Criatividade, Ousadia e Ética - Palavras Chaves de Recursos Humanos
Por Maria Inês Felippe
14/05/2008
Temos que ir ao encontro de ações criativas, inovadoras e éticas,
resgatando o verdadeiro lado humano das empresas, estabelecendo a
relação ganha - ganha entre os funcionários.
Todos nós sabemos que as empresas são organismos vivos e que na
verdade não existem empresas, mas pessoas, com objetivos em comum
dando vida a uma idéia, projeto e até a uma máquina e ou
equipamento. Na atualidade, por questões de sobrevivência,
percebemos uma grande demanda das empresas com relação a busca da
criatividade e inovação, mas cabe alguns cuidados.
Criatividade como habilidade indispensável para ser cultivada do
ponto de vista dos indivíduos e da organização, especialmente neste
momento da historia, marcado fundamentalmente por mudanças e alta
competitividade.
No mutável mundo de hoje só temos uma saída como profissional de
Recursos Humanos: para sobrevivermos e cumprirmos o nosso papel,
temos que OUSAR ETICAMENTE e contribuir de maneira societária, e não
somente agirmos como rolo compressor ou reprodutor de maneira
radical, por vezes, desumana e puramente nuvem passageira.
Temos de ir ao encontro de ações criativas inovadoras e éticas,
resgatando o verdadeiro “lado humano da empresas” e estabelecendo a
relação ganha-ganha entre empregados e empregador, preservando e
desenvolvendo as características dos brasileiros, que são tão
criativos.
Nos últimos tempos as empresas brasileiras passaram por um forte
enxugamento no seu quadro de pessoal. Observamos um forte
investimento em treinamento e desenvolvimento de pessoal na
estrutura enxuta, buscando resgatar a capacidade competitiva da
organização num mercado globalizado.
Na busca de certificações, ISSO 9000 e qualidade total, percebemos
que as empresas investem bem mais em relação ao período anterior.
Cada vez mais perce bemos que o detalhe faz a diferença.
No contexto de qualidade a criatividade não é uma ferramenta, e sim
uma resposta para atingi-la. No entanto, percebemos que em alguns
setores não foi investido o suficiente, ou ainda continuam
investindo num modelo tradicional de
Recursos Humanos que não atende mais as expectativas da empresa,
através de programas de treinamento extremamente mecanicista e
centralizadores.
A criatividade como busca de resultados, agregando valor ao dia a
dia em adequação de procedimentos, melhoria de produtos, serviços,
soluções de problemas, etc , e não somente alegrar as pessoas.
Devemos pensar em treinamento como uma educação estratégica.
Como desenvolver ações criativas, se ainda temos programas de
treinamento que estão mais para adestramento do que desenvolvimento,
sem contar com as danças de salão!
Necessitamos de pessoas em constantes modificações, flexíveis, que
possam adaptar-se a um cenário altamente mutável e EFETIVAMENTE,
garanta o desenvolvimento profissional do trabalhador, será que as
empresas estão preparadas?
Tais pessoas precisam estar comprometidas e envolvidas com o negócio
da organização, serem autônomas, formas times de trabalho, ter visão
do futuro e estar em contínuo aperfeiçoamento.
Mas como conseguir isso se continuamos administrando ainda
considerando velhos paradigmas?
Neste contexto a figura do Consultor Interno de Recursos Humanos,
torna-se extremamente importante. Deve saber propor investimento em
pessoas, fazer parte efetivamente como agente de mudanças e
principalmente quebrar seus próprios paradigmas, que por vezes é de
total passividade e racionalidade, onde podemos observar “ muitos
discurso e pouca ação.
Temos que perceber os programas de T&D como processo global de
conscientização de comunicação ente os participantes, onde deve
existir uma visão de totalidade dos vários níveis de conhecimento e
de expressão sensorial, intuitiva, racional e transcendental.
Desenvolver, a partir desta visão significa entender o indivíduo
como um ser social em evolução de forma holística: corpo, mente,
razão e emoção.
Deve-se buscar encontrar o equilíbrio nas relações entre as partes e
o todo, entre o sensorial e o racional, o concreto e o abstrato, o
individual e o coletivo, e principalmente reforçar a importância do
estudo e buscar novos conhecimentos auto desenvolvimento e
aprendizado contínuo.
