Desenvolvendo Comportamento Através da Dinâmica de Grupo
Por Maria Inês Felippe
02/08/2007
A dinâmica de grupo faz vivenciar situações análogas ao dia-a-dia de
trabalho. É um procedimento que poderá ajudar na mudança de
comportamento, além de identificar como a pessoa age em grupo.
O aumento da concorrência entre as empresas provoca valorização de
características pessoais até recentemente pouco exigidas dos
profissionais pelo mercado de trabalho.
Podemos identificar tal situação nos trabalhos de consultoria, tanto
nos processos seletivos como no desenvolvimento de pessoal, através
de sessões de treinamento.
Hoje não basta somente conhecimento técnico. É também preciso, entre
outros, trabalhar em equipe, flexibilidade, participação efetiva na
busca de resultados, agindo criativamente e inovando processos e
métodos organizacionais.
É evidente que somente a capacidade de resolver questões lógicas não
é suficiente para garantir a sua empregabilidade. O profissional
deve buscar um equilíbrio emocional que possibilite enfrentar
situações adversas e de conflito, de forma estável e consciente.
Tais competências podemos perceber indo ao encontro a um princípio
básico do ser humano que é agir socialmente. Como diz o ditado,
“nenhum homem é uma ilha”.
Sabemos também que o processo de interação grupal não é tão fácil,
pois exige das pessoas transformações comportamentais e que por
muitas vezes vão contradizer sua cultura, educação familiar e mesmo
sua personalidade.
O ser humano é competitivo e está acostumado a trabalhar
individualmente. Muitas empresas premiam estas características,
embora podemos perceber que muitas estão valorizando também os
resultados obtidos pelos grupos da organização.
O papel da organização neste contexto
1 – Identificar algumas características pertinentes à sua
necessidade, através de processos seletivos adequados, facilitando
as atividades de desenvolvimento de pessoal.
2 – É fundamental a criação de incentivos a programas de treinamento
que tenham como tema: motivação, liderança, times de trabalho,
gestão participativa, tomada de decisões, empowerment, criatividade
e inovação, soluções criativas de problemas etc.
Tais programas devem permitir aos funcionários refletir sobre o seu
autodesenvolvimento, despertando o desejo por relações pessoais e
po9r uma melhor qualidade de vida: o que os levará à formação de
suas identidades organizacionais e pessoais.
Enfim, devem permitir aos mesmos aprender a lidar com suas emoções,
melhorando assim suas performances, cabendo à organização a promoção
do seu capital intelectual.
A dinâmica de grupo faz vivenciar situações análogas ao dia-a-dia de
trabalho e é um procedimento que poderá ajudar na mudança de
comportamento, através de sessões de treinamento e desenvolvimento,
como também poderá identificar como a pessoa age em grupo,
principalmente sendo utilizada em processos seletivos.
Portanto, trata-se de uma técnica valiosa que poderá ser utilizada
em treinamento de pessoal, seleção de pessoal, avaliação de
potencial, pesquisa de clima organizacional, bem como levantamento
de necessidades da organização, busca de soluções criativas de
problemas e desenvolvimento do potencial criativo.
Especificamente em processos seletivos – Através de jogos
cooperativos podemos identificar como a pessoa se identifica e se
relaciona com os demais e se é capaz de sair do espírito competitivo
inflexível etc.
Sempre devemos considerar a cultura da organização e quais as
características necessárias para aquele cargo na referida
organização.
Pela nossa prática, podemos perceber que muito tem se cobrado, nos
processos seletivos, os seguintes comportamentos das pessoas:
Espírito de equipe
Liderança
Ambição
Facilidade de comunicação
Facilidade de lidar com pressões externas
Criatividade e inovação
Equilíbrio emocional
Capacidade de agregar para a organização
Podemos perceber que estas características são as procuradas pelas
organizações nos processos seletivos e que a técnica mais eficaz
para identificar os requisitos acima descritos é a dinâmica de
grupo.
Através de jogos, que são atividades espontâneas regidas por regras
como tempo e estratégias, permite que se trabalhe com o tema de
forma que revelem as facetas de seu caráter, comportamento que
normalmente não se revela em outras situações.
Algumas das técnicas são situações que fogem do cotidiano, ou seja,
de atividades específicas do cargo, mas que por analogia podem os
identificar determinados comportamentos.
O estabelecimento de Analogias não usuais, técnica desenvolvida pela
Universidade de Compostela, na Espanha, no curso de Criatividade,
favorece a interpretação dos comportamentos observados com maior
eficiência, provocando maior acertividade.
Muitas das técnicas utilizadas em processos seletivos poderão ser
utilizadas em treinamento de desenvolvimento de desenvolvimento de
pessoal – o que vai diferenciar é a leitura dos comportamentos.
Em treinamento devemos interpretar os comportamentos observados e em
seleção de pessoal, somente assinalando algumas questões, de forma
genérica, sutil, servindo como feedback para os candidatos.
Portanto, a formação na área de humanas é fundamental para o êxito
da utilização de tal procedimento. Mas somente esta técnica não
garante a eficácia de um processo seletivo. É preciso utilizar
outros métodos, tais como testes e entrevistas, para identificar o
verdadeiro potencial dos candidatos, principalmente quando utilizada
em processo seletivo.
