As Emoções no Ambiente de Trabalho
Por Maria Rita Gramigna
21/08/2007
Amor e ódio. Alegria e tristeza. Medo e coragem. Emoções e
sentimentos que se misturam no dia a dia empresarial. Verdadeiro
caldeirão de iguarias, que se bem entendidas e administradas
enriquecem os relacionamentos.
Hoje vamos falar de gerenciamento de pessoas e emoções. Tema que
está na ordem do dia.
O ser humano está em fase de transformação. Do paradigma cartesiano,
aos poucos vamos nos pós-modernizando e fazendo o trajeto pendular
entre a razão e a emoção.
Sete anos atrás, escrevi um texto sobre mudanças, com o título
“Corações e mentes”. Tratava da luta entre a razão e a emoção e do
esforço que nós, profissionais, vínhamos fazendo para nos tornar
mais coerentes.
Revendo seu conteúdo, percebo alguns avanços no campo do
comportamento humano e que o tema está na ordem do dia.
Cada vez mais é exigido, principalmente daquele que está em posição
de gerência, a presença da competência emocional.
Mais uma vez somos chamados a repensar atitudes e comportamentos,
com vistas à melhoria da qualidade nos relacionamentos.
O ponto de partida poderá ser um estudo comparativo da fisiologia
das emoções e os resultados organizacionais.
AS CINCO EMOÇÕES BÁSICAS
O ser humano, em sua existência, cinco emoções básicas:
Medo
Raiva
Tristeza
Alegria
Amor
Presentes nos ambientes de trabalho, cada uma delas tem sua
fisiologia e conseqüências para os resultados organizacionais:
FISIOLOGIA
CONSEQÜÊNCIAS
1. MEDO: sua presença altera os batimentos cardíacos, acelera a
respiração, dilata as pupilas e reduz o fluxo de sangue órgãos
periféricos, preparando o corpo para a fuga.
Pessoas com medo tendem a fugir de compromissos, evitam desafios e
apresentam baixos resultados.
O medo está relacionado com ameaças à sobrevivência.
Simbolicamente, podemos citar algumas situações que causam tal
emoção:
Demissões em massa, que trazem como conseqüência a ameaça constante
para aqueles que ficam.
Estilos gerenciais autoritários.
Mudanças bruscas no modelo de gestão, sem a devida sensibilização e
preparo dos colaboradores.
2. RAIVA: quando presente, gera tensão nos músculos, pupilas
diminuídas, maior circulação de sangue nos órgãos periféricos,
preparando o corpo para a defesa e o ataque.
Pessoas com raiva tendem a manifestar comportamentos agressivos e de
revide.
Um ambiente onde impera a raiva é pouco produtivo. A reboque, vem a
desconfiança, o ciúme, a inveja e outros sentimentos que interferem
sobremaneira no trabalho colaborativo de equipe. Precisamos de times
combativos e competitivos, porém unidos pela solidariedade.
Os principais fatores que geram a raiva são:
Injustiças
Posturas gerenciais agressivas e desqualificantes.
3. TRISTEZA: a postura de quem está triste é fechada e voltada para
o próprio umbigo. O abatimento, os ombros caídos, a ausência de
vitalidade e a ausência do brilho no olhar, indicam tal emoção.
Geralmente acontece quando alguém sente uma (ou diversas) perdas.
Como pode alguém preocupado e triste gerar resultados?
A tristeza induz à apatia, à falta de energia e à paralisação da
ação. Ambientes muito introspectivos, geralmente carregam esta
emoção.
As causas podem ser variadas:
Perda de status
Redução do espaço de poder
Perdas pessoais
4. ALEGRIA: quem está alegre apresenta tônus vital elevado, energia,
olhos brilhantes, movimento, riso fácil e disponibilidade para agir.
Ao encontrar pessoas felizes, percebemos no ar algo diferente: o
clima da paixão pelo que se está produzindo. Logicamente, um time
alegre, onde a camaradagem se faz presente, tem maiores chances de
gerar resultados e contagiar o ambiente com sua ação.
O que faz as pessoas felizes:
Reconhecimento
Atitudes éticas e coerentes
Possibilidades de desenvolvimento e crescimento profissional.
Desafios
Modelos de gestão abertos
Gerentes e líderes que são exemplo
5. AMOR: alegria e amor caminham lado a lado. As duas emoções
energizam o ser humano. Porém o amor acalma, faz com que nosso
organismo se harmonize, promovendo o bem estar físico.
Onde o amor se faz presente percebe-se um “quê” de sagrado. As
pessoas se respeitam, se ajudam, preocupam-se com o semelhante,
abrem seus corações e suas mentes para um saber compartilhado. A
retenção de talentos é facilitada, a gestão do conhecimento corre de
forma natural e, consequentemente, os resultados se maximizam.
O que leva um time a amar o que faz:
Lealdade
Respeito
Trabalho significativo
Sistema de gestão aberto
Gerentes e líderes que amam o que fazem e são matrizes de
identidade.
Na mescla das emoções que fervilham no caldeirão empresarial, o
tempero está nas mãos de cada colaborador, sob a batuta de seus
líderes.
Maria Rita Gramigna é Mestre em Criatividade Total Aplicada pela
Universidade de Santiago de Compostela (Espanha. Graduada em
Pedagogia pela Universidade Federal de Minas Gerais e pós-graduada
em Administração de Recursos Humanos pela UNA – União de Negócios e
Administração (MG). Atua no Mapeamento de Competências, contatos
estratégicos com clientes, capacitação gerencial e treinamento da
equipe de consultores da MRG Consultoria e Treinamento Empresarial.