Dicionário de Mitologia
15/02/2007

Afrodite (Vênus) - Deusa da mais sedutora beleza, cujo culto, de origem asiática, é celebrado em numerosos santuários da Grécia, principalmente na ilha de Citera. Filha do sêmen de Urano (o Céu) derramado no mar, após a castração do Céu por seu filho Cronos (daí a lenda do nascimento de Afrodite, que surge da espuma do mar); esposa de Hefestos o Coxo, por ela ridicularizado em várias ocasiões.
Simboliza as forças irreprimíveis da fecundidade, não em seus frutos, mas no desejo apaixonado que acendem entre os vivos. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Apolo - Deus grego-romano, o mais belo dos deuses. Realiza o equilíbrio e a harmonia dos desejos, não pela supressão das pulsões humanas, mas por orientá-las no sentido de uma espiritualização progressiva que se processa graças ao desenvolvimento da consciência. Na literatura conferem-lhe mais de duzentos atributos
Símbolo da vitória sobre a violência, do autodomínio no entusiasmo, da aliança entre a paixão e a razão.(Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Ares (Marte) - Deus da guerra, Ares é filho de Zeus e de Hera. Entretanto, é o mais odioso de todos os Imortais, diz seu pai; esse louco que ignora as leis, diz sua mãe; esse exaltado, esse mal encarnado, esse cabeça-de-vento, diz Atena, sua irmã.
Simboliza a força bruta. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Ártemis (Diana) - Filha de Zeus e de Letona (Leto), Ártemis é a irmã gêmea de Apolo. Virgem severa e vingativa, indomável, aparece na mitologia como o oposto de Afrodite. Castiga cruelmente todo aquele que lhe faltar o respeito, transformando-o, por exemplo, em um cervo e ordenando a seus cães que o devorem; em contraposição, recompensa com a imortalidade seus adoradores fiéis, como no caso de Hipólito, que morreu vítima de sua castidade.
Simboliza a fecundidade. Aos olhos de certos psicanalistas, Ártemis simbolizaria o aspecto ciumento, dominador e castrador da mãe. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Atlas - Concebido por Gaia sem a semente masculina. Outra versão diz que é filho do Titã Jápeto (ou Iápeto) com Clímene. Ofereceu auxílio aos Gigantes na batalha contra Zeus, no Monte Olimpo. Como castigo por sua cumplicidade, o Senhor do Olimpo, após sua vitória, condenou-o a sustentar, sobre os ombros, o mundo.

Baal e Belit - Casal de deuses adorados pelos semitas, Baal como deus do furacão e da fecundidade, Belit com deusa da fecundidade, sobretudo agrária.
Simboliza a presença ou o retorno periódico, em toda civilização, de uma tendência a exaltar as forças instintivas. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Bucentauro - Criatura fabulosa, metade homem, metade touro, da mitologia grega. É um Centauro que, em vez de ter o corpo de um cavalo, tinha o corpo de touro e cabeça de homem.

Simboliza a dualidade fundamental do homem: matéria-espírito, instinto-razão. Todavia, o cavalo representaria mais propriamente o ardor impetuoso do instinto, e o touro, sua potência fecundante. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Centauros - Seres monstruosos da mitologia grega, cuja cabeça, braços e tronco são os de um homem, e o resto do corpo e as pernas de cavalo.

O Centauro simboliza a dualidade fundamental do homem: Matéria-espírito, instinto-razão. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Cérbero - É o cão monstruoso, de múltiplas cabeças (três, cinqüenta, cem), com cauda de dragão, e o dorso eriçado de cabeças de serpente. Proíbe que os vivos entrem no inferno, e que os mortos saiam.
O Cão de Hades simboliza o terror da morte entre aqueles que temem os Infernos. Mais ainda, simboliza os próprios infernos e o inferno interior de cada ser humano. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Cibele - Deusa da terra, filha do céu, esposa de Saturno, mãe de Júpiter, de Juno, de Netuno, de Plutão.
Cibele Simboliza a energia encerrada na terra. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Cronos - O mais jovem dos Titãs, filho de Urano, Chronos encerra a primeira geração dos deuses cortando fora os testículos do pai. Cronos é muitas vezes confundido com o Tempo (Chronos), do qual se tornou a personificação para os intérpretes antigos da mitologia.
Cronos simboliza a fome devoradora da vida, o desejo insaciável. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Deméter - Deusa da fertilidade, deusa maternal da terra, Terra-Mãe, cujo culto remonta à mais remota Antiguidade, e se reveste dos maiores mistérios, Deméter ocupa o centro dos mistérios de Elêusis, que celebram o eterno recomeçar, o ciclo das mortes e dos renascimentos, no sentido, provável, de uma espiritualização progressiva da matéria.

