Conheça Fontes Geradoras de Grande Sofrimento
Por Rosemeire Zago
14/07/2010
O sofrimento com certeza pode estar relacionado com situações que
acontecem no presente, mas é importante buscar sua origem no
passado, pois muitas vezes a dor original, aquela primeira vez que
sentimos algo semelhante ao que nos faz sofrer hoje, vem lá de trás
e sequer lembramos ou relacionamos com o sofrimento atual.
Igualmente importante é percebermos nossas reações diante dos
acontecimentos, pois eles fazem muita diferença naquilo que
sentimos. Como você tem reagido a cada situação? Pense sobre isso.
Há ainda algumas fontes de grande sofrimento:
A rejeição, assim como o abandono quando criança, é uma das causas
que mais deixam sequelas em nós adultos. Pode acontecer por pais
ausentes ou mesmo quando presentes pela falta de demonstração de
apoio, carinho e amor. Crianças que sentiram rejeição ou abandono
pelos pais ou por um deles provavelmente sentirá uma imensa
necessidade em agradar, ser aprovada e reconhecida quando adulta. É
como se buscasse a aceitação que não sentiu quando criança e assim
passa a fazer de tudo pelos outros, sempre supervalorizando os
demais e desvalorizando a si própria. É o eterno bonzinho, fazendo
tudo pelos outros e agindo de modo a agradar a todos porque precisa
do reconhecimento constante para se sentir importante, útil, porque
no fundo não se aceita, não tem autoconfiança. Tenta ser agradável e
provar que sua presença é importante, para no fundo sentir que é
amado. Não pelo que se é, mas pelo que acredita que querem que seja,
criando cada vez mais máscaras com a intenção apenas em ser aceito.
Na verdade está sempre sendo manipulado e usado, fazendo que se
sinta cada vez pior.
A manipulação é permitir-se fazer o que outra pessoa quer que você
faça, ainda que você não queira, mas em geral o processo acontece
sem que a pessoa o reconheça, ou seja, é inconsciente. Só consegue
deixar de ser manipulado ao reconhecer o fato.
Culpa. É algo que corrói e gera muito, muito sofrimento.
Culpamos-nos pelo que fazemos, não fazemos, pelo que pensamos ou
ainda, pelo que sentimos. Em geral toda culpa gera autopunição. A
própria condição do abandono pode gerar muita culpa, é como se o
inconsciente tivesse o seguinte pensamento: O que fiz de errado para
ser abandonado? Devo ser muito mau. E começa a buscar situações de
mais sofrimento como punição por ter sido tão mau. Outro fator
importante sobre a culpa é lembrar que geralmente nos culpamos
quando julgamos situações passadas com valores do presente. Nossos
valores e formas de pensar mudam, por isso evite se culpar por
aquilo que fez ou deixou de fazer, procure ser responsável por suas
escolhas e entender os motivos que o fizeram agir da tal modo na
época, o que é muito diferente da culpa que só traz sofrimento e não
produz mudança.
Reprimir sentimentos. Temos que diferenciar controlar sentimentos e
reprimir sentimentos. Controlamos quando identificamos o que
sentimos e assim o controlamos. Reprimimos quando negamos como se
não o existisse. O que nos faz somatizar e adoecer são os
sentimentos reprimidos, aqueles que negamos a nós mesmos, enquanto o
controle denota um controle sob aquilo que se sente. Por isso nunca
reprima o que quer que sinta, mas aprenda a controlar.
Repetição de padrão. Alguns padrões de comportamentos aprendemos
muito cedo, ainda em nossa infância. Podemos perceber que os padrões
de comportamentos que mais se repetem são nos relacionamentos
afetivos. Será que muitas vezes você não agiu, ou ainda age, em seu
relacionamento como aprendeu que tivesse que agir e que nem sempre
era o que queria de verdade? Será que o que espera do outro não é
muitas vezes aquilo que não teve em sua infância e por ignorar esse
fato, está sempre buscando relacionamentos que nunca o satisfazem?
