Jovens x Problemas Emocionais x Fobias
Por Dr. Wagner Paulon
18/05/2008
Os adolescentes enfrentam alguns problemas psicológicos no decorrer
do desenvolvimento. A vida não pode nem deve ser totalmente isenta
ansiedade, de frustração ou de conflitos; como a alegria e o amor,
experiências fazem parte da condição humana, e sem elas a vida
desprovida de sua profundidade própria. Inevitavelmente, tais
problemas tendem a emergir com mais freqüência durante os períodos
de rápida mudança evolutiva e de rápida transição social, no início
da escolarização e no ajustamento à adolescência.
Geralmente os adolescentes podem passar por altos e baixos
emocionais, ter períodos de desânimo e de preocupação quanto a serem
aceitos pelos companheiros. Ele ou ela podem experimentar grande
ansiedade antes de uma prova escolar importante, ter explosões
ocasionais de raiva ou rebelião, envolver-se com outros em atos
delinqüentes de pouca importância, sentir melancolia pela perda de
um namorado ou namorada, preocupar-se com o sexo ou ter dúvidas
acerca de sua "verdadeira" identidade. Mas isto não significa que o
jovem seja psicologicamente perturbado ou que necessite de outro
tipo de ajuda que não a compreensão e o apoio normal dos pais. Só
quando tais condições são exageradas ou ameacem tornar-se crônicas é
que tem sentido considerá-las problema psicológico clinicamente
significativo e buscar ajuda profissional.
Determinados problemas psicológicos são relativamente fáceis de
compreender. Uma adolescente constantemente rejeitada pelas
companheiras de sua idade pode ficar ansiosa e refugiar-se no
próprio isolamento. O menino que foi submetido a disciplina rígida
ou incoerente, bem como à rejeição e ao ridículo por parte dos pais
durante o crescimento, pode se tornar belicoso e destrutivo.
Outros sintomas, no entanto, são mais desconcertantes - a tentativa
de suicídio que, ao menos superficialmente, parece resultar de
alguma decepção relativamente insignificante; a ansiedade aguda, ou
mesmo o pânico, que parecem não ter causa identificável; um medo
insensato de ficar só ou de sair de casa. Muitos desses sintomas,
aparentemente misteriosos ou ilógicos, têm origem na ansiedade
adolescente, e agem como defesa contra ela, a qual pode ou não ser
identificada e reconhecida por aqueles que a sofrem — medo de perda
de amor; da raiva, de sentimentos hostis; dos impulsos sexuais; ou
de inadequação pessoal. Às vezes, essas defesas funcionam - ao menos
em certo grau. Por exemplo, o medo reconhecidamente absurdo de sair
de casa (fobia) pode contribuir para mascarar um medo mais profundo
e inconsciente da incapacidade pessoal de enfrentar as outras
pessoas ou de atender às demandas da vida.
O fato de alguém admitir conscientemente para si próprio que padece
de medos como este último seria doloroso e lhe causaria ansiedade.
Mas em alguns casos as defesas psicológicas são ineficientes ou só
em parte eficazes e, assim sendo, pode surgir uma ansiedade
generalizada ou "flutuante".
As reações de ansiedade são diferentes dos medos normais (das
situações realmente perigosas) e das fobias (medos absurdos) porque
podem ocorrer sob qualquer circunstância e não se restringem a
situações nem a objetos específicos.
O jovem com uma aguda reação de ansiedade sente um medo repentino,
como se algo ruim estivesse para acontecer. Pode ficar agitado e
inquieto, assustadiço e padecer de sintomas como tonturas ou dor de
cabeça (que são geralmente psicossomáticos - totalmente reais para
quem os sente, mas sem nenhuma causa orgânica). A capacidade de se
concentrar e de prestar atenção pode ficar limitada, e o jovem pode
parecer distraído. São comuns as perturbações do sono.
A pessoa que sofre de reação aguda de ansiedade pode se surpreender
ou alarmar quanto à sua origem aparentemente misteriosa, ou pode
atribuí-la a uma ampla variedade de circunstâncias ou incidentes
externos isolados e, em geral, irrelevantes. Todavia, uma
investigação mais cuidadosa tornará claro que há fatores muito mais
extensos e fundamentais envolvidos - perturbação do relacionamento
entre pais e filhos, preocupação com as exigências do crescimento,
temores difusos e sentimento de culpa a respeito da sexualidade, ou
impulsos agressivos - embora o adolescente possa não estar
consciente do papel de cada um desses fatores no problema.
É obviamente essencial começar a intervenção terapêutica logo que as
reações de ansiedade sejam identificadas, de forma que a relevância
dos fatores causais possa ser mais prontamente determinada e
enfrentada. O tratamento deve começar antes que a ansiedade se torne
habitual ou crônica e antes que se instale uma reação padronizada a
ela, tal como esquiva psicológica, incapacidade de realização do
trabalho escolar, sintomas físicos contínuos de dor, diarréia,
diminuição do ritmo respiratório, fadiga etc.
Fobias
O medo intenso que o próprio indivíduo conscientemente reconhece
como irrealista é denominado fobia. Quando e incapaz de evitar a
situação fóbica ou de escapar dela, a pessoa pode se tornar
extremamente apreensiva e experimentar fraqueza, fadiga,
palpitações, transpiração, náusea, tremores, e mesmo pânico. Como
explicar as fobias? Em geral, podem resultar do medo de alguma
pessoa, de algum objeto ou evento, que seja tão doloroso ou que
produza tanta ansiedade a ponto de não poder ser encarado
conscientemente.
Tal medo é deslocado para algum outro objeto ou situação menos
inaceitáveis, geralmente algo que de certa forma simbolize o medo
original (em certo caso, por exemplo, descobriu-se que o medo
intenso de automóveis, experimentado por um garoto, representava
simbolicamente um forte medo de seu pai).
Ao contrário dos medos realistas, os medos irrealistas ou simbólicos
podem ser melhor combatidos quando se ataca sua fonte real. Também é
de ajuda dessensibilizar (isto é, acostumar gradualmente) o
indivíduo ao medo deslocado, caso a fobia seja antiga.
Dr. Wagner Paulon - Formação em psicanálise (Escola Paulista),
mestre em psicopatologia (Escola Paulista), psicologia (Saint
Meinrad College) USA, pedagogia (FEC ABC), MBA (University Abet)
USA, curso de especialização em entorpecentes (USP), psicanalista
por muitos anos de vários hospitais de São Paulo.