Deméter simboliza a passagem da natureza à cultura, do selvagem ao civilizado. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Édipo - Herói lendário da tragédia grega, que se tornou o eixo principal da psicanálise moderna: o complexo de Édipo.
Advertido por um oráculo de que, se tivesse um filho, este o mataria, Laio, o pai de Édipo, mandou perfurar os tornozelos de seu filho, quando este nasceu, e ligou-os com uma correia; daí este nome de pé inchado (Édipo). O servidor, que devia abandoná-lo para que morresse, entregou-o a estrangeiros, pastores ou reis, conforme as lendas. Eles tomaram conta da criança. Já adulto e indo ter a Delfos, Édipo, por causa da prioridade de passagem num desfiladeiro estreito, mata Laio, ignorando que este era seu pai. Cumpriria assim o oráculo, sem o saber. Na estrada de Tebas encontra a Esfinge, um monstro que devastava a região. Ele o mata, é aclamado rei e recebe como esposa Jocasta, a viúva de Laio, sua própria mãe. Mas em conseqüência de oráculos obscuros do adivinho Tirésias, Édipo descobre que assassinou seu pai e desposara sua mãe. Jocasta se mata; Édipo arranca os próprios olhos. Conhece-se todo o proveito que a psicanálise freudiana soube tirar dessa situação, generalizando-a, para fazer dela o modelo das relações entre os filhos e seus pais: fixação amorosa no progenitor do sexo oposto, agressividade hostil em relação ao do mesmo sexo, o qual é preciso destruir para atingir sua própria maturidade, dupla tendência que admite inumeráveis variantes.

Édipo simboliza a alma humana e seus conflitos, do ser humano capaz de loucura e de recuperação. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Electra - De acordo com a tragédia grega, Electra é filha de Agamenon e de Clitemnestra. Após o assassinato de Agamenon por Egisto, o amante de Clitemnestra, Electra sente-se devorada pelo desejo de vingar o pai, incitando a morte da mãe. O complexo de Electra, no registro da psicanálise, corresponde ao complexo de Édipo, mas com matizes femininos.

Electra simboliza um amor passional pelos pais, até o ponto de reduzi-los à igualdade pela morte. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Fênix - A fênix, segundo o que relataram Heródoto ou Plutarco, é um pássaro mítico, de origem etíope, de um esplendor sem igual, dotado de extraordinária longevidade, e que tem o poder, depois de se consumir em uma fogueira, de renascer de sua cinzas. Quando se aproxima a hora de sua morte, ele constrói um ninho de vergônteas perfumadas onde, no seu próprio calor, se queima.

