A Maior Solidão do Ser Humano
Por Marcus Facciollo
12/11/2009
Uma pessoa pode sentir-se sozinha quando está longe de suas pessoas
queridas, quando não tem (ou pensa que não tem) amigos, pessoas que
a entendam, lhe deem carinho, atenção, quando termina um
relacionamento afetivo, perde um ente querido... São muitas as
possibilidades que trazem o sentimento de solidão.
Mas, a pior solidão que alguém pode sentir é a de não ter a si,
estar distante de seu interior, de sua verdade, não saber quem é.
Quando não sabemos de verdade o que somos, o que queremos, nos
sentimos perdidos e sozinhos. Ora, nem nós mesmos nos conhecemos,
por conseguinte, não conseguimos saber ao certo o que somos e
queremos, não somos companheiros de verdade da gente. Não agimos
seguindo decisões e desejos autênticos, somos levados pela opinião
dos outros, pela vida ou por valores que estão dentro de nós mas que
aí se instalaram vindo de fora, com nossa permissão, claro, mesmo
que inconsciente, mas não representam nosso eu verdadeiro.
Alguém nesse estado pode estar rodeado de gente que a ame, dê apoio,
compreensão, mas mesmo assim estará se sentindo só, muito,
desesperadamente até. Uma solidão que nada que vem de fora pode
aplacar de verdade se algo não for feito pela própria pessoa que se
sente solitária.
É muito ruim olharmos para dentro de nós e encontrarmos ideias
confusas, valores duvidosos, falta de autoconfiança criada por
mensagens incorporadas vida afora e pelo não conhecimento de nossa
real identidade. Se eu não sei quem sou verdadeiramente, não me
conheço, não sei me ajudar, me acompanhar, me amar.
Essa profunda solidão, da ausência do eu verdadeiro, provoca imensa
instabilidade e dor. Muitos distúrbios afetivos podem daí advir,
como a depressão, por exemplo. Quem passa ou passou por isso sabe
como é duro viver nessa condição. E às vezes nem todo o apoio
externo a suaviza.
O caminho para resolver essa solidão interior é voltar-se para
dentro, cada um em seu tempo, de seu jeito, às vezes procurando a
orientação de alguém habilitado, e tentar resgatar seu eu autêntico,
suas vontades, preceitos, qualidades e aptidões que podem estar
esquecidos lá no fundo, encobertos por toneladas de elementos
errôneos, pensamentos exteriores de qualidade duvidosa e mensagens
negativas que se permitiu que estacionassem no íntimo do ser.
Esse trabalho de autoconhecimento e redescoberta, de resgate do eu
verdadeiro, nos aproxima mais de nós mesmos, de nossa verdade. Vamos
nos achando de novo, percebendo o que temos feito que está ou não de
acordo com o que realmente queremos e precisamos. Esse resgate,
invariavelmente, faz com que reconheçamos nossas verdadeiras
qualidades, limites também (e esses concluímos se podem e devem ser
superados, quando e como). Vamos limpando o interior do que não é
nosso e percebendo o que de bom temos, vamos reaprendendo a nos
gostar.
Assim, começamos a nos nortear novamente na existência, mais
seguros, mais senhores e companheiros de nós, mais centrados, com
mais autorrespeito, autovalorização. Nos amando e conhecendo mais,
sabendo pelo que queremos lutar sinceramente; temos para onde olhar
quando procuramos respostas e referências: dentro da gente. Somos
uma grande companhia e amizade para nós mesmos, não estamos mais
sós. Quando tenho a mim, sinceramente, não me sinto só nem
desorientado, Posso ficar confuso às vezes, mas sei como parar,
refletir e encontrar o rumo novamente.
Não me sentindo mais só, com falta de mim, posso perceber melhor a
vida (e aprender melhor com a leitura que faço dela), seus
acontecimentos, as pessoas a meu lado e o que têm de bom a me
oferecer. Fico cada vez mais aberto e firme, melhor para viver minha
relação comigo e as relações interpessoais de todos os tipos
(profissionais, familiares, afetivas, etc.). Fico cada vez mais
distante da solidão.
Marcus Facciollo, Desde 1994, vem investindo no crescimento pessoal,
autoconhecimento e melhor entendimento da vida e do ser humano, seja
por meio de cursos (como os da Fundação ACL) ou de (auto)análise.
Desde criança, tem vocação para escrever e para o mundo das letras,
área na qual é formado. Trabalha atualmente como revisor de textos e
publica textos de sua autoria nas áreas de comportamento humano,
relacionamentos e autoconhecimento. Autor, com Sérgio Fernandes, do
livro "A vida pode ser mais leve - conheça-se e seja mais feliz":
www.avidapodesermaisleve.com.br