Obesidade & Sofrimento Psicológico
Por Niédia Paiva Albuquerque
14/03/2011
Foi buscando respostas para meus questionamentos pessoais, que foi
possível averiguar vários aspectos os quais me levaram a crer, ainda
mais, que a obesidade gera significantemente um sofrimento
psicológico no ser humano.
Conversei com muitas pessoas, na maioria mulheres, e muitas delas me
disseram que não eram felizes devido serem obesas; Elas relatam que
existem sim, momentos f elizes, mas quando buscam a sua felicidade
interna, não a encontra e isso atribuem a obesidade.
Muitos de nós nos perguntamos: Se ser obeso é tão ruim, causa tanta
infelicidade, porque não se fecha a boca e emagrece? A resposta vai
muito além do que a vontade própria do indivíduo, vai bem mais longe
do que o seu amor próprio.
Segundo informações do Ministério da Saúde do Brasil (1999), a OMS
(Organização Mundial de Saúde), classifica a obesidade uma doença de
alto risco, crônica e reincidente, que afeta milhões de pessoas em
todo o mundo. A obesidade tem adquirido proporções epidêmicas e vem
crescendo significantemente. Mesmo que consiga emagrecer, a pessoa
terá que passar o resto da vida cuidando da alimentação e de olho na
balança. Não é fácil para um obeso tomar a decisão de perder peso.
E outro fator que dificulta o seu emagrecimento é de caráter
biológico. O consumo de carboidratos e de doces aumenta a produção
de serotonina, que é um transmissor ce rebral que atua gerando uma
sensação de prazer momentânea, a qual dura em média 1 hora à 1 hora
e meia; Passado esse período vem novamente à tona o desejo pelo
consumo de doces e massas na busca do prazer anterior, assim
desencadeando, algumas vezes, a compulsão alimentar. Com essa visão,
podemos comparar a dificuldade que um obeso tem em se privar de
determinados alimentos, com a dificuldade que um usuário de drogas
tem de se livrar das drogas. Sendo que o obeso ainda sofre o dilema
de se privar consumindo, pois mesmo que em pequenas quantidades, ele
nunca poderá deixar de comer definitivamente, diferentemente do
usuário de drogas, que o seu tratamento é em busca do afastamento
total das drogas.
Não é possível descartar também as influências sociais acerca dessa
problemática, pois sabemos que as cadeias de fast-food estão
presentes no dia-a-dia, "facilitando" a vida das pessoas, já que a
maioria opta por praticidade, esquecendo muitas vezes de priorizar a
saúde, escolhe ndo alimentos saudáveis.
Psicólogos podem atuar questionando pacientes obesos da seguinte
forma: Você tem fome de que? Ou seja, o que te angustia? O que você
busca? Pois é na ânsia de realizar inúmeros desejos, que o obeso
"cai de boca" na comida, pois assim conseguirá saciar também a sua
fome emocional. Isso mostra que a obesidade também é de caráter
psicológico.
Focando no sofrimento psicológico causado pela obesidade, foi
fundado um programa (www.gordasemrecuperacao.com.br) na cidade de
Mossoró-RN, o qual pessoas que não se sentem felizes com o seu peso
se reúnem e conversam sobre a problemática. Nesse programa é
perceptível a necessidade que as pessoas têm de serem compreendidas
dentro do seu contexto biopsicossocial. Lá, a grande maioria dos
participantes do programa consegue perder peso, para isso apenas são
escutados e compreendidos, logicamente que nos encontros dos grupos
são mostrados caminhos que podem ser seguidos para que emagreçam,
sendo que quase todo o beso já tem uma trajetória de vida a qual foi
dedicada a nutricionistas e academias de ginásticas, sem êxito. No
entanto, a dieta a qual o programa utiliza, seguida de diálogo e
compreensão, geralmente obtém sucesso.
Obesos tentam manter o bom humor e atrair pela simpatia, mas sofrem
muita discriminação, principalmente na televisão. Em programas
humorísticos, por exemplo, não se fala mal dos negros, de pessoas
com câncer ou HIV. Mas há quadros humorísticos inteiros
discriminando obesos e o próprio obeso se coloca naquela posição.
Com base em minhas experiências e em conversas informais que já tive
com pessoas obesas, afirmo que enquanto obesos, dificilmente se é
completamente feliz, há quem diga o contrário, mas creio que
qualquer obeso que pudesse ter a capacidade de escolher entre ser
gordo ou magro, seria pelo magro que ele optaria.
"Quando se trata da obesidade,
estudos referem-se à imagem
corporal mostrando que indivíduos
obesos não apreciam se us corpos
ou distorcem suas percepções
sobre eles."
(Candy & Fee, 1998; Venturini, 2000).
Niédia Paiva Albuquerque - Graduanda do curso de psicologia da
Faculdade de Ciências, Cultura e Extensão do RN. Coordenadora do
GR's (Gordas em Recuperação) de Natal -RN. Brasil.