Fênix é o símbolo da ressurreição, que aguarda o defunto depois do julgamento das almas se ele houver cumprido devidamente os ritos e se sua confissão negativa foi julgada como verídica. É por isso que toda a Idade Média fez da fênix o símbolo da ressurreição de Cristo e, às vezes, da Natureza Divina - sendo a natureza humana representada pelo pelicano. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Gêmeos - Todas as culturas e mitologias testemunham um interesse particular pelo fenômeno dos gêmeos. Quaisquer que sejam as formas pelas quais são eles imaginados: perfeitamente simétricos; ou bem um escuro e o outro luminoso; um voltado para o céu, o outro para terra; um negro, o outro branco, azul ou vermelho; um com cabeça de touro, o outro com cabeça de escorpião - exprimem, ao mesmo tempo, uma intervenção do além e a dualidade de todo ser ou o dualismo de suas tendências, espirituais e materiais, diurnas e noturnas.
Os gêmeos simbolizam o estado de ambivalência do universo mítico. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Héracles (Hércules) - Seus trabalhos, suas proezas, suas aventuras alimentam as crônicas mitológicas e fazem de Héracles o mais popular dos deuses. Seu nome, à glória de Hera, lhe foi dado pela Pítia e designa o que se poderia dizer a suas vocação: glorificar a deusa suprema, esposa de Zeus.
Simbologia: representante idealizado da forca combativa: símbolo da vitória (e da dificuldade da vitória) da alma humana sobre as suas fraquezas. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Hermes (Mercúrio) - Um dos símbolos da inteligência industriosa e realizadora; preside ao comércio. Tem por atributo sandálias aladas, que significam a força de elevação e a aptidão para os deslocamentos.
Hermes simboliza os meios de troca entre o Céu e Terra, a mediação, em suma, meios que se podem perverter em comércio simoníaco ou elevar-se, ao contrário, até a santificação. Assegura a viagem, a passagem entre os mundos infernais, terrestres e celestes. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Héstia (Vesta) - Filha de Crono e de Réia, Héstia pertence à geração das doze grandes divindades do Olimpo. Quando Zeus, seu irmão, se apoderou do poder supremo, ela obteve o favor de conservar, para sempre, a sua virgindade, a fim de escapar às tentativas amorosas do Apolo e de Posêidon. Héstia é venerada como protetora das famílias, das cidades e das colônias.
Héstia simboliza a perenidade religiosa, a continuidade da civilização e das suas luzes, apesar das emigrações, das destruições, das revoluções e das vicissitudes dos tempos. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Ícaro - Filho de Dédalo e de uma escrava, Ícaro morreu vítima das invenções do pai, que ele utilizou sem fazer caso das advertências paternas. Eu te previno, Ícaro, tens de fixar teu curso numa altura média. Aprisionado no labirinto, com seu pai que ajudara Ariana e Teseu a matar o Minotauro, ele consegue evadir-se com o auxílio de Pasífae e graças às asas que Dédalo lhe fez e que ele fixou com cera sobre os ombros. Ícaro voou por cima do mar. E desprezando todos os conselhos de prudência elevou-se cada vez mais alto, cada vez mais perto do Sol. A cera derrete e ele precipita-se no mar.
Ícaro é o símbolo do intelecto que se tornou insensato... da imaginação pervertida.

(Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Inferno (Hades) - Sobre esse tema, as crenças antigas — egípcias, gregas, romanas — variavam muito; e mesmo na Antigüidade já eram numerosas; por isso, aqui mencionaremos apenas o que julgamos essencial.
Entre os gregos, Hades, o Invisível — segundo etimologia duvidosa — é o deus dos mortos. Como ninguém ousasse pronunciar-lhe o nome, por temor de lhe excitar a cólera, ele recebeu o apodo de Plutão (o Rico), nome que implica um terrível sarcasmo, mais do que um eufemismo, para designar as riquezas subterrâneas da terra, entre as quais se encontra o império dos mortos. E esse sarcasmo torna-se macabro quando se coloca uma cornucópia entre os braços de Plutão. Na simbologia, entretanto, o subterrâneo é o local das ricas jazidas, o lugar das metamorfoses, das passagens da morte à vida, da germinação.(Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Íris - Na mitologia grega, Íris é a mensageira dos deuses, e, em particular, de Zeus e de Hera. É a correspondente feminina de Hermes e, como ele, é leve, alada, veloz.

Simboliza o arco-íris, e, de modo mais geral, am ligação entre a Terra e o Céu, entre os deuses e os homens. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Ísis - A mais ilustre das deusas egípcias. É representada à procura de Osíris, seu irmão-esposo defunto, que ressuscita com seu sopro; ou aleitando o seu filho Hórus; ou acompanhando ritos funerários. Ísis protege os mortos debaixo de suas asas e ressuscita-os.

Ísis simboliza a Iniciadora, aquela que detém os segredos da vida, da morte e da ressurreição. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Júpiter - Deus supremo dos romanos, corresponde ao Zeus dos gregos. É apresentado como a a divindade do céu, da luz diurna, do tempo que faz, e da também do raio e do trovão... poder soberano, presidente do conselho dos deuses, aquele de quem emana toda a autoridade.

