Estresse, Traumas, Conflitos e EMDR
Por Silvia Malamud
28/01/2011
Estresse:
Sempre que atravessarmos nossos limites de suportabilidade física e
emocional, o estresse será desenvolvido. Disparadores que produzem
mal-estar e, por conseqüência, estresse, podem ser elencados em
diversos cenários diferentes como, mudança de cidade, conquista de
novos cargos, divórcio, perdas, cirurgias, situações emocionais
desagradáveis, repetitivas, excesso de jornada de trabalho e outros.
Trauma:
Quando não conseguimos lidar com acontecimentos difíceis, costumamos
congelar as memórias perturbadoras dessas vivencias em algum local
de nossas mentes. Ao longo da vida, novas memórias interligam-se às
memórias armazenadas, formando as mais variadas bases de
interpretação da realidade que desenvolvem toda a gama de
sentimentos e comportamentos. Novas experiências, portanto, sobrevêm
com o colorido emocional do passado, juntamente com recursos
adaptativos desenvolvidos anteriormente.
Estresse:
No processo de desenvolvimento do estresse, nossas histórias de vida
anteriores associam-se aos acontecimentos atuais do mundo externo,
na maioria das vezes nos cegando por completo em nossas atitudes.
No estresse, funcionamos como objetos destinados a ser cada vez mais
habilidosos para que intentos práticos sejam otimamente cumpridos.
Como resultado desse tipo de atitude e na dificuldade de se orientar
no que realmente faz sentido, corpo e mente padecem, entrando
simultaneamente em colapso.
EMDR
Terapia que trabalha os dois hemisférios do cérebro, com estímulos
oculares, auditivos e táteis. Esses estímulos ajudam a diminuir o
sofrimento provocado por lembranças perturbadoras, ou qualquer
situação emocional não resolvida que de algum modo gerencia a vida
de modo obscuro.
(EMDR: sigla em inglês para "dessensibilização e reprocessamento
através de movimentos oculares").
EMDR: Trauma e conflito:
O método de 'dessensibilização e reprocessamento através de
movimentos oculares', envolve exercícios, como pedir ao paciente que
acompanhe o movimento dos dedos do psicólogo de um lado para outro.
Enquanto isso, o terapeuta pede que ele recorde a cena mais
traumática de algum episódio que o perturbou ou que o perturba e que
tenha dificuldade de resolver. Na sequência, pergunta que emoção
está sentindo.
O método não consiste apenas no emprego de movimentos oculares.
Trata-se do resultado do trabalho de profissional clínico
devidamente capacitado e certificado pelo EMDR Institute, nos
Estados Unidos. O EMDR é um procedimento complexo que exige o
conhecimento da história clínica do paciente, um diagnóstico
apropriado e o desenvolvimento de relação de confiança entre
terapeuta e cliente.
A pesquisa dos Movimentos Oculares Rápidos (REM), que ocorrem
durante o sono, é relevante para esclarecer o êxito do EMDR. Estudos
demonstram que todos processamos as experiências do dia durante as
etapas do sono REM. Em situações normais, o cérebro "revisa" as
experiências do dia, processa-as e arquiva as lembranças em um
enorme banco de dados cerebrais. No entanto, quando temos alguma
experiência traumática, parece que o cérebro não consegue processar
o evento e o incidente permanece aprisionado em uma espécie de "nó
neurológico". É possível que os pesadelos sejam tentativas
fracassadas do cérebro no sentido de processar essas lembranças
traumáticas.
Estresse e EMDR:
Situações de estresse sempre têm algum fundo emocional . Assuntos
externos funcionam como disparadores de situações emocionais que
acabam por gerar estresse. O EMDR costuma, pela maestria de seus
procedimentos, ajudar as pessoas a reprocessar as situações
causadoras do estresse.
Conflitos, perturbações e EMDR:
No EMDR existe um intercâmbio de todas as partes dos cérebro no
intuito de que a experiência perturbadora seja reprocessada e desta
forma os hemisférios cerebrais entram num acordo para que ao
reprocessamento seja feito com eficiência. É interessante notar que
durante o reprocessamento em EMDR, observamos o nosso cérebro trazer
imagens, sentimentos, pensamentos, emoções e outros muitas vezes sem
a lógica linear conhecida pela mente alerta. Por isso, é importante
o não julgamento do paciente sobre o que estara ocorrendo durante o
período de reprocessamento. Os resultados são surpreendentes em
ganho de consciência, de novas atitudes e, principalmente, em
alegria e qualidade no viver.
EMDR:
Não é uma metodologia mágica, porém tem a sua mágica na rapidez em
que ocorrem as mudanças. Hoje representa a terapia para as demandas
do século XXI, onde tudo acontece rápidamente e de forma muito mais
veloz do que no século passado. Freud postulou a associação livre
para que pudéssemos resolver as nossas mais profundas questões
emocionais. Isso na época durava tempo. Hoje o EMDR faz isso na
máxima velocidade, como diz David Grand, Phd em seu livro "EMDR,
cura emocional na máxima velocidade".
"Se o corpo humano tem a capacidade de se curar das feridas físicas
com relativa rapidez, por que não a mente?" (Shapiro). A terapia com
EMDR ajuda a mente a se recuperar.
Como é a sessão de terapia de acordo com o método EMDR?
O terapeuta pede ao cliente para trazer à mente alguma lembrança ou
pesadelo, uma imagem real ou imaginária, uma sensação corporal ou um
pensamento. Ao aplicar a estimulação bilateral, ativa-se a rede onde
ficou presa a lembrança e restaura-se a capacidade de processamento.
Isso permite a busca de informações em outras redes neurológicas,
onde a pessoa pode encontrar o que precisa para compreender o que
lhe aconteceu. As duas redes -onde está arquivado o trauma e onde
estão as informações úteis à compreensão-, conectam-se pelo que se
chama "processamento acelerado de informação".
Cada série de movimentos continua liberando a informação
perturbadora e acelerando a elaboração dessas lembranças e imagens
por meio de um caminho adaptativo até que os pensamentos,
sentimentos, imagens e emoções tenham se dissipado e sejam
espontaneamente substituídos por uma atitude positiva (Parnell,
1997:55).
No Brasil, temos mais de 1000 profissionais formados em todo país,
sendo que esta abordagem é permitida apenas para psicólogos e
médicos. Outros profissionais estão proibidos pela EMDRIA de
exercerem por conta de possíveis situações nas quais apenas
profissionais capacitados podem dar suporte.
Às vezes questões aparentemente simples revelam-se durante o
percurso do EMDR com extensões inimagináveis e isso requer
conhecimento prévio para que o suporte seja eficiente.
Silvia Malamud é Psicóloga e atua em seu consultório em São Paulo.
Tel. (11) 9938.3142 - deixar recado. Autora do Livro: Projeto
Secreto Universos. Email: silvimak@gmail.com