Lições de Perseverança
Por Rogerio Martins
20/08/2008
Exemplos e lições de perseverança e dedicação há aos montes. Nem é
novidade mais a extraordinária força que as pessoas têm para superar
os obstáculos e dificuldades. Porém, precisamos ficar constantemente
ligados nestas histórias e mensagens para que possamos agir como
seus protagonistas.
Por isso, começo este artigo com três perguntas de fundamental
importância para tratar este tema:
O que separa uma história de sucesso e seus predestinados das
pessoas comuns? Nada, pois todos eram pessoas comuns até suas
histórias serem contadas.
O que faz com que estas pessoas superem diferentes dificuldades
relatadas como exemplos de vida a serem seguidos? Foco, desejo de
mudança e motivação.
Mas de onde vem esta motivação, este desejo de mudança? Cecília
Whitaker Bergamini, explica que “as diferentes necessidades que
coexistem no interior de cada um são comparadas àquilo que também se
denomina de desejos ou expectativas e têm como origem carências dos
mais diferentes tipos, tanto no tocante ao componente físico, como
ao psíquico da personalidade”.
Como forma de maior elucidação destes questionamentos, repasso
resumidamente uma história que li recentemente sobre uma reportagem
a respeito da cantora cubana Glória Estefan. A cantora fez muito
sucesso quando o grupo “Miami Sound Machine” estourou nas paradas
americanas e mundiais. Sua mescla de ritmos latinos, pop e rock
contemporâneo fez com que se destacasse do grupo e seguisse carreira
solo.
Nesta referida reportagem, Gloria Estefan, conta sobre a saída de
sua família da ilha, em seu primeiro ano de vida, quando foi tomada
por Fidel Castro. Foram para Miami, onde começava a se formar uma
colônia de latinos, onde só se falava o idioma espanhol. Até os
cinco anos de idade, Gloria pouco ouvia a língua inglesa e muito
menos falava o idioma, mesmo morando nos Estados Unidos da América.
Passadas algumas situações adversas com seu pai e sua família,
acabaram mudando para outra cidade norte-americana. Foi quando
Glória ingressou na 1ª série da escola primária local. A primeira
palavra que aprendeu em inglês foi idiota. Era o apelido que outro
aluno havia dado a ela.
O roteiro para a derrota parecia estar traçado: uma menina latina,
sem fluência no idioma local, diferente em hábitos, postura e
fisionomia, tendo que conviver com crianças altamente
pré-conceituosas em um mundo totalmente desconhecido.
Como estamos tratando de lições de perseverança, claro que esta
história tem um final feliz. Mas o que tornou possível uma
reviravolta neste quadro inicial de ruína foram dois fatores:
incentivo e estímulo de uma pessoa próxima, no caso sua professora;
e sua capacidade de ir a luta, de não se deixar abater pela
dificuldade inicial, sua motivação.
O fator externo - nesta situação a professora primária - teve uma
importância ímpar, pois serviu como gatilho, como disparador do
processo interno de mudança e motivação exercido pela protagonista
desta história.
O uso do reforço positivo e da punição, amplamente estudados e
descritos pelos psicólogos behavioristas traz uma visão prática
sobre a influência dos estímulos externos. Porém, como lembram Steer
e Porter: “assim, estritamente falando, a teoria do reforço não é
uma teoria sobre motivação, porque, em si mesma, ela não diz
respeito àquilo que energiza ou inicia o comportamento”.
Há, portanto, que se considerar que o principal fator de toda esta
transformação, resiliência e perseverança está no próprio indivíduo.
Sua capacidade única de enxergar cada situação e agir positivamente
sobre ela. Viktor Frankl, psiquiatra judeu que foi preso pelos
nazistas na segunda guerra mundial e sobreviveu ao holocausto,
afirma: “a vida, potencialmente, tem um sentido em quaisquer
circunstâncias, mesmo nas mais miseráveis. E isso, por sua vez,
pressupõe a capacidade humana de transformar criativamente os
aspectos negativos da vida em algo positivo ou construtivo”.
Há pessoas que reclamam do mundo por acreditar que são vítimas dos
acontecimentos. Há outros que transformam os obstáculos em estímulos
para se tornarem melhores. O que diferencia os bem sucedidos dos
medíocres é, em grande parte, a capacidade de olhar criticamente o
mundo que o cerca, tomar decisões sabendo dos possíveis riscos e
agir com perseverança e afinco, mas também com flexibilidade para
mudar de rumo quando necessário. De que lado você está? De que lado
quer ficar? Sucesso!
Rogerio Martins é Psicólogo, Consultor de Empresas e Palestrante.
Especialista em Liderança e Motivação. Sócio-Diretor da Persona
Consultoria & Eventos. Autor do livro "Reflexões do Mundo
Corporativo". Membro do Rotary Club de SP Santana (Distrito 4.430).
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