Como se comporta um portador de esclerose múltipla
Por Rosemeire Zago
06/06/2010
Meditação e relaxamento ajudam no tratamento da esclerose múltipla
No artigo anterior (clique aqui e leia) abordei o assunto da
esclerose múltipla, seus sintomas e algumas informações gerais para
que a pessoa tenha uma noção do que seja, sem me atrever a entrar na
área da neurologia, mas para incentivar com que as pessoas busquem
mais informações na literatura ou com seu médico de confiança e
principalmente entendam o seu significado simbólico.
Agora abordarei a psicossomática, cuja bibliografia está no pé da
página, onde podem ser encontradas explicações não só da E.M., mas
de outras doenças sob a visão da psicossomática.
Para a psicossomática a E.M. é considerada uma doença auto-imune, ou
seja, a própria pessoa busca, inconscientemente, se punir ou se
destruir. Para entender isso, é preciso lembrar que o inconsciente
transmite suas mensagens seja através dos sonhos e/ou do corpo e que
sua linguagem é simbólica.
O que pode fazer uma pessoa querer se destruir? Lembre-se que
estamos falando de conteúdos inconscientes, e este busca sempre o
aprendizado e o crescimento, independente do caminho. Sugiro que
cada um faça uma análise profunda sobre cada um de seus sintomas e
considere que a interpretação feita aqui, é uma hipótese do que o
inconsciente deseja mostrar.
Todos os sintomas geralmente estão relacionados com o histórico de
vida de cada um e creio que entendendo a origem de seus sintomas e,
relacionado-os com seu jeito de ser, é possível se tornar um ser
ativo para maior entendimento, aceitação e melhor qualidade de vida.
O objetivo do inconsciente é fazer com que a pessoa entenda os
motivos de seus sintomas e que eles provoquem uma mudança no padrão
de comportamento. Entendido isso, muita coisa pode mudar.
Vamos a interpretação de alguns dos sintomas da E.M:
A deficiência de forças, que chega a surtos de paralisia nos dedos
dos pés e das mãos, mostra que falta força para tomar nas mãos a
própria vida. A situação interna sentida como paralisada,
corresponde aos surtos de paralisia. Ainda pode acontecer das pernas
ficarem paralisadas, mostrando que quando não se pode mais sair
correndo pelo mundo, correr para todos, "andar para dentro" é a
possibilidade que permanece aberta, com opções infinitas de
aprendizado.
O cansaço paralisante que surge, em muitos casos se adapta
igualmente a esse quadro. Algumas pessoas chegam a dormir até 16
horas. A recusa em viver demonstra que já se desistiu do curso da
vida. Costuma-se dizer que cansaço não é doença, mas essa forma que
consome a vida vai muito além do cansaço resultante do desgaste de
energia. Tudo se torna tão fatigante que até mesmo coisas
insignificantes, como pegar uma faca de cozinha, deixam os
portadores da E.M. extremamente cansados. Tais pesos denotam uma
carga que evidencia que a insatisfação com a vida foi forçada para o
corpo. É como se houvesse um furo por onde a energia escorre, pois
todas as energias são utilizadas na luta contra si mesmo, de modo
que sobra pouco para a vida externa.
Outro sintoma afeta a bexiga, órgão com o qual nos aliviamos, mas
que também podemos pressionar. Alguns não conseguem reter a urina, e
a bexiga a deixa escapar. O sintoma força um retorno à situação da
primeira infância. As lágrimas não choradas acima são choradas por
baixo, onde ninguém pode notar. Outros podem se tornar extremamente
chorosos.
Qualquer situação pode liberar o fluxo estancado por tanto tempo e
provocar um banho de lágrimas, mostrando ao portador como ele
deveria ter chorado. O sintoma está relacionado com a necessidade de
soltar, aliviar, que é necessário, mas também sentido de maneira
dolorosa. É preciso em vez de reserva e retirada, mais consideração
por si mesmo.
Há ainda os problemas de linguagem, onde para eles 'faltam
palavras', como se estivessem 'sem fala'. O que pode demonstrar uma
clara perturbação interna, não conseguindo transmitir as informações
que desejam, como se não tivessem mais o controle que tanto
necessitam.
Outros ainda podem ser afetados na visão, como se só quisessem ver,
inconscientemente, metade da realidade, ou como no caso da visão
dupla, dá a entender que se tenta viver em dois mundos
incompatíveis, o mundo das próprias necessidades e o das exigências
do meio ambiente.
A estrutura da personalidade, com desejo de controlar e planejar
tudo com antecedência, mostra através dos sintomas o quanto isso se
torna difícil e angustiante. A rigidez e as concepções fixas
contrastam com a tendência de fazer justiça a tudo. Com isso,
negligenciam suas próprias necessidades, podendo os tornar
internamente irados. Incapazes de impor-se e externar agressões,
eles a dirigem para dentro, contra si mesmos, o que explica a doença
como auto-imune.
A tarefa não pode estar em mais entrega às exigências do meio
ambiente, mas em primeiro lugar em uma entrega às próprias
necessidades. O endurecimento e a rigidez que são características
comuns dos portadores da E.M., mostram ainda o quanto é necessário
buscar a flexibilidade, soltar, aliviar, relaxar e não mais
controlar e querer fazer tudo, sobrecarregando mente e corpo.
Os próprios sentimentos, sonhos, e seu espaço vital tornam-se tarefa
de vida, como tocar e sentir o mundo interno que muitas vezes foi
negligenciado. A auto-reflexão de cada sintoma pode fazer com que
cada portador supere muitos de seus próprios preconceitos e limites
e perceba o aprendizado que se pode, e deve-se, aprender com a E.M.
Outra técnica que pode ajudar qualquer pessoa portadora de uma
doença é o relaxamento e a meditação, cujo objetivo é transmitir
afirmações positivas para o inconsciente. Há livros que já vêm com
CD para que você possa se beneficiar dessa técnica. Os livros
indicados sobre o assunto também se encontram no final.
Abaixo segue algumas perguntas que se encontram mais completas na
indicação bibliográfica, para quem deseja se aprofundar no assunto.
Faça a si mesmo as perguntas abaixo e responda honestamente a si
mesmo como forma de buscar um maior entendimento da expressão
simbólica da EM:
1. Por que sou tão duro comigo mesmo e julgo tão duramente os outros
e mesmo assim tento fazer tudo certo para eles?
2. Onde eu tento controlar meu meio ambiente ou a mim mesmo sem
estar em condições de fazê-lo?
3. Como poderia aliviar a minha vida? Onde poderia ter mais
paciência comigo mesmo?
4. O que me impede de participar da vida? O que leva que eu me
desligue?
5. O que me estressa e quais exigências exageradas faço a mim mesmo?
6. Em que medida dirijo minha energia principal conta mim mesmo?
7. Por que alimento expectativas em lugar de escutar a mim mesmo?
As respostas a estas perguntas poderão trazer muita luz até onde era
apenas escuridão. Uma doença pode, sim, trazer muito sofrimento, mas
se você se esforçar, poderá ter um aprendizado que sem ela você não
obteria.
Rosemeire Zago é psicóloga clínica, com abordagem junguiana e
especialização em Psicossomática. Desenvolve o autoconhecimento
através de técnicas de relaxamento, interpretação de sonhos,
importância das coincidências significativas, mensagens e sinais na
vida de cada um, promovendo também o reencontro com a criança
interior. Email: r.zago@uol.com.br