Êxito na Psicanálise - As Neuroses
Por Dr. Wagner Paulon
20/04/2008
As características gerais que diferenciam as neuroses, mais
corretamente denominadas psiconeuroses, das psicoses, dependem das
etiologias supostas.
Muitos autores internacionais descrevem uma continuidade de reações
associadas com defesas cada vez mais primitivas, que se estendem
desde os distúrbios de personalidade através das neuroses até as
psicoses. As distinções se reduzem pelo emprego do termo "reação",
no glossário americano, para descrever tanto as doenças psicóticas,
como as neuróticas (por exemplo, reação de angústia, reação
maníaco-depressiva), enquanto na psiquiatria britânica, uma divisão
mais definida é usada (neurose de angústia, psicose
maníaco-depressiva). A tendência é de considerar as neuroses como
doenças menos graves e mais benignas do que as psicoses, porém, com
a introdução de medicação cada vez mais eficaz, algumas psicoses têm
agora melhor prognóstico do que muitas enfermidades neuróticas,
estas tratadas com êxito pela Psicanálise.
Uma neurose obsessiva, por exemplo, pode ser mais crônica e
incapacita muito mais que alguns episódios de depressão endógena. O
diagnóstico de uma psicose implica em um distúrbio com maiores
ramificações por toda a personalidade, na qual há menor contato com
a realidade e, potencialmente, maior desagregação no ajustamento
social do que no caso de neurose.
Na psicose, há também, comumente, um comprometimento ou perda do
discernimento quanto à doença. Essas características são válidas
para muitas doenças psicóticas, porém não para todas, e alguns
aspectos podem ser observados em certas doenças neuróticas. Talvez
uma das diferenças mais importantes provenha das descobertas de
medicação de eficacidade crescente para as psicoses, enquanto as
drogas parecem ser de valor principalmente sintomático nas neuroses.
Assim, infere-se que nas psicoses, há lesão estrutural ou funcional.
Ambas podem estar presentes nas psicoses orgânicas, enquanto na
esquizofrenia e nas psicoses afetivas, a anormalidade pode ser de
tipo metabólico, com associação genética.
Contudo, estes problemas são de pouco interesse em situações
clínicas agudas, nas quais a preocupação primária é com os sinais e
sintomas, e as diferenças mais gerais têm pouca importância na
prática.
Nas formas mais benignas, ocorrem normalmente experiências
semelhantes às neuroses e essas, nestas circunstâncias, podem ser
consideradas como mecanismo de adaptação. A ansiedade moderada
suscita vigilância mental em uma situação de alerta, e a ansiedade
mais grave levará a evitar a situação ameaçadora que lhe é
associada. A depressão após a perda de um indivíduo afetivamente
significativo pode ser parte de um processo de luto normal. O luto é
necessário como um meio de conseguir libertar-se da perda dos laços
afetivos. Contudo, quando a ansiedade ou a depressão são graves ou
cronicamente incapacitadoras, devem ser consideradas anormais,
apesar de que os limites entre a normalidade e a patologia nem
sempre são definidos e são muitas vezes relativos às circunstâncias
de cada caso.
Habitualmente, são descritas cinco neuroses principais: neurose de
angústia, com ansiedade fóbica considerada separadamente, histeria,
neurose obsessiva e depressão neurótica. Serão estudadas
separadamente, a fim de enfatizar a sintomatologia básica, porém na
prática, as neuroses ocorrem quase invariavelmente em formas
associadas, sendo a ansiedade e a depressão uma combinação
particularmente comum.
Dr. Wagner Paulon - Formação em psicanálise (Escola Paulista),
mestre em psicopatologia (Escola Paulista), psicologia (Saint
Meinrad College) USA, pedagogia (FEC ABC), MBA (University Abet)
USA, curso de especialização em entorpecentes (USP), psicanalista
por muitos anos de vários hospitais de São Paulo.