Tendemos a repetir padrões já conhecidos. Quais foram os modelos de
dar e receber afeto e amor que teve? Muitas pessoas acreditam que
amar é sofrer, ou ainda, por exemplo, quem teve uma família com
brigas constantes, agressões, poderá repetir esse mesmo padrão de
comportamento. Outros ainda que tiveram um dos pais alcoólatra e,
apesar de não terem desenvolvido o alcoolismo, podem relacionar-se
com alguém também alcoólatra. Quem teve um pai ausente, poderá
buscar um companheiro tão ausente como o pai. É como se buscássemos
resolver questões que não conseguimos resolver no passado e assim,
as repetimos. Esse processo acontece de forma inconsciente, por isso
nem sempre percebemos facilmente. Tudo isso pode acontecer com o
intuito, inconsciente, de resolver conflitos do passado e que por
não terem sido elaborados e compreendidos, se repetem para que sejam
compreendidos, aceitos e principalmente, para que aprendamos a
enfrentá-los. Será que suas atitudes não estão mantendo um círculo
vicioso e destrutivo?
Fazer pelos outros o que compete a eles fazer. Muitas vezes
assumimos responsabilidades que não são nossas, e com isso não
permitimos que o outro cresça e acredite em si próprio; além do que,
nos sobrecarregamos e sentimos estar carregando o mundo nas costas.
Geralmente isso acontece pela necessidade, ainda que inconsciente,
em agradar e assim, ser aceito e amado.
Controle! Controlar pensamentos e comportamentos dos outros denota
uma total falta de controle da própria vida.
Medo de ficar só. Quem só consegue ficar bem quando na companhia de
outras pessoas é um eterno fugitivo de si mesmo.
Papel de vítima. A vítima apenas se lamenta e não consegue sair do
lugar. É o eterno coitadinho esperando que alguém faça algo por ele,
mas é preciso se conscientizar que nós somos responsáveis por nós
mesmos! Temos que trocar a paralisia por perseverança.
Comparação ou situações que causem humilhação ou vergonha. É uma
maneira sutil de dizer ao outro que ele não tem valor, comprometendo
totalmente a autoestima. Identifique as situações que geraram
vergonha e liberte-se delas.
Manter relacionamento afetivo destrutivo, doente. Ou qualquer
relacionamento com alguém que te cause sofrimento e traga à tona o
pior de você. Pode acontecer como repetição de padrão.
Abuso físico, sexual, emocional. Geralmente acontece quando ainda
criança. Outra fonte de sofrimento por longos anos, o que requer um
constante apoio psicológico para não comprometer as relações
afetivas.
Necessidades emocionais não satisfeitas. Quando não tivemos nossas
necessidades de afeto, carinho e amor suprimidas, podemos não nos
considerar merecedores de recebê-las. Ou ainda, podemos sentir um
vazio tão grande dentro de nós que parece que nada irá preencher.
Obrigar-se a: “tenho que...” Isso não quer dizer deixar de manter as
responsabilidades assumidas, mas evitar fazer o que não gosta dentro
do que é possível.
Perder os sonhos. Quais eram seus sonhos mais íntimos? Ou quais são
seus sonhos agora? O que está esperando para realizá-los?
Frustração e insatisfação constante. Quando estamos sempre cedendo,
dizendo sempre sim, acabamos por anular nossas necessidades e
desejos e em consequência sofremos.
Falta de respeito. Quando não recebemos respeito pelo que sentimos
desde criança ficamos sem referência do que é respeito, e assim
permitimos que não nos respeitem na mesma proporção em que não
aprendemos a nos respeitar.
Falta de amor, não só do outro, mas o amor próprio. Tudo o que foi
citado tem como maior sequela a falta de amor por nós mesmos, o que
faz recomeçar todo um círculo vicioso.
Para que possamos identificar a(s) causa(s) de nosso(s)
sofrimento(s) o mais indicado é o autoconhecimento, que obtemos com
o processo da psicoterapia.
Rosemeire Zago é psicóloga clínica, com abordagem junguiana e
especialização em Psicossomática. Desenvolve o autoconhecimento
através de técnicas de relaxamento, interpretação de sonhos,
importância das coincidências significativas, mensagens e sinais na
vida de cada um, promovendo também o reencontro com a criança
interior. Email: r.zago@uol.com.br