O Mito de Deméter e Perséfone
Por Alexandre Quinta Nova Teixeira
28/04/2007
1 - O MITO:
No Olimpo ( lugar onde moravam os deuses ) Deméter se casa com Zeus
e geram Core (a jovem). Um dia Core estava brincando em Elêusis
(lugar onde mora os mortais) e vê uma flor de narciso no qual ela
fica encantada e acaba cheirando esta flor. Ao cheirar esta flor
Core fica tonta (NARKÉ=Narcótico) então a terra se abre e Plutão vem
numa carruagem para raptar Core e leva-la para o Hades ( mundo dos
mortos), pois Plutão se apaixonou por Core.
Deméter sente a falta de sua filha e fica louca a sua procura. Com
isto Deméter (Mãe Terra) sai do Olimpo e vai em busca de sua filha
pelo o mundo inteiro. Durante nove dias e nove noites a deusa fica a
procurar sua filha sem nenhuma pista. Enquanto Deméter está a
procura de sua filha a terra fica sem vegetação e sem fertilidade.
No décimo dia Hélio (deus do sol) diz a Deméter que viu Core ser
seqüestrada em Elêusis por Plutão. Com isto Deméter se transforma em
uma ama e vai conhecer Céleo e Metanira, que são reis de Elêusis , e
cuida do filho do casal ( Demofonte ). Deméter decide transformar
Demofonte em deus , para adotá-lo, levando ele ao fogo para sua
purificação, mas sua mãe descobre e impede este processo com um
grito.
Deméter diz que só volta ao Olimpo quando encontrar sua filha e pede
a Zeus. Este manda Hermes, o deus do caduceu de ouro, ir para Hades
e convencer Plutão de devolver a filha de Deméter. Então Hermes
convencer ao irmão de Zeus à devolver Perséfone, mas este dá uma
romã para ela comer. Deméter vai ao encontro de Core e ao abraça-la
Deméter sente sua filha diferente e pergunta se ela comeu algo em
Hades. Core diz que comeu uma romã e por causa disso ela terá que
passar um terço do ano em Hades . Com isto Core se transforma em
Perséfone que é esposa de Plutão.
Antes de voltar ao Olimpo Deméter ensina os seus rituais para Célio
e seu filho Triptólemo . Ao voltar ao Olimpo a terra volta a ter
vegetação e a ser fértil.
Célio funda os grandes mistérios de Elêusis que faziam parte dos
rituais de fertilidade da Grécia no anos 1500 AC até 300 DC. Nestes
mistérios qualquer pessoa que falasse grego poderia participar. Os
iniciantes assistiam o mistério que era apresentado pelos
sacerdotes. No final do mistério acontece a " GRANDE VISÃO " que era
apresentada a espiga de milho, que simboliza a fertilidade. Depois
de assistir ao mistério não se podia falar de nada o que aconteceu
ou a pessoa seria desmentida
Antes de se passar para os grandes mistérios tinha que se passar
pelos pequenos mistérios e a ponte de Guéfria, onde se falava vários
palavrões até chegar aos grandes mistérios.
2 - INTERPRETAÇÃO DO MITO:
Antes de amplificar este mito eu darei o significado dos principais
deuses do mito (Deméter , Perséfone e Plutão).
Deméter significa " a mãe-terra ". Esta deusa simboliza um excesso
de proteção. Ela traz o dom da empatia, compreensão emocional e
física das necessidades da pessoa. Tem a tendência de tratar os
outros como se fossem seus filhos e sua preocupação principal está
centrada na família. Deméter é regida pelo Eros(amor), o não-verbal,
saciando as necessidades de seus filhos e tem como principio o corpo
e o material. Em síntese Deméter representa o arquétipo da mãe.
Perséfone é a rainha do mundo dos espíritos onde existe o que há de
mais profundo no psiquismo humano. Ela vive no Hades e entra em
contato com os conteúdos reprimidos, estando num fase profunda do
inconsciente.
Plutão é o rei do Hades. Com isto ele rege o mundo inconsciente e as
riquezas interiores. Sua missão é conduzir as pessoas para o caminho
do auto-conhecimento e a integração levando-as ao seu processo de
individuação. Este deus é regido pelo logos ( leis e limites ),
ética, principio espiritual, voltada ao verbal e ao
auto-conhecimento. Plutão representa o arquétipo do pai.
Podemos amplificar este mito com a fase inicial do desenvolvimento
do homem.
No inicio quando Core ainda era um feto havia uma simbiose entre a
Deméter e Core. Nesta fase Jung se refere ao termo "URÓBOROS" onde
temos como símbolo a serpente que morde a própria cauda e o inicio
da vida. No uróboros o feto vive em equilíbrio e totalidade. O corpo
da mãe e da criança se misturam onde não podemos definir um e outro.
Quando a criança nasce, nós não conhecemos todas as forças que
entrelaçam, cercam e enredam os relacionamentos entre mãe e o bebe
pequeno. Só a mulher tem o dom da fertilidade dando a luz e a vida
de um novo ser. O mesmo acontece entre Deméter e Core. A menina
tinha o amor, a proteção e a satisfação das suas necessidades que só
a Grande Mãe pode proporcionar ao sua filha. Com isto não só Core
mas todos as crianças pequenas vivem no Olimpo, ou seja "O paraíso
da infância ", que simboliza a consciência. Nesta fase o bebe assume
uma posição horizontal vivenciando o arquétipo da mãe que foi
representado no mito pela Deméter "A MÃE-TERRA".
Quando Core cheira a flor de narciso ela fica tonta e desta forma é
seqüestrada por Plutão. Com isto a flor de narciso simboliza uma
armadilha para que Core seja raptada.
Este rapto está relacionado a primeira experiência sexual onde Core
sai do" paraíso da infância " para entra em contato com o mundo dos
mortos ou o seu inconsciente. Com este rapto Core (a jovem) se
transforma em Perséfone que é a esposa de Plutão e rainha do
inferno. Por ser rainha do inconsciente ela lida com o que tememos e
reprimimos. Se ela estiver muito aflorada pode levar a uma psicose.
Com isto Perséfone entra em contato com o arquétipo do pai.
Deméter sente falta de sua filha e Zeus manda que busque Perséfone.
Plutão permite volte a se encontrar com a mãe mas dá uma semente de
romã para ela comer. Esta semente representa simbolicamente a
sexualidade e a repressão de Plutão sobre Perséfone. Por causa desta
semente Perséfone fica sempre entre o consciente e o inconsciente.
Este mito é constelado em pessoas com traços infantis sempre
precisando de outras pessoas para tomar as decisões por ela. No caso
de Perséfone ela depende da mãe ou do marido. Desta forma ela não
tem maturidade, tendo a recusa a crescer. Por isto ela tem medo de
assumir sua própria individualidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRANDÃO,J. - In: Mitologia Grega - Volume 1- Ed Vozes, Petrópolis,
RJ, 1996
KERENYI, K. - In: Os deuses Gregos - Ed:Cultrix, São Paulo, SP
WAIBLINGER, A. - In: A grande mãe e a criança divina: o milagre da
vida no berço e na alma - Ed:Cultrix, São Paulo, SP