Hoje á área de RH deve estar inserida mo projeto maior de
desenvolvimento da empresa, visando atingir seus objetivos e
atreladas ao planejamento estratégico da mesma.
Deve buscar estabelecer o fator reciprocidade, comprometimento das
pessoas, desenvolvimento de competências, ações criativas, ou seja,
humanizar a relação do empregado com o trabalho e o empregador.
Este profissional deverá agir como fornecedor interno, desenvolvendo
melhorias nos serviços oferecidos, bem como adequando-se as
necessidade de seus cliente internos, identificar necessidades e
propor soluções criativas ou contratando Consultores Externos.
Na prática de consultoria cada vez é mais freqüente sermos chamados
para correção de trabalhos anteriormente desenvolvidos e que não
apresentaram resultados. Por vezes eles só trouxeram complicações
internas. Sendo assim sabemos que prevenir é melhor do que remediar.
Sua visão deverá estar voltada para o funcionário, para seu
comportamento e para o futuro da organização.
Uma questão de foco
Nos programas de treinamento devemos ser focais e assertivos na
busca dos resultados, não restringindo somente no energizar,
sensibilizar, ou até mesmo nos comentário quanto ao gostar ou não de
determinadas técnica, sem entender efetivamente do motivo do uso da
mesma.
A avaliação de reação, utilizada logo após ao treinamento, com as
perguntas tradicionais, tais como: o instrutor dominava o assunto,
era didático, o material era adequado, o tempo foi o suficiente, é
positiva, porém deve ser revista, mas somente não adianta, propomos
pensar na Segunda fase de avaliação onde podemos avaliar o real
resultado do treinamento comparando resultados anteriores com os
atuais.
Uma questão de ética
Ø Há casos em que é solicitado “a amostra grátis”, através de uma
palestra simplificada e se gostarem, contrata-se o Consultor, ou
então o forte argumento: “vamos realizar vários treinamento, pense
nisso na hora de definir seus honorários”. Não é incrível! passa a
ser engraçado.
Ø Candidatos durante os processos seletivos esperando horas e horas
para serem atendidos.
Ø Selecionadora pouco ou nada sabem a respeito da vaga, respondendo
de forma vaga, superficial.
Ø Requisito imprescindível o inglês, sendo que dificilmente o
profissional utilizará, agindo dentro de puro modismo.
Ø Uso indiscriminadamente de instrumentos de avaliação, tais como :
testes, dinâmica de grupo, onde expõe os candidatos em situações
difíceis e com pouca fundamentação ou domínio para avaliação.
Ø Deixar o candidato esperando sem um feedback de reprovação. Temos
que rever muitos conceitos humanos.
Ø Identificamos também programas de treinamento festivos, mágicos,
reflexivos, onde todos choram, exercícios corporais, massagens ou
até aqueles que ficam somente na integração ,com o discurso de
qualidade de vida. Será que realmente as empresas estão preocupadas
com isso ou é apenas um pano de frente escondendo o fundo da
empresa? Cabe ressaltar que estes treinamentos também possuem sua
validade, e alguns são interessantes, sem dúvida, mas cuidado com
isso.
Ø Cabe aqui mais um cuidado, na contratação de Consultores Externos.
Podemos encontrar uma gama de produtos importados, com uma grife
forte, mas que não atende as necessidades da organização, cuidado
com os modismos e pacotes prontos.
Todas estas questões são importantes, porém não devemos esquecer da
ética em relação aos clientes externos e os internos.
Empresa que não é ética , não respeita o funcionário, dificilmente
terá efetivamente resultados com o cliente externo.
Observe o quanto a sua empresa está sendo ética ou não com os seus
funcionários.
"Ser ético e criativo, hoje não é mais uma opção, mas é uma questão
de sobrevivência"
*Maria Inês Felippe é consultora e palestrante, especialista em
Criatividade, Inovação e Gestão, e autora do livro 4 C’s para
Competir com Criatividade e Inovação, pela Editora Qualitymark -
www.mariainesfelippe.com.br