uma percepção mais
assertiva e cuidadosa de nossas verdades.
A auto-estima é um processo dinâmico que se inicia na infância e
continua vivo durante toda a vida. É base significativa de toda
nossa estrutura emocional, por isso é tão importante entender e
tratar essa questão.
Durante nosso desenvolvimento, aprendemos a nos relacionar
afetivamente a exemplo das relações que vivenciamos durante nossa
vida. Sabemos que temos um pouco de nossos pais e das figuras
afetivas que nos acompanharam em nossa infância e que estes serão
por muito tempo nossos modelos e nossas referências. A família é
nosso primeiro grupo social e nos fornece os parâmetros que
necessitamos para nos relacionar socialmente. Construímos com essas
vivências nosso brasão pessoal, permeado por mitos e verdades sobre
nós mesmos e sobre o mundo. Nosso autovalor é formado ao longo do
tempo, desde muito cedo, através da confirmação - ou não - de nossas
atitudes, nosso comportamento, nossos desejos e nossas escolhas.
Durante nossa infância precisamos ser confirmados, ou, poderíamos
dizer melhor, alimentados, pelo amor incondicional, recebido
geralmente de nossos pais. Desta forma abrimos espaço para a
segurança interna, a autoconfiança e conseqüentemente a autonomia e
a independência. Para isso a qualidade da relação afetiva
estabelecida com nossos pais faz muita diferença, tendo papel
fundamental na confiança que temos nesse feedback.
O amor incondicional traz consigo a aceitação do outro e de seu
pacote completo, com todos os seus defeitos e qualidades, mas o
limite entre aceitação plena e a permissividade torna-se tênue e
muitas vezes de difícil entendimento. Para exemplificar, vamos
imaginar alguns pais que no difícil exercício do educar, erram pelo
excesso, oferecem tudo sem pedir nada em troca, não ensinam o
advento da gratidão. Como resultado podem dar origem a pequenos
tiranos, crianças egocêntricas e prepotentes, que fatalmente
sofrerão para entender que o mundo é maior que a extensão de sua
casa. Outro engano comum no entendimento do amor incondicional é a
ausência de limites. Alguns pais simplesmente não conseguem colocar
limite, muitas vezes por medo de frustrar a criança e com isso
perder seu amor, deste modo dão a criança uma idéia equivocada de
que tudo lhe é possível e permitido. O que muitos desconhecem é que
o limite utilizado como parâmetro e não como simples cerceamento, é
extremamente importante para o desenvolvimento da noção de respeito,
pois tem papel essencial para ajudar a criança a perceber suas
características próprias, dificuldades, seu potencial, sua
existência e a existência do outro.
Durante a adolescência a confirmação ainda é buscada fora de si, no
amigo, nos grupos, nos iguais; é a idade dos ídolos, das modas e do
papo cabeça. Cada pessoa vivencia essa fase a seu modo, variando
conforme sua história de vida e sua personalidade.
Desta forma vamos aprendendo como somos importantes para o mundo e
descobrindo nosso valor pessoal. Algumas vezes esse processo não
ocorre como esperado, surgindo daí crianças, adolescentes e adultos
inseguros, insatisfeitos e muitas vezes rancorosos com maior ou
menor estima por si e pelos outros.
Uma das formas de reparar a baixa auto-estima, é buscar através do
processo de aprofundamento seu autoconhecimento (psicoterapia),
desenvolver um outro olhar sobre si mesmo, muitas vezes um primeiro
olhar positivo sem préconceitos, num processo de revelação de suas
características; aprendendo a fazê-las trabalhar a seu favor,
descobrindo desta forma, quem realmente somos, quais os desejos,
medos, necessidades, potenciais enfim, sua singularidade.
Olhando as qualidades e os defeitos que possui e aprendendo a
aceitá-los, você estará topando o pacote completo, chegando mais
perto do humano, revendo sua autocrítica e perdoando-se por ser
genuinamente imperfeito.
Psicodramatista Didata Supervisora
Terapeuta em EMDR pelo EMDR Institute/EUA
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Email: sirley.regina@terra.com.br