Da Criação do Líder ao Líder Criador
Por Rogerio Martins
05/05/2008
O líder já nasce pronto ou pode ser desenvolvido? Como se forma um
líder? É possível transformar pessoas comuns em líderes? Certamente
você já ouviu ou mesmo fez estas e outras perguntas sobre liderança
e a criação do líder.
Primeiramente é preciso entender o que é liderança. Na mais exata
explicação é a capacidade de liderar, que significa chefiar,
governar, dirigir, orientar, estar a frente. Conseqüentemente, líder
é aquele que lidera, conduz, que mostra os caminhos e por isso
sempre está na frente dos demais. É também aquele que estimula os
indivíduos a persistirem na busca de melhores resultados num
ambiente de riscos, incertezas e desafios. Para Megginson, Mosley e
Pietri, “liderança é um processo de influenciar as atividades
individuais e grupais, no estabelecimento e atingimento de metas”.
Warren Bennis afirma: “liderança é como a beleza: difícil de
definir, mas fácil de reconhecer”.
Os estudos do comportamento humano comprovam que a liderança é uma
habilidade inerente aos seres humanos. Ou seja, todos nascemos com a
mesma capacidade de liderar. O que vai transformar pessoas comuns em
líderes de fato é a associação de diversos fatores, entre eles: o
ambiente em que foi criado; estímulos que recebeu durante toda a
vida; experiências bem e mal sucedidas; necessidades supridas ou
suprimidas; treinamento e conhecimentos adquiridos; entre outros.
Nos últimos anos a essência do papel do líder vem sendo amplamente
discutida e questionada. Afinal, qual posicionamento deve ter o
líder diante deste cenário de riscos, incertezas e desafios? Como
deverá agir?
De certo seu papel deverá ser o de líder criador. Criador de novos
cenários onde o sucesso tem lugar garantido. Criador de novas
relações onde o respeito a diversidade será a pedra fundamental.
Criador de novos líderes que o sucedam. Criador de oportunidades
para si mesmo, seus seguidores, clientes e fornecedores. Criador de
cidadãos éticos e comprometidos com resultados efetivos.
Para assumir este novo papel é necessária uma revisão na postura
atual daqueles que ocupam as funções de liderança nas empresas e nos
governos. É preciso desempregar os profissionais e governantes que
ocupam a posição, mas não agem como verdadeiros líderes. Precisa-se
de gente com coragem para assumir uma postura de dianteira, com
iniciativa para assumir os riscos, mas também o senso de acabativa
para corrigir o percurso e chegar até a linha final. É necessário
demitir as pessoas que atrasam a evolução dos negócios por causa de
interesses pessoais ou medo de perder seu lugar e os benefícios que
conquistou.
Para ser um líder criador deste novo tempo é preciso ter formação
sólida em ética, respeito e integridade. Reunir doses generosas de
curiosidade e paixão pelo que faz. Possuir foco nos resultados e nas
pessoas, sabendo equilibrar as necessidades da empresa e dos
funcionários. Também é necessário ter capacidade acima da média para
saber ouvir, para se colocar no lugar do outro e de gerar confiança.
Para completar é necessário que tenha coragem para assumir os riscos
e os erros que ele próprio poderá cometer e sua equipe também.
As pessoas mais comuns que já conheci possuem muitas destas
características. São fortes candidatas a tornarem-se líderes
criadores, independentemente de cargos ou títulos. Simplesmente
porque assumem uma posição. Nas organizações muitas vezes são
confundidas como funcionários problema, pois desafiam o marasmo e a
burocracia. O líder criador pode incomodar, mas ele incomoda aqueles
que, na contramão do desenvolvimento, buscam somente resultados
imediatos e para seu próprio benefício.
A complexidade do comportamento humano e das estruturas
organizacionais é o maior desafio para sair do paradigma atual e
atingir novas formas de gerir pessoas. O modelo conhecido de
liderança, onde manda quem pode e obedece quem tem juízo, ainda é
forte em culturas acometidas pelo medo do sucesso, baixo progresso
econômico e reduzida formação escolar e investimento em capacitação
e treinamento de pessoas. Será que conhecemos algum lugar assim?
Talvez ainda demore mais alguns anos, ou quem sabe décadas, para que
possamos finalmente ter mais organizações onde suas lideranças
efetivamente atuem como se espera: como líderes criadores. A
capacitação e conscientização das pessoas, são fortes aliados para a
melhoria no nível de liderança de nossos gestores.
Certamente que não podemos generalizar, mas o caminho para a mudança
passa pela coragem de empresários, políticos, funcionários, gestores
e consultores de difundir e cobrar esta postura e atitude de
liderança efetiva, ainda que sejamos os únicos.
Rogerio Martins é Psicólogo, Consultor de Empresas e Palestrante.
Especialista em Liderança e Motivação. Sócio-Diretor da Persona
Consultoria & Eventos. Autor do livro "Reflexões do Mundo
Corporativo". Membro do Rotary Club de SP Santana (Distrito 4.430).
Contato: artigos@personaconsultoria.com.br /
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