O que é o Estresse
Por Jorge Antônio Monteiro de Lima
16/07/2010
Digo sempre que o estresse é um nome chic para algo muito velho que
é o esgotamento nervoso e físico. Na verdade é um mecanismo de
adaptação natural extremamente primitivo capaz de gerar dois tipos
de respostas bem específicas presentes em todo reino animal
inclusive no ser humano: ataque e fuga. Este mecanismo instintivo
nos adapta ao meio, nos protege e nos impulsiona para crescer e
sobreviver. Veja que até no alimentar se do ser humano primitivo
havia o ritual de caçar. Isto nos fazia mobilizar toda uma série de
hormônios, nosso sistema nervoso, percepção, aparelho circulatório
etc.
Todo nosso corpo e psique se preparam para este momento o que acaba
por exigir uma concentração de hormônios, neurotransmissores, e de
toda uma extensa energia psíquica e afetiva, resumindo envolvia toda
uma energia concentrada de várias instancias. Só que o ritual
primitivo da caça mudou e hoje nossa sobrevivência está atrelada ao
trabalho que diversificou se. Todavia o mecanismo primitivo não, ele
continua o mesmo na espécie humana.
Só que hoje em dia sabemos que o estresse não é nem positivo nem
negativo. Tanto sua falta quanto seu excesso podem ser prejudiciais
mas dependem do indivíduo, e de sua estrutura pessoal o que tornará
o limiar do agente estresso amplamente variável.
Mesmo assim esta é uma avaliação pessoal e extremamente singular
variando inclusive de acordo com a cultura e o local em que o
indivíduo esteja inserido.
Os antigos falavam do estresse como fadiga, esgotamento e
particularmente gosto desta terminologia. Tanto pelo excesso quanto
pela falta, a frase que mais ouço em meu consultório de pessoas
estressadas é: "estou esgotado..."; que poderá variar: "estou
cheio"...; "estou cansado demais"...;"chega"...; "já não sei mais o
que fazer...";"tenho impressão que já tentei de tudo mas nada...";
"Estou rodando em círculos e não consigo sair do lugar...";
O problema do estresse é algo interessante e que merece uma profunda
reflexão nos dias de hoje.
No dia 23/10/2003 assistimos no programa da Rede Globo de televisão
"Globo Repórter" cujo tema era o Estresse, que apontava em 98% da
população mundial independentemente da região sofre algum nível de
estresse acentuado.
Assim quase toda sociedade está com esgotamento nervoso e físico.
Inúmeros estudos associam o estresse( nome importado para
representar o esgotamento nervoso e conseqüentemente físico) ao
surgimento de diversas patologias como a depressão, transtornos
alimentares, hipertensão, fadiga crônica,...sendo então apontado
como fator de agravamento de inúmeras patologias ou como agente
etiogênico de outras. O estresse não deve ser visto como uma doença
mas como o processo de adoecimento gradativo da psique, ou melhor
uma pre-doença. O estresse detem os seguintes sintomas:
* estado psicológico desagradável(desconforto, angústia, ansiedade
ou insatisfação,...) ;
* irritabilidade;
* estado de tensão emocional;
* distúrbio de sono(hipersônia ou insônia);
*distúrbio do apetite tendendo a agravar com o passar do tempo;
*acentuada perda de energia;
* dificuldade na concentração e memória;
* preocupação exagerada com situações triviais;
* queda no rendimento das atividades;
*Queda do apetite sexual (até a impotencia);
*Inquietude acentuada;
Podemos falar sem medo observando tal sintomatologia que a
depressão, os transtornos alimentares, o pânico em inúmeras
situações são frutos diretos de tal esgotamento.
Inclusive para nós é extremamente importante combater as causas
psíquicas que o fazem eclodir. Assim por meio do reforço da
estrutura da personalidade e do Ego (Eu) observamos o que gerou este
estado neurótico que nada mais é do que a incapacidade do Ego em
mediar tais situações psíquicas e lidar com os fatos extra psíquicos
e intra psíquicos. Este equilíbrio quando alcançado resolve boa
parte dos problemas de saúde mental minimizando os efeitos e
sintomatologia presentes numa crise.
Assim devemos levar em conta o fator altamente subjetivo do estresse
que estará diretamente ligado a capacidade individual de cada um
sendo altamente correlacionado a afetividade. Aqui cada caso será
único não havendo espaço para "receitas de bolo", nem programações
psíquicas. Os tratamentos sintomáticos, cartesianos, e diretivos
aqui tem pouca eficácia e a médio e longo prazo trazem agravamento
aos casos.
Vejo que há uma profunda marca neurótica em todo este processo de
forma que embora emergem na comunidade científica outras
nomenclaturas, isto não muda o fenômeno da patologia, ou seja, o
estresse nada mais é do que a manifestação de um Complexo ativado
negativamente, o que foi descrito por C. G. Jung em 1900 em seus
estudos psiquiátricos, sua tese de doutorado.
Atualmente observa se 3 níveis básicos de estresse: leve, moderado e
alto. Os mais patológicos são os leves e os altos. Uma carga média
de estresse é salutar e normal a vida humana sendo inclusive agente
motivador. Nenhuma criança aprende a andar sem levar tombos. Assim é
normal que em fases da vida tenhamos maior probabilidade ao estresse
como na entrada e no final da adolescência, no período pré nupcial,
na gestação, e em outras fases da vida de profunda transformação.
Isto por que o estresse cuidará da adaptabilidade entre nossa psique
e o meio.
O problema do estresse na atualidade nos remete a perda de
capacidade e de produtividade o que numa sociedade altamente
consumista é deveras problemático.
Por fim os componentes fisiológicos do estresse estão diretamente
associados ao sistema nervoso e hormonal.
Jorge Antônio Monteiro de Lima é pesquisador em saúde mental,
Psicólogo e musico Consultor de Recursos Humanos Consultoria para
projetos de acessibilidade para pessoas com necessidades especiais
email: contato@olhosalma.com.br - site:www.olhosalma.com.br