Mudança nos Valores do Trabalho e a Motivação
Por Maria Inês Felippe
24/09/2007

A motivação ainda é um grande desafio para as empresas, e cada vez mais deve ser preocupação, pois é o combustível que nos faz funcionar. Por meio da motivação há melhoria nos processos internos, dos produtos, envolvimento e comprometimento.

Quando a empresa realiza uma pesquisa de satisfação, é visível que a produtividade aumenta, quando as pessoas são motivadas de forma particular, através do desenvolvimento de suas capacidades, do reconhecimento dos objetivos, das tarefas e de seu valor, tanto por parte da chefia como pelo grupo que pertence.

Não esquecendo da recompensa através do seu salário, premiações, entre outras coisas etc.

O valor do trabalho passa por diversas transformações e sofre quebra de vários paradigmas. Como a Psicologia é uma área de conhecimento que há muito tempo compreender e explicar o comportamento humano, bem como suas motivações, favorecerá um pano de fundo das teorias motivacionais, pois já estamos tratando de mudança nos valores do trabalho.

Anteriormente era possível de realização pessoal bem como reconhecimento, o trabalho, tem representado nos dias de hoje nada mais do que meio de sobrevivência e de segurança, já que podemos identificar um grande número de pessoas insatisfeitas com o seu trabalho, como também muitas trabalham sem vínculo empregatício.

Pode-se dizer ainda que o envolvimento das pessoas com seu trabalho tem diminuído com o passar do tempo bem como as motivações das pessoas para com ele.

Antigamente, vivíamos num contexto diferente, onde as pessoas dedicavam-se de corpo e alma ao trabalho e estavam dispostos a encarar desafios.Com o passar do tempo, houve uma mudança. Um os aspectos críticos da motivação é a redução ou o excesso na jornada de trabalho levando a uma saturação psicológica do trabalhador como também a instabilidade social, política econômica que o país tem passado, provocando também instabilidade nos negócios e conseqüentemente no trabalho.

O valor do trabalho está perdendo espaço e dando caminho para algumas discussões se o trabalho ainda é uma fonte motivacional desde o trabalho mais repetitivo até o mais criativo.

O trabalho deixou de ser fonte de satisfação e qualidade de vida passando a exercer o papel de meio de sobrevivência e de esperança.

A crise da qual estamos ratando, trata-se de uma crise de valores, passível de julgamento e questionamentos.Tratando-se de um fato novo, ou de uma discussão mais atual, torna-se difícil encontrar índices objetivos do declínio de tal motivação para o trabalho.

Leboyer (1994) diz que isso acontece por duas razões: " primeiro, os indicadores de produtividade, de qualidade e de absenteísmo são determinados por alguns fatores. Segundo, alguns destes indicadores são altamente confidenciais".

Um dos indicadores merecedor de destaque para a desmotivação ao trabalho é a diminuição da jornada de trabalho.

Esta redução da duração total da jornada de trabalho pode ser tanto atribuída a crise das motivações quanto ao desejo dos trabalhadores em passar menos horas na fábrica ou nos escritórios.

As questões referentes às motivações representam há muito tempo grande parte das preocupações de psicólogos, e as motivações para o trabalho tornaram-se objeto de análise como contraponto às representações que Taylor fazia do homem.

Reconhecendo a importância do elemento humano nas organizações, alguns teóricos tentam desenvolver um quadro de referência para auxiliar os administradores a entender o comportamento e leva-los não só a determinar os porquês do comportamento passado como também até certo ponto, a prever modificar e até controlar o comportamento futuro.

O comportamento humano orienta-se basicamente para a consecução de objetivo, ou pelo desejo de alcançar objetivo, mas nem sempre as pessoas tem consciência dos seus objetivos, e nem sempre nossa mente vê conscientemente a razão das nossas ações.Os impulsos que determinam nossos padrões comportamentais, a personalidade é em grande parte subconscientes, onde Sigmund Freud foi um dos primeiros a reconhecer a importância da motivação subconsciente ( HERSEY E BLANCHARD, 1986).

Segundo Hersey e Blanchard ( 1986), a unidade básica do comportamento é a atividade, porque todo comportamento compõe-se de uma série de atividade.Como seres humanos, estamos sempre fazendo alguma coisa: andando,m conversando, comendo, dormindo, trabalhando, etc. Em muitos casos realizamos mais de uma atividade simultaneamente- por exemplo, conversar e dirigir o automóvel.A qualquer momento podemos decidir passar de uma atividade ou conjunto de atividades pra outra. Isso leva algumas questões interessantes.Porque as pessoas se envolvem em certas atividades, e não em outras? Porque mudam de atividades? Para tanto, precisamos saber que motivos ou necessidades das pessoas originam determinada ação em dado momento.

Os serem humanos são diferente uns dos outros não só em termos de capacidade para execução de determinadas tarefas, mas também pela sua vontade de fazer as coisas.

A motivação depende da intensidade dos seus motivos e estes podem ser definidos como necessidade, desejo, ou impulsos oriundos e dirigidos para objetivos, que podem ser consciente ou inconsciente.

Hersey e Blanchard (1986) os objetivos está fora da pessoa e 'às vezes são chamados de " recompensa esperada", para as quais se dirigem os motivos.

Os motivos ou necessidades são razões subjacentes ao comportamento humano e todas as pessoas têm centenas de necessidade e todas estas competem pelo seu comportamento. O que determinará a escolha do motivo que a pessoa tenderá satisfazer. " Será a necessidade mais intensa em determinado momento, e as necessidades satisfeitas podem a intensidade e normalmente deixam de motivar as pessoas a procurar objetivos para satisfaze-las".

