A Importância de continuar a brincar
Por Luciana Horta
19/11/2008
Agora há pouco estava observando minha sobrinha de dez meses
brincando. Brincando de aprender...
Acabou de conseguir engatinhar e já demonstra vontade de andar
também. Está descobrindo a todo o tempo novidades para acrescentar
em seu conhecimento - através das brincadeiras, do tato, do paladar
e da observação. Quanto a este quesito, repete várias vezes o que os
adultos fazem.
Testa também sempre seus limites, apesar de ainda não conseguir
respeitá-los - o que pode mexer e o que não pode, se é capaz de
ficar de pé sozinha ou não e, já se comunica verbalmente - usando
palavras que vem aprendendo e, especialmente, corporalmente -
demonstrando seus desejos, satisfações e insatisfações. Está
crescendo visivelmente a cada dia! Crescendo não só no tamanho, mas
principalmente na esperteza de lidar com a vida...
Já sabe até manipular os sentimentos dos adultos, através de
"chantagens emocionais".
Sua fome, mais do que uma necessidade física é a de brincar. Brincar
com o desconhecido - para passar então a se familiarizar com ele,
brincar com suas dificuldades - para então superá-las, brincar de
cair - para poder levantar em seguida, brincar de brincar - para
poder aprender!
Acredito que com todas crianças que têm um desenvolvimento normal
seja assim. Mas até quando isso dura? Até os dois anos, até os cinco
anos, até os 9 anos ou até os doze anos?
Não, nos dias atuais, com doze anos algumas crianças já estão mais
para adultas - não mais brincando de bonecas, mas de sexo! Não que
sexo não seja uma brincadeira - aliás, deveria ser sempre. O fato é
que algumas crianças andam precipitando seu aprendizado... E
aprendizado é feito de fases e testes de limites!
Então, até quando dura o prazer da brincadeira? A resposta é: DURA
ATÉ QUANDO QUISERMOS ESTAR VIVOS e não apenas passando pela vida!
Não tem uma idade definida, pois um adulto de 30 anos pode não
querer mais brincar de aprender e se entregar ao acaso da vida -
vê-la simplesmente passar. Cair e por ali ficar, sem sacudir a
poeira e dar a volta por cima.
Por outro lado, um idoso de 100 anos pode estar ávido pela
brincadeira, não concedendo a ninguém o direito de limitá-lo das
suas conquistas - mesmo caindo, opta por ficar brincando e
aprendendo...
A cada um foi concedido o livre arbítrio: fazer o que quiser com sua
vida!
É você quem decide se quer continuar a brincar com o desconhecido -
passando a ter no futuro um velho conhecido.
É você quem define os limites da sua capacidade. Não permita que
alguém faça isto por você! Só você sabe até onde quer e pode chegar.
Só você sabe quando é necessário respeitá-los - apesar de muitas
vezes enxergarmos uma "necessidade" que não é real e sim, fruto do
nosso pensamento.
As brincadeiras, o tato, o paladar e a observação continuam sendo
importantes em nosso aprendizado, mas com a maturidade de filtragem
da repetição.
Não é mais necessário repetir modelos de comportamento criados por
nossos pais, amigos ou por nós mesmos, que não acrescentam vantagem
no nosso crescimento.
É totalmente possível escolher o que de bom está sendo oferecido e o
que de bom deve ser mantido. É perfeitamente aceitável rejeitar o
que não presta! E não é falta de educação - é educação para o bem
estar!
Quais são suas fomes hoje? Dinheiro, casamento, filhos, emprego? E a
sua fome de brincar, onde está?
Sinta-se como uma criança, livre das implicações impostas a todo o
momento, pois assim poderá brincar de viver - com a vantagem de ser
um adulto que já adquiriu maturidade suficiente para não cair tanto,
como quando se começa a andar...
Luciana Horta é Psicóloga, Especialista em Gestão de Pessoas (RH) e
em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas, Mestranda em
Administração e Professora Universitária. E-mail:
hortaluciana@yahoo.com.br