A prática de dinâmica de grupo tem sido utilizada por várias
empresas, mas cabe um alerta:
Falta de conhecimentos profundos sobre o comportamento humano – Pelo
desconhecimento, passa-se a agir com os candidatos e com os dados
obtidos da dinâmica de grupo de maneira amadora e pejorativa,
rotulando e discriminando as pessoas.
Não domínio da técnica – Muitos profissionais não dominam a técnica
e principalmente não sabem como interpretar os comportamentos
observados, ou avaliam conforme o seu referencial, que poderá ser
preconceituoso.
Não sabem escolher a técnica – Muitos profissionais escolhem a
técnica sem saber efetivamente os requisitos exigidos pelo cargo.
Escolhendo a que mais agrada, não significa que será a mais eficaz e
que possa recolher melhores resultados.
Modismo – Deve-se evitar em utiliza-lo por estar na moda, do tipo o
vizinho usa, meu amigo disse, eu li na revista etc.
Amadorismo – Alguns profissionais compram um livro de dinâmica de
grupo, escolhem algumas, aplicam nos candidatos sem saber dirigi-la
de forma correta.
Questões éticas – Alguns aspectos éticos muitas vezes são
desconhecidos pelos aplicadores das técnicas.
Quando for convocar os candidatos para participar do processo
seletivo.
Faça um planejamento prévio de todas as etapas, tais como técnica
utilizada, duração e data.
Informe o(s) candidato (s) de todas as etapas, para poderem também
se organizar. Mesmo estando à procura de uma colocação, ele (s) não
está a inteiro dispor da empresa.
As dinâmicas duram em média 3 a 4 horas.
Não atrase, considere que você está lidando com pessoas e ninguém
gosta de esperar. Atrasos só servem para deixar o candidato
irritado, sem contar que revela a falta de respeito e organização
por parte da empresa.
Especificamente em treinamento e desenvolvimento de pessoal
A dinâmica de grupo é fundamental para o desenvolvimento e mudança
de comportamento. Sendo assim, todos esses aprendizados somente
serão efetivamente transformados em comportamento quando vivenciado.
Como diz o provérbio chinês: “ o que escuto eu esqueço, o que vejo
posso lembrar, o que faço não esqueço”.
Sendo assim, não podemos também utilizar a técnica pela técnica e
sim ela aplicada a uma análise acompanhada de uma compreensão dos
processos e fenômenos grupais. Portanto, a formação do profissional
na área de humanas em condução de grupos é fundamental.
Ou seja, é fundamental a fundamentação teórica associada à técnica
vivenciada e não somente a técnica vivenciada como o jogo de salão,
onde todos se diverte, brincam, alegram-se e depois o que poderá
colocar em prática o aprendizado?Onde modificou o comportamento? De
que forma poderá retribuir á organização o capital investido?
Isso deverá servir de alerta! Pois é um investimento sem retorno,
quando não aplicado e desenvolvido de firma séria, profissional ,
científico e vivencial por parte do coordenador.
Temos percebido quando nos é solicitado treinamento de criatividade,
cabe ressaltar que treinamento de criatividade não é somente
descontração, festa, etc.
Falar em criatividade empresBernhardMod é falar na busca de
resultados, saídas para o desenvolvimento de produtos, processos,
partindo do princípio da dialética que é pensar com a cabeça da lua,
mas com os pés no chão.
A dinâmica de grupo é fundamental para o
desenvolvimento e mudança de comportamento.
Isso envolve método, processo, etapa de pensamento criativo e não
somente a criação por si só, por vezes sem utilidade, sendo assim
não é criatividade. Quando falamos em criatividade e inovação
empresBernhardMod, devemos ter a mesma metodologia, ou seja, a busca
de resultados em todos os programas de treinamento.
Somente integrar pessoas, atualmente, não é o suficiente para o
busca de resultados concretos.
Muitas técnicas facilitadoras como Torbelino de idéias,
brainstorming, brainswrtiting, jogos lingüísticos, empresariais,
dinâmica de grupo, psicodrama – somente darão resultado quando
associadas ás fundamentações teóricas, científicas e vivencia,
fazendo sentido como o dia-a- dia da empresa e com sua realidade.
DICAS E TOQUES
Experiência vivencial de condução de grupo, saber o que observar,
como e validar comportamento.
O domínio da técnica e a fundamentação teórica é fundamental.
A escolha deverá estar diretamente associada aos objetivos.
Clareza no convite das vivências, processo ganha-ganha.
Análise científica das técnicas é o básico para mudança de
comportamento.
Responda a pergunta: Como coloco em prática o que foi vivenciado?
Não esqueça dos princípios básicos da ética profissional e pessoal,
pois você está lidando com pessoas.
Artigo parcialmente publicado na revista Gestão Plus nº 10 -
Set/Outubro 1998
Maria Inês Felippe: Palestrante, Psicóloga, Especialista em Adm. de
Recursos Humanos e Mestre em Desenvolvimento do Potencial Criativo
pela Universidade de Educação de Santiago de Compostela - Espanha.
Palestrante e consultora em Recursos Humanos, Desenvolvimento
Gerencial e de equipes, Avaliação de Potencial e competências.
Treinamentos de Criatividade e Inovação nos Negócios. Palestrante em
Congressos Nacionais e Internacionais de Criatividade e Inovação e
Comportamento Humano nas empresas. Vice Presidente de Criatividade e
Inovação da APARH.