Mudar sem Medo
Por Suyen Miranda
16/05/2008
Sempre vejo pessoas se queixando da situação, da estagnação de suas
vidas e dos problemas recorrentes. Isso até parece um modismo:
queixar-se do que desagrada. Fica o alerta: não tem coisa melhor do
que este comportamento para afugentar amigos!
Brincadeiras a parte, fico pensando o porquê de tanta reclamação. A
primeira coisa que vem à mente é por quê isso perdura? A resposta
chega rapidamente: mudar e tentar algo novo é explicado como:
“difícil”, “arriscado nesses tempos”, “estou sem tempo, é melhor
deixar como está”, e outras alegações nada criativas.
Será que é tudo isso mesmo? Não, não é. Uma porque quando queremos –
seja por um grande amor, seja por uma grande dor – mudamos. Quem já
não ouviu a história da mulher que ficou viúva (ou abandonada, ou
qualquer outra causa que deu sumiço no marido) e com “n” filhos para
criar, descobriu em si mesma uma energia de progresso que deu uma
reviravolta na vida dela e de quem estava ao redor? Ou do workaholic
que descobriu ser portador de doença grave, mudou radicalmente de
vida e passou a gerenciar uma pousada no Nordeste?
Mas não é preciso tudo isso para mudar, ou será que sim?
Nas minhas considerações, ainda há muita preguiça por parte do ser
humano quanto a buscar soluções que implicam no risco de acertar.
Afinal, após uma certa idade, achamos que sabemos todas as
respostas, e o que ainda não foi inventado não é da nossa
competência. O curioso é que a cada dia vemos novidades audaciosas,
histórias que parecem saídas da imaginação mais mirabolante possível
tomarem as páginas dos jornais em destaque. Contraditório, não é
mesmo?
Desacomodar. Como é ruim fazer diferente do que estamos
acostumados...
Mas o mundo está aí, e se os queixosos não se mexerem rapidamente,
nem o espaço deles continuará no mesmo lugar.
Vejo que muitos deles nem sempre foram assim: houve um dia no qual
eles eram curiosos, ávidos por novidades, experiências e riscos que,
em sua imaginação, nunca trariam problemas. Foi na infância. Foi na
adolescência. Foi nos arroubos da juventude.
Quantos dos atuais queixosos não fizeram loucuras por amor, ou por
uma oportunidade profissional. Agora, se alguma coisa induz ao
movimento, ao risco do novo, estes se fecham com o conhecimento de
sua “grande” sabedoria.
É claro que você, que está lendo isso, não é assim! (por favor,
concorde!)
Você deve ser aquele tipo de pessoa que não espera as coisas ficarem
difíceis, quase insustentáveis, para modificar o estado de coisas.
Até porque você é curioso, às vezes xereta, como queiram, mas aberto
ao que o novo pode proporcionar.
Você sabe que a dor modifica as pessoas, mas já passou da fase de
sentir a água chegar no pescoço para então se mexer. Você muda pelo
amor ao progresso e à prosperidade, assuntos que são uma constante
na sua vida.
Você se orgulha secretamente de ter muita história para contar dos
momentos em que arriscou e deu certo, e dá risada das tentativas que
viraram “causos” e “micos”. Até porque mesmo malsucedidas, fizeram
com que você pudesse colorir sua vida. E agora, tem mostrado aos
outros – aqueles queixosos – que a felicidade que está sendo
construída por você a cada dia é o melhor retorno que pode ser dado
a essas pessoas. Você muda e não tem medo de mudar.
Mesmo porque a única coisa imutável é a onda de mudanças.
Entretanto, se você sente que ainda falta coragem para mudar, ou
para começar, comece já. Abra sua cristalizada forma de pensar para
o que é diferente. Já pensou em andar para trás, só para movimentar
os músculos das panturrilhas? Ou comer com a mão esquerda, se for
destro? É um detalhe que abre a percepção.
Se ainda faltam argumentos, pense em como será sua vida quando for
mais feliz da rotina que tem. Ainda é pouco? Pense em quantas
pessoas podem fugir de você por continuar irredutível em suas
convicções e constantes queixumes... Comece e perca o medo de mudar.
Para concluir, vou deixar uma frase que li no meio de um
supercongestionamento na Marginal Pinheiros, há um tempo atrás. Era
o outdoor de uma bebida. Estava escrito assim: “Viver é desenhar sem
borracha”.
Que você vai errar muitas vezes vai, mas terá muito mais chances de
acertar e fazer aquele desenho bonito que dará sentido na sua vida.
Suyen Miranda é publicitária, jornalista, consultora em qualidade de
vida, pesquisa o comportamento humano nas sociedades e realiza
palestras motivacionais, treinamentos comportamentais e coaching,
com experiência internacional. Mais detalhes no site
www.suyenmiranda.com.