O Jogo da Sedução
Por Sirley Bittú
28/10/2002
A sedução é a expressão da sexualidade, através da sensualidade.
Trata-se do assumir que é alguém que tem desejos e que é passível de
ser desejado. Sedução implica em ousadia, auto conhecimento,
confiança, segurança, desinibição. É um jogo relacional onde você dá
sinais de que se interessa pelo outro e torna-se alvo de sua
atenção. Todas as outras atitudes e comportamentos reforçam ou não o
sinal de interesse. Se é correspondido pode avançar alguns passos e
vice versa tudo depende de seu objetivo, preparo emocional e de sua
capacidade para tolerar frustração.
Culturalmente a sedução masculina sempre foi mais explícita e a
feminina mais escondida. Para os homens sedução era sinônimo de
virilidade e para as mulheres de promiscuidade e desvalor.
Com as mulheres conquistando ativamente seu espaço na sociedade e no
mercado de trabalho, consequentemente assumiram mais seu poder e com
ele sua liberdade de ação e atuação de seus desejos, inclusive
sexuais.
Hoje a mulher também escolhe, não é apenas escolhida, a relação de
sedução é mais clara, ela não precisa ou não deseja ficar mais no
papel de chapeuzinho vermelho ou da bela que dorme, enquanto seus
desejos aguardam ser despertos. Hoje a mulher está mais para Mulher
Gato (no filme I’m Batman) sensual, forte, intrigante e ágil. Aquela
velha fórmula de mulher como sinônimo de atitudes passivas e homem
de comportamentos ativos, a muito não reflete a realidade social.
O homem também mudou, não é apenas o príncipe encantado que tem que
ser belo, rico, forte e sarado em seu cavalo branco, ele já aceita
dividir a conta do restaurante ou ajudar nas tarefas domésticas, sem
achar que está perdendo sua masculinidade.
E o medo? O que fazemos com ele? Como sustentar um olhar sem suar
frio, como desmontar o mito - inconsciente, na maioria das vezes,
mas algumas vezes consciente, fruto de preconceitos culturais - que
paquerar não é sinônimo de promiscuidade, não é coisa de mulher que
não presta, ou de homem que não vale nada?! É verdade!! Alguns
homens também sofrem com isso.
O medo de se expor se correlaciona com o medo a crítica, a opinião e
avaliação alheia. Algumas pessoas, geralmente as mais tímidas,
carregam um equívoco importante, deduzem que ser o bom moço ou a boa
moça significa não desejar nada, apenas esperar ser desejado ou
escolhido, e consequentemente quem deseja estaria se oferecendo
descaradamente.
Novamente caímos na idéia de bom e mau, mocinho e bandido. O ser
humano é bom e mau, temos as duas coisas , nossa saúde vem da
relação que estabelecemos com o bom e com o mau que existe dentro de
nós. Esta relação é guiada ela noção de respeito que desenvolvemos
por nós e pelos outros, e por nosso entendimento de nossos direitos
e deveres como seres vivos e seres sociais.
Desejar é natural e humano, o entendimento que desejo é algo feio ou
imoral advém de uma sociedade baseada nos contos de fada, na
separação simplista de pureza e impureza, bom e mau, céu e inferno,
que se afasta da realidade humana e pior, onde a sexualidade
torna-se feia e suja. Obviamente quando me refiro a jogos de
sedução, o estou considerando entre pessoas adultas e autônomas, e
não quando a sedução é usada contra crianças ou pessoas indefesas,
nestes casos, considero um ato absurdo e covarde.
Vamos desmistificar isso, paquerar como disse antes, significa
mostrar interesse , certo? Este interesse primeiramente será de
conhecer o outro, não necessariamente é um pedido transe comigo, e
mesmo que seja, caberá a você decidir se quer ou não.
Torna-se mais fácil arriscar quando não se tem nada a perder e
difícil quando não se sabe como reagirá a uma negativa, se você
acredita em si e em sua capacidade de ser aceito, amar e ser amado,
em seu taco, o medo torna-se menor.
Quando vemos um homem bonito flertando com alguém dizemos: ele sabe
que é bonito... quando o homem não é tão bonito, mas age com
segurança dizemos: bonito ele não é mais tem um q à mais... é um
homem charmoso... e com as mulheres é a mesma coisa.
Algumas pessoas dizem não sei paquerar ou quando mais
velhas...passei dessa fase, não tenho coragem, seria ridículo. O que
realmente está em jogo nessas situações é o medo, medo de não
agradar, medo de não ser aceito, de não ser interessante, não ser
inteligente o suficiente, bonito o suficiente, magra ou suficiente.
A diferença entre os paqueradores dos primeiros exemplos e estes é
como você lida com seu medo, é claro que o bonitão ou o não tão
bonito também têm medo, mas a diferença é que arriscam, ousam,
tentam, usam sua autoestima como base.
Nossa autoestima é responsável por vários comportamentos que
implicam em segurança pessoal, portanto, procurar cuidar de sua
saúde emocional conhecer melhor suas características pessoais, tanto
as boas como as más, será sempre o melhor caminho para seu
desenvolvimento e para melhorar sua qualidade de vida.
O jogo da sedução pode ser algo lúdico e fortalecedor da auto estima
quando utilizado de forma saudável, afinal de contas, quem não gosta
de uma massagem no ego de vez em sempre!
Psicodramatista Didata Supervisora
Terapeuta em EMDR pelo EMDR Institute/EUA
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Email: sirley.regina@terra.com.br