Histeria segundo Pavlov
Por Dr. Wagner Paulon
18/05/2008

Segundo PAVLOV, a neurose histérica é uma doença determinada por traumatismos psíquicos desencadeando o mecanismo do "agrado ou desejo condicionados" do sintoma patológico. Existe uma debilidade da ANS, predominando a atividade subcortical sobre a cortical, e o 1. ° sistemas de sinais sobre os 2. °.

Pode surgir em qualquer tipo de sistema nervoso pela sobrecarga dos processos cerebrais, de forma súbita ou prolongada. A sobrecarga levaria ao enfraquecimento da função cortical, induzindo positivamente a subcortical. A predominância da atividade subcortical explica a hiperemotividade, crises afetivas e convulsivas.

A excitabilidade intensa da área subcortical leva o córtex à inibição supramaximal e à formação de estados fásicos hipnóides.

O histérico é altamente sugestionável. Uma excitação concentrada, num córtex débil, determina intensa indução negativa, isolando a área excitada de qualquer interferência coordenadora. A sugestão ou auto-sugestão decorrentes da influência de palavras ou representações atuam nos histéricos de maneira avassaladora. O estado de fase paradoxal em que se encontra o histérico o torna hipersensível aos estímulos débeis. A auto-sugestão poderá levar, por exemplo, à configuração orgânica da gravidez fictícia, com aumento da espessura do panículo adiposo abdominal e atividade das glândulas mamárias.

Os estados fásicos hipnóides com predominância do 1. ° sistema de sinais conduz o histérico à elaboração de fantasias e estados crepusculares.

As vantagens decorrentes do estado de incapacidade laborativa do paciente ao ser atingido por uma das inúmeras disfunções características, ou seja, os cuidados dispensados a ele e outras atitudes semelhantes, podem adquirir valor de "sinais", de agentes reflexo-condicionados, estabelecendo a situação de "agrado ou desejo condicionados” expostos por PAVLOV.

Na "simulação" não se encontra o mecanismo fisiopatológico acima referido.

A "neurose de renda" pode surgir como conseqüência de um acidente do trabalho ou no decurso de doença real, situações associadas à perspectiva do benefício daí decorrente. Observa-se aí a fixação de um e outro sintoma. É preciso não descuidar dessa feição de "vantagem" para o paciente.

A designação de "fuga na enfermidade", ao se referir à sintomatologia histérica, dá sentido depreciativo, inadequado e injusto, pois subentende a participação da vontade, de intenção deliberada e consciente, o que não é real.

Geralmente os sintomas histéricos se apresentam quando há espectadores, cumprindo-se deste modo o mecanismo do "agrado e desejo condicionados".

Como já foi dito, a neurose histérica pode manifestar-se em qualquer tipo de sistema nervoso; entretanto, é mais freqüente no sistema nervoso débil, com predominância da atividade subcortical sobre a cortical e do 1. ° sistema de sinais sobre os 2. °.

A histeria apresenta sintomatologia sem limites de variabilidade. As fixações podem ser as mais diversas e atingem todas as dependências da ANS. As mais importantes são os ataques histéricos, as perturbações motoras, sensitivas, vegetativas, sensoriais, da palavra e alterações psíquicas várias. A neurose histérica pede evoluir em minutos ou anos, desaparecendo pela suspensão das condições que mantenham o mecanismo do "agrado ou desejo condicionados".


Dr. Wagner Paulon - Formação em psicanálise (Escola Paulista), mestre em psicopatologia (Escola Paulista), psicologia (Saint Meinrad College) USA, pedagogia (FEC ABC), MBA (University Abet) USA, curso de especialização em entorpecentes (USP), psicanalista por muitos anos de vários hospitais de São Paulo.