Júpiter simboliza a ordem autoritária, imposta do exterior. Seguro do seu direito e do seu poder de decisão, não busca nem diálogo nem persuasão: troveja. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Labirinto - A origem do labirinto é o palácio cretense de Minos, onde estava encerrado o Minotauro e de onde Teseu só conseguiu sair com a ajuda do fio de Ariadne. Conservou-se, pois, em suma, a complicação de seu plano e a dificuldade de seu percurso.

Símbolo: sistema de defesa, anuncia a presença de alguma coisa sagrada. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Maia - Ninfa que abrigava seus amores com Zeus em uma caverna. Ela seria a mãe de Hermes. Na tradição romana talvez seja uma outra Maia, diferente dessa ninfa da Arcádia, a que personificava o despertar da natureza na primavera e que viria a se transformar na mentora de Mercúrio.

Símbolo: deusa da fecundidade, a projeção da energia vital. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Marte (v. Ares)

Mercúrio (v. Hermes)

Minotauro - Monstro de corpo de homem e cabeça de touro, para o qual o rei Minos mandou construir o Labirinto (palácio do machado de dois gumes), onde o prendeu.

Minotauro simboliza em seu conjunto o combate espiritual contra o recalque. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Mitra - Deus das religiões de mistério, ou de salvação, distribuidor de energia vital, soberano dos exércitos, chamado de Deus ou de Sol invicto (Sol invictus). Associado ao deus do Tempo infinito, ele se encontra na origem do universo dos vivos e o dirige. É representado sob a forma de um herói degolando um touro, o primeiro ser vivo, cujo sangue disperso fará nascer os vegetais e os animais; ou sob a forma de um ser humano com cabeça de leão, cujo corpo é envolvido por uma serpente, que representa os cursos sinuosos do Sol e do Tempo.

O culto de Mitra simboliza a regeneração física e psíquica pela energia do sangue, em seguida pela energia solar, e, por fim, pela energia divina. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Orfeu - Personagem de um mito descrito de maneiras diferentes pelos poetas e obscurecido por numerosas lendas. Entretanto, Orfeu se destaca sempre como o músico por excelência que, com a lira ou a citara, apazigua os elementos desencadeados pela tempestade, enfeitiça as plantas, os animais, os homens e os deuses. Graças a esta magia da música, chega a obter dos deuses infernais liberação de sua mulher Eurídece, morta por uma serpente, quando fugia das investidas de Aristeu. Mas uma condição foi imposta: que ele não a olhasse antes de ela voltar à claridade do dia. Em dúvida, no meio do caminho, Orfeu se vira: Eurídice desaparece para sempre. Inconsolável, Orfeu acaba os seus dias mutilado pelas mulheres trácias, cujo amor ele desdenhava.

Símbolo: falta de força anímica. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Prometeu - Por ter roubado Zeus, este o teria castigado acorrentando-o a um rochedo e lançando sobre ele uma águia que devorava o seu fígado.
Símbolo dos tormentos de uma culpa reprimida e não expiada. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Urano - Deus do Céu, na teogonia de Hesíodo.

Símbolo de uma proliferação criadora sem medida e sem diferenciação, que destroi por sua própria abundancia, tudo quem engendra. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)


Vesta (Héstia) - Personificação romana do fogo sagrado, o da pira doméstica e o da cidade. Corresponde à Héstia do gregos e, até certo ponto, à Agni dos índios. Cortejada pelos deuses, e especialmente pelo belo Apolo e por Posêidon, Héstia rejeitou todas as propostas amorosas e conseguiu que o próprio Zeus protegesse sua divindade.

Em Roma ela também simboliza a mais absoluta pureza. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Zeus (Júpiter) - Descende dos reinos de Urano e de Cronos. É o organizador do mundo interior e exterior; é dele que depende a regularidade das leis físicas, sociais e morais.
Símbolo: Zeus simboliza o reino do espírito, deus único. Lançando o relâmpago, simboliza o espírito e o esclarecimento da inteligência humana. Desencadeando o raio, simboliza a cólera de Deus, a punição, o castigo, a autoridade ultrajada: é o justiceiro. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

CHEVALIER, J., GHEERBRANT, A. Dicionário de Símbolos (mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números). 12. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1998.

Fonte:www.ceismael.com.br