Competências Essenciais e Transversais
Por Bruno Soalheiro
10/06/2008
Todos os anos milhares de jovens se graduam no ensino superior
passando a enfrentar o desafio de se colocarem ativamente no mercado
de trabalho, e infelizmente o que percebemos é que parte
considerável deles, em pouco tempo, acaba se “encaixando” em alguma
área diferente daquela na qual se formou ou mesmo ficando paralisada
frente à multiplicidade de desafios do mundo atual.
Na verdade grande parte deste desencontro ocorre pela falta de
alinhamento entre aquilo que se aprende na universidade e aquilo que
se busca na “vida real”. O avanço da competitividade no mundo das
organizações tem feito com que o profissional necessite ser
competente em muito mais áreas do que aquela na qual se graduou.
O resultado disso é que vemos por aí odontólogos que sabem muito bem
obturar ou mesmo implantar um dente, químicos que entendem
profundamente suas fórmulas, advogados que conhecem muito bem as
leis que estudaram, psicólogos que compreendem as complexas teorias
do comportamento, engenheiros que fazem seus cálculos com extrema
exatidão, mas, em grande parte pessoas que não fazem a mínima idéia
de como oferecer seus serviços ao mercado, nem mesmo conseguem
transformar o conhecimento que possuem em algo que traga algum
retorno efetivo, tanto profissional como pessoal.
Isto se dá porque muitos ainda pensam que as competências
específicas que aprenderam em sua disciplina são suficientes para
torná-los competitivos. Não são!
Qualquer profissional hoje, por melhor que seja em desempenhar seu
papel técnico e executar aquilo para o que foi preparado na
universidade, irá enfrentar enormes dificuldades de se inserir e se
manter no mercado se não for capaz de desenvolver uma série de
“competências transversais” que servirão de apoio e ponte entre o
conhecimento técnico e o mercado na prática.
Por competências transversais, neste caso, podemos entender uma
série de conhecimentos, habilidades e atitudes que, somadas ao
conhecimento técnico essencial da área, poderão fazer com que o
profissional se torne competitivo no mercado de hoje. Entre elas
podemos colocar a habilidade de fazer marketing pessoal, a
flexibilidade, a inteligência emocional, a pró-atividade, a
capacidade de boa comunicação escrita e falada, a tolerância a
realidades incertas e não lineares, o planejamento, a gestão, a
liderança e uma série de outras competências que não são formalmente
ensinadas na universidade.
Tais competências adicionais não seriam tão imprescindíveis há até
duas décadas atrás, em que as relações de emprego eram mais estáveis
e a competitividade não havia atingido os patamares quase absurdos
de hoje. Em um mundo mais estável, linear e menos caótico ainda
havia lugar para aqueles que apenas dessem conta de apresentar um
bom desempenho técnico em sua área específica. Não há mais!
Sendo assim, a sugestão que fica aos que em breve irão se graduar e
mesmo aos profissionais que já estejam no mercado e ainda não tenham
alcançado o lugar desejado, é prestar bastante atenção nestas
complementaridades e, na medida do possível, buscar agregá-las a seu
“kit de ferramentas”.
Felizmente, hoje o aceso à informação é muito simples e barato, e
qualquer pessoa com um mínimo de disposição pode rapidamente tomar
conhecimento sobre este “plus” que o mercado de trabalho exige em
sua área. O jogo se tornou mais rápido, mais complexo e menos
previsível, e os jogadores agora terão que treinar muito mais e
desenvolver as mais inusitadas habilidades se quiserem permanecer em
campo até o final do campeonato, que, para dizer a verdade, é um
campeonato sem fim!
Boa sorte!
Bruno Soalheiro é Psicólogo, palestrante e consultor em
desenvolvimento humano.