Esses fatores dinâmicos, ao entrarem em ação, envolvem a personalidade como um todo, isto é, colocam em atividade a inteligência, as emoções, os instintos, as experiências vividas e os dados já incorporados ao psiquismo.

Basicamente a pessoa não consegue ir em frente se não for movido. O " motivo" é um estímulo que impulsiona para o comportamento especifico, estímulo este podendo ser interno ou externo.

O interno é as necessidades, aptidões, interesses pessoais e os externos são estímulos incentivos que o ambiente oferece.

Motivas significa criar condições para que os funcionários trabalhem mais e melhor em benefício da organização.

Cabe ressaltar:

Cada pessoa deve ser motivada de forma diferente, pois cada qual tem necessidades e emoções distintas. O homem é um ser insaciável, uma vez satisfeita uma necessidade, automaticamente surgirá outras, por isso, é importante que a empresa diversifique os benefícios, adequando-os de acordo com as necessidades dos funcionários.

Hoje o desafio dos gestores é motivar as pessoas a crescerem, juntamente com a organização. Caso isso não aconteça, o caos estará instalado.

Os fatores motivacionais envolvem sentimentos de crescimento individual de reconhecimento profissional e as necessidades de auto realização.

Não adianta somente oferecer panacéias de benefícios no final do ano, como churrascos, cestas de natal ou outros benefícios. Com esses recursos, o processo motivacional funcionará somente por um curto período.

É preciso pensar no que o funcionário gostaria de ganhar e não o que a empresa gostaria de dar, hoje.

Trabalha-se com benefícios flexíveis, ou cotas de benefícios.

A empresa disponibiliza uma relação de benefícios classificados como obrigatórios e outros opcionais e o

Funcionário poderá escolher o que mais lhe interessar.

Para que a motivação funcione é preciso que o funcionário esteja, também, disposto se motivar, vontade.

De trabalhar, principalmente que goste do que faz.

O papel da empresa nesse processo é o de propiciar condições e incentivos.

A formação de líderes e a estimulação da criatividade também são aspectos importantes para as organizações. Assim, é necessário dar liberdade para o funcionário criar novas formas de trabalho, produtos e serviços, proporcionando o comprometimento com a empresa.

O medo de errar e da punição é predominante na maioria dos cenários das organizações. É importante lembrar que o indivíduo criativo é regido pela auto realização, está atento a tudo o que acontece. Além disso, busca desafios, cria o novo, busca soluções criativas para os problemas, tornando-se motivante e auto motivador.

O desafio ao uso da criatividade no trabalho leva à motivação, favorecendo a participação ativa. Quando

Se bloquear a inteligência criativa há o desinteresse de participar, opinar e envolver-se mais e mais.

Muitas pessoas me perguntam, Maria Inês você faz palestras motivacionais, digo não, porque palestras motivacionais focalizam o efeito e não a causa da desmotivação.

Pergunto para a mesma pessoa: Quais são os comportamentos que as pessoas apresentam que você identifica como desmotivação, pois bem são nesses comportamentos que trabalho, além do comportamento trabalho nas causas que levam a desmotivação. Na sua grande maioria estão nas políticas de recursos humanos ou na cultura da organização. Sem trabalhar estas questões é o mesmo que passar um verniz encima de uma ferrugem, pense nisso.

Mas lá vão algumas dicas:

Motivando por metas

Estabeleça metas claras e atingíveis. Pouco adianta uma meta inatingível, ou facilmente atingível, no lugar de incentivar gera frustração, elas deverão ser desafiadora;
Divulgue a todos- Estabeleça a regra do jogo para todos , não importa quantas pessoas participam do programa, e possibilite meios de atingir as metas. Estimule a criação de slogans, campanhas, etc.
Propicie condições físicas, tecnológicas, materiais e psicológicas para a conquista;
Envolva-Há metas que abrange somente um departamento, outras vários, ou até a empresa toda;
Propicie um clima interno de incentivo- Por intermédio de quadro de aviso, intranet, lembretes, exemplos: se o primeiro classificado for ganhar uma viajem para uma cidade de praia, poderão colocar fotos da praia, pessoas se divertindo, no quadro, música do lugar, bonés do local, etc;
Distribua prêmios adequadamente- Saiba que existem pessoas que possibilitaram para que outros atinjam a meta, pois há trabalhadores que não são notados: ex. auxiliares, secretárias, etc;
Comemore- Formalize o acontecimento através de um jantar, uma festa, reunião comemorativa, etc, guarde surpresa quanto aos primeiros ganhadores.
BIBLIOGRAFIA:
- HERSEY, Paul & Blanchard, Kenneth H. 1986. Psicologia para Administradores.São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária.
- LEBOYER, Claude Levy.1994. A crise das motivações.São Paulo, Atlas.
- Revista Gestão Plus n. 18 - Ano Janeiro/fevereiro 2001- O desafios da Motivação - Maria Inês Felippe, pág 18 e 19.


Maria Inês Felippe: Palestrante, Psicóloga, Especialista em Adm. de Recursos Humanos e Mestre em Desenvolvimento do Potencial Criativo pela Universidade de Educação de Santiago de Compostela - Espanha. Palestrante e consultora em Recursos Humanos, Desenvolvimento Gerencial e de equipes, Avaliação de Potencial e competências. Treinamentos de Criatividade e Inovação nos Negócios. Palestrante em Congressos Nacionais e Internacionais de Criatividade e Inovação e Comportamento Humano nas empresas. Vice Presidente de Criatividade e Inovação da APARH.