Líder: O Encantador de Pessoas
Por Rogerio Martins
01/04/2008
Quando eu era criança adorava ler as histórias e ver os filmes onde
tinha o famoso personagem que encantava as serpentes. Pensava como
era possível ele fazer aquilo sem se machucar, sem que a serpente
não avançasse sobre o homem. Mais tarde entendi que o que aquele
homem fazia era baseado em técnicas aprimoradas através de muito
treinamento. Certamente ele deve ter sido picado algumas vezes, mas
aprendeu a dominar a serpente e utilizar este domínio a seu favor.
Transportando esta antiga lembrança para os dias atuais e, mais
precisamente, para o mundo corporativo, faço um paralelo com o líder
e sua equipe. Quantos profissionais conhecemos que detêm este poder
sobre seus liderados? Aqueles a quem chamamos verdadeiramente de
líderes?
Na história da humanidade sabemos de diversas pessoas que
conseguiram atuar como encantadores de serpentes, ou melhor, de
pessoas. É comum citarmos Moisés, Gandhi, Jesus Cristo, Getúlio
Vargas, Silvio Santos, Napoleão e o Papa João Paulo II como alguns
dos expoentes na capacidade de atrair pessoas e mantê-las sobre seu
“domínio”.
O fato é que estas personalidades, assim como outras pessoas menos
famosas, como um professor, um pastor, um parente, um gerente,
desenvolveram uma fantástica habilidade de cativar as pessoas a sua
volta. Esta capacidade, que é um fator que pode ser aprimorado
através de técnicas específicas, é conhecida como “carisma”. Há
pessoas que irão pensar: como é possível desenvolver o carisma? Não
é algo inato? Alguns têm e outros!
É certo que algumas pessoas nascem com maior predisposição para
certas coisas do que outras. A questão é que todos somos capazes de
aprimorar o nosso comportamento através do conhecimento de si mesmo,
técnicas específicas e vontade para mudar e estabelecer critérios e
objetivos. Enfim, somos capazes de aprimorar nossa capacidade de
sermos carismáticos.
Afinal, o que é carisma? Segundo algumas definições de dicionários,
carisma é uma qualidade marcante de um indivíduo que o distingue dos
demais. Ainda: atribuição a outrem de qualidades especiais de
liderança, derivadas de sanção divina, mágica, diabólica, ou apenas
de individualidade excepcional. Ainda há pessoas que acreditam que
carisma é apenas um dom divino, posição reforçada pela origem da
palavra, que em grego significa “graça” ou “dom”.
Existem estudos recentes onde até são definidos alguns tipos de
carisma. A americana Doe Lang é uma destas pesquisadoras que afirma
existirem dez tipos de personalidades carismáticas. Entre elas
destaco o carisma magnético, que é atribuído a pessoas que estão,
geralmente, no meio artístico e cultural. Mas, também, encontramos
aqueles que sem fazerem parte das celebridades conseguem realizar
seus feitos através das pessoas. É aqui que eu classifico o “líder
encantador de pessoas”.
Através de algumas ações é possível desenvolver e aprimorar o
carisma do líder no ambiente de trabalho. A primeira delas é ter um
profundo conhecimento das próprias emoções. Perceber a si mesmo e
como os sentimentos de “alegria-satisfação-felicidade” e
“raiva-frustração-medo” influenciam suas atitudes. Sabendo utilizar
o poder das emoções é possível gerar um ambiente favorável para o
melhor desempenho das pessoas. Faça uma lista de situações onde
estes sentimentos aparecem com mais freqüência. Procure perceber o
que verdadeiramente leva a sentir estas emoções e, quando não souber
como agir sozinho, procure a orientação de um profissional
especializado em coaching ou psicologia.
E tem mais... o líder carismático não é aquele que sempre “agrada”
as pessoas, mas sim aquele que é justo. Agir com senso de justiça
faz com que seus funcionários reconheçam um verdadeiro líder. Para
isso é preciso separar o envolvimento e preferências pessoais com os
resultados e metas estabelecidas pela corporação.
É preciso garantir que sua imagem perante os demais também seja
positiva. Alcançamos uma imagem positiva através de duas ações
simples: apresentação pessoal e comunicação. Não é preciso vestir-se
como um galã, muito menos com roupas e acessórios de grife. O
importante é manter um padrão de imagem, aquele que caracteriza sua
personalidade. Quando o assunto é comunicação vale lembrar que o
mais importante é a maneira que falamos as coisas. Mais do que o
conteúdo a ser comunicado, a forma, o jeito, a maneira de expressar
idéias e sentimentos é fundamental para criar empatia e simpatia nas
pessoas. Aqueles que aprimoram seu poder de oratória, sem dúvida,
criam uma espécie de carisma típico dos grandes apresentadores e
celebridades. Uma fala confiante, positiva e inspiradora pode ser
desenvolvida através de treinamento e observando pessoas que você
admira.
Claro que este é um assunto para muito mais linhas, mas meu objetivo
é trazer uma reflexão sobre o que torna alguns profissionais
verdadeiros encantadores de pessoas nas organizações. O caminho está
aberto para você trilhar estas idéias e encontrar sua própria
direção. Boa jornada!
Rogerio Martins é Psicólogo, Consultor de Empresas e Palestrante.
Especialista em Liderança e Motivação. Sócio-Diretor da Persona
Consultoria & Eventos. Autor do livro "Reflexões do Mundo
Corporativo". Membro do Rotary Club de SP Santana (Distrito 4.430).
Contato: artigos@personaconsultoria.com.br /
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