A Humanidade está louca?
Por Silvia Malamud
28/08/2008
Loucura é sofrer e concluir que viver desta maneira é normal.
Loucura também é estar parado no tempo se repetindo indefinidamente
nos mesmos padrões. Loucura é ficar no conhecido piloto automático
tendo um tipo de reatividade para cada demanda que a vida nos incita
e sequer se dar conta de que não há qualquer autonomia sobre si
mesmo, portanto, sobre a própria existência.
Num processo gradativo, a nossa percepção pouco a pouco acabou sendo
minada. Passamos a achar normal uma vida medíocre sem grandes
entendimentos sobre nós mesmos. Pensamos ser normal correr atrás de
uma ganância desenfreada alimentada por uma competição atroz.
Pouco a pouco, perdemos a referência de quem somos e o pior é que
passamos a achar que a baixa qualidade de prazer que temos na vida é
normal. Não nos apropriamos de nós mesmos e, como conseqüência,
deixamos de existir como consciências quânticas que somos, passando
a funcionar num limiar muitíssimo baixo.
Através de uma comprometida busca pelo encontro com o que nos é
pessoal, os nossos processos de lucidez e de emancipação do eu
autogerador de um si mesmo consciente e, portanto, criativo, têm
portas abertas para se inaugurar.
A preconização é de que estejamos lúcidos, atuantes, criativos e
prazerosos em todos os nossos processos, que nada mais são do que as
jornadas conscienciais do nosso dia-a-dia.
À medida que nos libertarmos de sistemas de crenças aprisionantes,
bem como de tudo o que nos mantêm grudados numa tela de aparente
movimento, estaremos exatamente no caminho da lucidez. Neste
sentido, todo processo de crise existencial é bem-vindo como válvula
propulsora de uma transformação pessoal.
Nesta etapa, pela experimentação consciente e totalmente
vitalizados, estaremos na nota do prazer, em busca dos mais diversos
tipos de conhecimento e em conseqüência, a cada nova descoberta
teremos a oportunidade de nos renovarmos. Levamos um enorme tempo
nos alimentando por critérios morais impostos e auto-impostos, por
noções de certo e errado e por tudo o mais deste orbe que costuma
nos compor. Ocorre que todos nós, ao menos uma vez na vida, num
determinado instante somos acometidos por uma espécie de ataque de
lucidez onde passamos a ser e a pensar por nós mesmos questionando
toda essa engenhoca na qual nos transformamos.
Quase sempre no início da idade adulta, quando já estamos
identificados com tudo o que diz respeito a este plano, é que
podemos começar a ter vislumbres de percepção de existirmos em nós
mesmos. A seguir, costuma acontecer uma sensação de descolamento. É
quando nos percebemos existindo independentes de qualquer sistema em
que estejamos inseridos. Depois desta percepção, que dependendo da
pessoa poderá acontecer com maior ou menor intensidade, é bastante
comum seguir os mais diversos rumos de acordo com a ampliação da
consciência que este eu percebido promove em cada um de nós.
Este momento também pode passar de modo obscuro para a grande
maioria e para outros pode causar um enorme impacto na medida em que
se tem um vislumbre da unidade que todos nós somos.
Mesmo que seja por apenas um instante, esta sensação/percepção do Um
é extremamente delicada, posto que é neste ponto que a consciência,
assolada pelo medo do desconhecido pode seguir o caminho que envolve
uma possível paralisação existencial. Através de profundas
experiências individuais ocorre a possibilidade de transcender os
limites impostos pelas crenças assimiladas como únicas verdades. É
neste momento que começamos a ter consciência do que significa a
existência em si.
Para falarmos deste estado de consciência de si mesmo e da sanidade,
precisaremos entrar em contato com algumas das vertentes que
norteiam a psique humana e observar a sua singularidade. Portanto,
aqui cabe um foco de alta definição se você estiver neste tipo de
busca de encontro consigo mesmo.
Esta jornada pela sua lucidez na certa vai impulsioná-lo a buscar
parceiros que possam compartilhar desses seus momentos de
transformação e de resgate de si mesmo.
A idéia é que de fato você busque parcerias adequadas e tome um
cuidado especial para que não entre em algum outro tipo de sistema
de crença camuflado que vende ilusões de idéias sensacionalistas
sobre significados de como que se alcançar um suposto nirvana.
O nirvana está na capacidade da presença autoconsciente no agora.
Isso mesmo, na lucidez que se tem a cada microssegundo de nossas
vidas. No prazer que este status nos oferece e na mais absoluta
certeza de que isso sim é que é estar plenamente sentindo-se vivo e,
por conseqüência fora de qualquer espécie de insanidade.
Busque parcerias que possam estar na mesma senda que você, mas seja
extremamente criterioso nessa busca. Evite escorregar em padrões
conhecidos. Fique atento porque este lugar aqui proposto requer um
esforço inicial para que uma mudança efetiva se inaugure em você. Se
acaso se perceber muito mental ou só emocional, saiba que está
caminhando na direção oposta do que procura.
A parceria pode ser por meio de yoga, terapia, meditação ou por
algum assunto que o envolva em criatividade e elaboração. Sempre
elaboração sobre o vivenciado e esta pode vir em forma de insights e
pensamentos, mas invariavelmente deverá acontecer, para que o agora
esteja efetivamente presente e dinamizado em todos os seus momentos.
Silvia Malamud é Psicóloga e atua em seu consultório em São Paulo.
Tel. (11) 9938.3142 - deixar recado. Autora do Livro: Projeto
Secreto Universos. Email: silvimak@gmail.com