Melhor com eles ou pior sem eles?
Por Melissa de Fátima Antunes
04/10/2007
Se observarmos os contos de fadas tradicionais, como: cinderela,
gata borralheira, branca de neve. Tem algo em comum nestas historias
além das personagens principais terem sangue nobre, suas conquistas
são cheias de trabalho árduo, em alguns casos trabalho braçal
inclusive.
O que gostaria de abordar neste momento é o fato de terem sangue
azul algumas de nossas personagens não deixaram de se devotar ao
próximo, como por exemplo, a cinderela, foi durante muito tempo
escravizada pela madrasta e por suas meio irmãs, mas não era
infeliz, pois sabia da fragilidade de seus entes queridos e por isso
procurava auxiliar no Maximo que pudesse.
Porem quando o fato de ser solidaria ao outro começa atrapalhar a
felicidade, como o fato da madrasta proibir a cinderela de ir ao
baile, significa que não a solidariedade esta sendo confundida com
obrigação.
Por exemplo, quanta historia existe de crianças que começam a
trabalhar pra ajudar a por comida na mesa e por fim sabe-se que
existe um grande numero de crianças que abandonam a escola ou as que
permanecem tem um rendimento muito abaixo ao esperado. E o retorno
que a sociedade tem destes adultos que são responsáveis por estas
crianças se assemelha ha uma acomodação quanto à recolocação destes
responsáveis no mercado de trabalho.
Creio que os contos de fadas têm muito a nos ensinar, em especial os
citados acima deste texto, sabendo que a realidade sócia- econômica
do país é muito complexa, as crianças devem ser crianças, agir como
crianças se preocupar como crianças para que não seja perdida uma
importante fase de sua vida, realizado e preocupando-se com “coisas
de adulto”. Hoje as crianças não sabem brincar sem ter um computador
ou um vídeo game de ultima geração em suas mãos, além de serem muito
solitárias, as famosas e antigas brincadeiras de rua, como:
amarelinha, pular elástico, cinco marias, bolinha de gude, etc.
Segundo, I. CARVALHO (2004) em fevereiro de 2004, porém, foi
anunciado pela imprensa um corte de 80% das verbas do Peti no
orçamento de 2004 e a transferência das mesmas para o Bolsa-Família.
No que se refere aos benefícios, destacam-se a contribuição do
programa para a melhoria das condições de nutrição e do desempenho
escolar de crianças e adolescentes (além da sua retirada do
trabalho), reduzindo a repetência e a evasão, além do impacto
positivo da transferência de recursos para a economia e o comércio
dos municípios.
Segundo a autora, em sua conclusão sobre a erradicação do trabalho
infantil, Freqüentando uma escola pública de péssima qualidade (que
não estimula a permanência e a dedicação) e trabalhando no turno
complementar, ao ingressar no Peti os meninos e meninas apresentam
um atraso escolar que poucas vezes pode ser compensado.
Este também é uma visão real, mas não quero ser tão radical, quero
apenas que seja avaliado ate onde as crianças estão sendo tratadas
como crianças, cobranças e atribuições familiares, favorecer o
desenvolvimento infantil adequado. Onde crianças agem como crianças,
não têm atribuições e responsabilidades próprias dos adultos.
Mas tem alguns casos que observamos o comodismo por parte dos
adultos responsáveis onde acaba sendo mais “fácil” usufruir do
esforço infantil do que ir a busca de um trabalho melhor.
Tem outra vertente sobre o desempenho infantil junto de seus
familiares, onde os filhos observam o acumulo de tarefas junto a
seus pais (e/ou responsáveis) e para facilitar a convivência e
dividir as tarefas há casos onde as crianças tomam pra si algumas
obrigações e ou preocupações paternas como se fosse suas. Mas
sabemos que por mais que seja uma atitude louvável ela não favorece
o crescimento psíquico dos filhos que carregam junto de si
responsabilidades tão grandes.
Que logicamente todo este empenho e dedicação junto à família fazem
com que a criança não tenha o desempenho escolar esperado e onde
acaba na escola toda a incompreensão desta situação familiar
caótica. Porque a apatia e falta de pulso firme, limites dos pais,
colocando tudo no seu lugar, responsabilidades de crianças para as
crianças deixando que os adultos responsáveis (pais e familiares) se
preocupem com o bem estar e cuidados em geral da família.
Voltando aos contos de fadas, só há um final feliz onde cada um arca
com suas próprias obrigações e responsabilidades. A cinderela
consegue ser feliz quando deixa de acumular tarefas, deixando que
cada um faça sua tarefas diárias agindo com responsabilidade e
maturidade.
Poupar os nossos entes queridos não significa que devemos fazer tudo
por eles, afinal o individuo cresce/ evolui quando se responsabiliza
e arca para com suas obrigações e deveres. O que significa
maturidade fazer o que lhe é adequado, agindo com responsabilidade
jamais deixando de ser feliz.
Bibliografia:
Eletrônica:
http://www.scielo.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/?&IsisScript=iah%2Fiah.xis&base=article&nextAction=lnk&fmt=iso.pft&lang=
p&exprSearch=Algumas+and+li%E7%F5es+and+do+and+Programa+and+de+and+Erradica%
E7%E3o+and+do+and+Trabalho+and+Infantil (CARVALHO, I. M. M.,ALgumas
lições do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, 2004.)
Melissa de Fátima Antunes é Psicóloga especializada em crianças,
adolescentes, adultos, terceira idade, orientação de pais. É editora
de um blog onde fornece material para os pais - leitura, indicaçao
de textos etc: http://afadadodia.blogspot.com/
É pesquisadora da Usp - laboratório apoiar