Estresse e Preocupação Exagerada
Por Jorge Antônio Monteiro de Lima
16/07/2010
Por que o estresse gera preocupação exagerada com situações
triviais?
As idéias fixas e as preocupações são freqüentes nos casos de
estresse pela própria falta de controle do sistema nervoso e pela
ansiedade alta. O estresse tem uma carga neurótica que denota a
falta de controle pela consciência o que pode tornar situações
triviais em situações insuportáveis. Um bom exemplo são idéias fixas
que começam a surgir neste processo.
Em nossa sociedade vivenciamos um fenômeno que em muito nos
preocupa. Os valores sociais pautados sempre de forma negativa, os
escândalos, perda de ideologia política, quebra dos valores morais,
violência exagerada enfim tudo na sociedade conduz ao negativismo.
Veja que infelizmente isto está em todas as áreas e vem tornando se
banalizado. Principalmente na mídia da televisão. Vivenciamos a
força arquetípico do martírio estamos no ápice do sacrifício não
construtivo, do sacrifício pelo espetáculo. A sociedade atinge
orgasmos de plenitude vendo quotidianamente pessoas degoladas,
assaltos, terrorismo, tudo de ruim virou espetáculo e sinônimo de
informação. Mas o que é o informar se?
Esta estrutura negativista está recorrente e extremamente presente.
Infelizmente trazendo a tona nos casos de estresse muito mais do que
apenas uma vivencia pessoal, mas o reflexo de toda uma coletividade
que está imersa no negativismo. Daí quando notamos um paciente que
acaba por mostrar preocupações exageradas com questões triviais não
percebemos que na verdade aquilo também é o reflexo interior de toda
uma estrutura falida.
Quando a neurose se instala emerge o estresse e o Eu(Ego) acaba por
não encontrar forças para mediar as situações triviais do
quotidiano. Esta falta de forças acaba por virar exagerada para
fatores triviais da vida como atravessar uma rua, ir a um banco,
tomar uma decisão. Como diria uma paciente a alma cansada, fadigada,
esgotada...
Neste campo pessoal o estresse patológico traz potencialmente esta
marca da perda da força do eixo organizador da consciência que é o
Ego. Veja que daí podem surgir deste oceano de idéias fixas Fobias e
medos acentuados, comportamentos instintivos e míticos dos
transtornos obsessivos compulsivos, idéias fixas de vontade de
morrer da depressão, idéias de medo de morrer dos transtornos de
pânico. Tudo em um eixo comum.
Em termos de psicoterapia uma das melhores formas de aliviar as
idéias fixas é entender seu aspecto imaginário. Não basta nos
prendermos somente ao aspecto sintomático e assim as tratarmos. As
idéias fixas trazem a tona todo um sentido não somente de um eixo
neurótico, mas também vem carregadas de todo um conteúdo afetivo que
Carl Gustav Jung denominava Complexo. Este por sua vez estaria
carregado negativamente a tal ponto que tornar se ia independente do
eixo racional e passaria a ser autônomo na própria psique, dai
justificando a falta de controle e as crises. Esta carga afetiva
será trabalhada em 4 etapas básicas:
A) Confessional- na qual o paciente colocará para fora este
conteúdo, isto ocorre não somente pela verbalização mas por toda uma
expressão afetiva intensa. É o que chamamos de cartaz ou insight.
B) Elucidativa- Apos o paciente colocar todo este conteúdo para fora
ele iniciará um processo de resignificação de todo conteúdo afetivo
manifestado na fase anterior. Isto trará ao paciente consciência e
domínio trazendo a tona energia para que ele enfrente seus próprios
problemas.
C) Educadora- Após a despotencialização de parte do conteúdo dos
complexos feita na fase anterior o paciente iniciará uma série de
experimentações afim de revivenciar sua vida de uma nova forma. É
uma etapa interessante na qual o psicoterapeuta tem participação
ativa e de forma direta. Inúmeros exercícios afloram como nas
terapias comportamental cognitiva, mas todos dentro de todo um
processo ligado ao inconsciente e a uma expressão simbólica da vida
do paciente.
D)Transformadora- Esta última etapa tem em sua essência o período de
surgimento de uma nova estrutura psíquica muito mais ligada a um
novo sentido de vida para um paciente. Nesta fase abrem se as portas
do início do que Jung chamou processo de individuação. O paciente
abarca seu próprio sentido de vida e vislumbra sua própria essência
descobrindo os passos iniciais para sua auto realização.
Estas 4 etapas tem apenas um contexto didático e nem sempre ocorrem
de uma forma linear com tempo definido. Na psique humana tudo se
mistura.
As idéias fixas e a falta de motivação somem ao entrarmos na
terceira etapa do processo analítico citado anteriormente.
Outra questão que ajuda muito são os exercícios de meditação e de
respiração cíclica. Estes contudo como já falei passam a ser apenas
trabalhos sintomáticos não trazendo uma compreensão do que está
ocorrendo. O ideal é que juntemos os dois processos em um só.
Jorge Antônio Monteiro de Lima é pesquisador em saúde mental,
Psicólogo e musico Consultor de Recursos Humanos Consultoria para
projetos de acessibilidade para pessoas com necessidades especiais
email: contato@olhosalma.com.br - site:www.olhosalma.com.br