Dinheiro e Felicidade
Gilberto Wiesel
12/07/2008
Pesquisas recentes apontam para a tendência desenfreada em busca do
dinheiro para, por meio dele, garantir a tão sonhada felicidade.
Afinal, a felicidade é o nosso maior sonho de consumo.
Esse registro é preocupante, pois demonstra a falta de preparação
das pessoas, nos critérios que utilizam, em todos os níveis sociais,
na busca da felicidade. Os critérios, relacionados à conquista da
felicidade, não são claros e/ou definidos, mas é possível perceber a
busca sendo feita nas escolhas duvidosas. Explico: um estudo
realizado pelas Universidades de Harvard e Estatal da Pensilvânia,
com indivíduos de 20 a 64 anos, revelam que o dinheiro, de fato,
compra a felicidade. As pessoas mais ricas tendem a ser mais felizes
que as pobres, entretanto, os dados coletados apontam para um
critério desastroso, por elas utilizado: a comparação!
Exatamente isso! As pessoas com dinheiro, comparam seus ganhos e
suas aquisições materiais com aquelas dos indivíduos do mesmo grupo
social, ao invés de fazerem a comparação com um grupo social
inferior. É nesse ato que nascem os sentimentos sombrios, com o
poder de ofuscar a tão desejada felicidade. Nesse momento, o
dinheiro simplesmente compra aflição, ansiedade e uma insatisfação
profunda. Afinal, com a comparação, os seres humanos percebem que
nem sempre possuem o que as pessoas do seu grupo social já
conquistaram. Assim o tempo passa a ser insuportavelmente curto para
tudo que se pensa ser necessário para evitar a distância entre o que
a pessoa conquistou e o que o outro tem a mais.
Essa luta é cruel e não dá trégua. Dia e noite, ano após ano, é
sempre a mesma coisa. Praticamente uma corrida, aliás, pior que uma
corrida, pois nas competições esportivas, corremos felizes,
praticamente flutuamos. Já a corrida da vida acontece com uma
incessante falta de ar. O peito aperta e dificulta a respiração
serena. Não há muito tempo para isso. Quanto ao ar, não tem
importância se ele falta diante do stress causado pelos objetivos
gigantescos. O importante é vencer a comparação e, termos a certeza
de que estamos perto do que o outro já tem. O resto não importa...
E como fica a felicidade? Afinal, foi com esse tema que iniciamos o
artigo. Bem, a felicidade para esses estressadinhos não é atingível,
pois ela estará sempre um quilômetro, ou um degrau, ou uma promoção,
ou uma aquisição, à frente! Dessa maneira, segundo a pesquisa,
quanto mais alto é o rendimento dos demais integrantes do grupo
etário e social a que pertencemos, menor é a nossa felicidade.
Acrescenta ainda que, ao invés de promover uma felicidade geral, o
crescimento contínuo dos rendimentos pode promover uma permanente
corrida consumista, em que os indivíduos consomem mais e mais apenas
para manter um nível constante de felicidade. O que infelizmente
denota uma grande ilusão. E naturalmente a ILUSÃO nunca foi
matéria-prima para felicidade. Ao contrário, a matéria-prima para
felicidade é a LIBERDADE.
Com ela, conquistamos sem comparar, crescemos sem medir distâncias,
desejamos o que, de fato, não nos aprisionará e, finalmente,
deixamos os outros livres para crescerem. Enquanto eu, sou livre
para voar!
Afinal, a liberdade é o espaço que a felicidade precisa !