Ludoterapia
Por Eliane Pisani Leite
26/07/2007
Ludoterapia é o nome científico da Terapia através do brincar.
De acordo com Cabral (2000) “Análise infantil é um método de
diagnóstico e terapia infantil que combina os princípios da
Psicanálise freudiana e as técnicas projetivas consagradas nos
testes de Rorschach e de Murray (T.A.T.). A esse método, Melanie
Klein (1932) deu o nome de playtechnique, ou técnica de brinquedo,
ou ainda ludoterapia, depois desenvolvida por outros psicanalistas
da Escola de Londres, como D. W. Winnicott e Money Kyrle, e adotada
no todo ou em parte por analistas de outras correntes. A análise
infantil funda-se no princípio da catarse, uma vez que tenta
explorar o mundo de sentimentos e impulsos inconscientes (os
“fantasmas” infantis) como origem efetiva de todas as ações e
reações observadas nos pequenos pacientes”.
Melanie Klein estudou e relatou as descobertas da psicanálise que
resultaram na criação de uma nova Psicologia Infantil.
A criança desde os seus primeiros anos de vida pode experimentar
sentimentos ruins como angústia e luto.
O caráter primitivo do psiquismo infantil requer uma técnica
analítica especialmente adaptada à criança, para isso utilizamos sua
própria linguagem, ou pelo menos tentamos usar uma linguagem
acessível à criança como também lançamos mão de todos os tipos de
brincadeiras, desde jogos de regras como também jogos com bonecos de
pano ou animais, além de todo material pedagógico que contribui
muito para entendermos o mundo infantil. Por meio deste método
obtemos acesso às fixações e experiências profundamente recalcadas
da criança, o que nos possibilita exercer uma influência radical em
seu desenvolvimento.
O homem ao nascer é totalmente dependente nos primeiros anos de
vida.
Essa dependência se estende às atividades corporais e emocionais,
porque depende do adulto até para saciar suas necessidades básicas
como: agasalhar-se, alimentar-se, etc. O poeta, o artista, o pai, a
mãe, o amigo, o idealista estão latentes na criança pequena.
Toda brincadeira tem um significado a ser explorado.
Analogamente ao ator que pesquisa seu personagem, a criança constrói
seu conhecimento com brincadeiras, jogos, jogos dramáticos e jogos
com regras.
Muitos pais ao verem seus filhos brincando se questionam se devem
deixá-los sem fazer nada, porém desconhecem o fato de que brincar é
a forma natural da criança vivenciar todos os acontecimentos do seu
dia a dia e até mesmo compreender o mundo que a cerca.
Brincar é o trabalho da criança. Ela o faz para aprender, ganhar
experiência, desenvolver-se, exercitar sua criatividade. Durante as
brincadeiras começa identificar seus sentimentos: amor, raiva,
agressividade, Isso podemos observar durante os jogos dramáticos da
criança que procura imitar os adultos em suas atividades e se
utilizam de expressões e mímicas para representar o personagem
Dessa forma o melhor caminho para chegarmos ao mundo mágico da
criança é através da brincadeira.
A ludoterapia pode ser realizada também com adultos. Todos nós
precisamos brincar e sorrir sempre, para nos sentirmos felizes com a
vida.
Porém, é necessário explicarmos que para iniciar uma Ludoterapia,
antes é necessário que se faça um Psicodiagnóstico com a criança
para sabermos em que momento do seu desenvolvimento ela “ truncou”
em suas idéias e sentimentos.
Em primeiro lugar devemos entender o significado de
Psicodiagnóstico, o que isso significa?
Este é um trabalho especializado desenvolvido por Psicólogos ou
Psicopedagogos, que visa o esclarecimento dos fatores que estão
causando determinados problemas em um indivíduo. Esta seria uma
definição simplificada do trabalho realizado.
Para se efetuar um Psicodiagnóstico o profissional utiliza vários
instrumentos de trabalho, como, por exemplo, testes, entrevistas e
dinâmicas de grupo ou individual. Tudo isso com o objetivo de
conhecer melhor o funcionamento psíquico daquele indíviduo e dessa
forma fazer a intervenção terapêutica necessária baseada no laudo
obtido.
Muitas pessoas ficam em dúvidas se está no momento certo para esse
trabalho ou se é apenas um fato passageiro que o tempo resolve, nem
sempre essa é a conduta mais correta. Vejamos por exemplo o caso de
professores que ao lidar com alunos que estão apresentando
comportamento inadequado em sala de aula, ou mesmo crianças que
apresentam qualquer dificuldade de aprendizagem, ficassem esperando
que o problema se resolvesse por si só. Teríamos, isto sim, uma
camada de adolescentes que foram arrastados em seu processo de
aprendizagem, porque não foram assistidos em tempo hábil, a fim de
terem recebido ajuda no momento oportuno.
Fatos como estes não são difíceis de encontrarmos, acredito que seja
sempre melhor errar pelo excesso que pela falta. O prejuízo para a
vida pessoal que uma demora no diagnóstico pode causar, muitas vezes
pode ter um dano irreversível.
Devemos sempre que possível observar a realidade sem lentes
coloridas, pois dessa forma estaríamos vendo aquilo que nossos olhos
querem ver e não o que realmente esta acontecendo.
No nosso dia a dia estamos envolvidos com pessoas e muitas vezes
famílias que rejeitam qualquer tipo de intervenção e ajuda alegando
que os fatos são algo comum e que acontece em qualquer família. Isto
pode ser uma verdade, porém é justamente por ocorrer em várias
famílias que se tornou objeto de estudos para a prevenção e
tratamento desses problemas, sejam eles de aprendizagem ou de
comportamento.
A melhor forma de saber se o momento é oportuno ou não para um
diagnóstico, é usar o bom senso e a vontade de melhorar aquilo que
se pode melhorar.
Eliane Pisani Leite - Autora do livro: Pais EducAtivos
Pisicologia Acupuntura Psicopedagogia - pisani.leite@terra.com.br