Onde Estão Nossos Líderes?
Por Maria Rita Gramigna
09/06/2007
“Precisa-se de pessoas determinadas, que nunca abram mão de
construir seus destinos e arquitetar suas vidas. Pessoas com ética e
dignidade que conduzam com coerência seus discursos, seus atos, suas
crenças e seus valores. Precisa-se de pessoas que saibam administrar
coisas e liderar pessoas”.
Uma discussão que se abre permanentemente nos círculos empresariais,
diz respeito à dificuldade em identificar os líderes de vanguarda em
seu staff.
Tal fato, em parte, deve-se à atual falta de instrumentos que
identifiquem profissionais com perfil de liderança para a ocupação
dos postos estratégicos.
Os critérios variam desde o bom desempenho na função anterior (quase
nunca de liderança) até a existência de um QI (quem indicou) alto.
Estamos referindo às inúmeras empresas que mantém modelos de gestão
baseados no sucesso do passado, sem se ater às grandes
transformações que surgiram na última década.
A velocidade vertiginosa das mudanças trouxe uma nova exigência: a
necessidade de alavancar ações capazes de ampliar a competitividade
das empresas e a identificação de lideranças efetivas para conduzir
os processos de desenvolvimento.
O líder efetivo é capaz de criar estratégias e apontar o rumo na
qual a empresa deve se dirigir para alcançar o sucesso. Este mesmo
líder consegue a adesão de seus liderados na luta pelas causas que
propõe – tarefa das mais difíceis, de acordo com depoimentos de
alguns gerentes.
A crise de liderança ultrapassa as fronteiras brasileiras e alcança
quase todas as áreas de atuação do ser humano.
Segundo o professor John P. Kotter, da Harvard Business Scholl,
considerado um dos maiores especialistas em liderança da atualidade,
há “escassez de líderes no mundo todo”. Afirma ele que o problema
será minimizado quando as escolas de administração passarem a
investir na formação de líderes no lugar de formar somente gerentes.
Sabe-se que os grandes esforços de transformação organizacional só
serão efetivados quando os condutores do processo dedicarem 80% de
seus esforços nas ações de liderança e 20% no gerenciamento.
Atualmente estes percentuais são inversos.
O desafio que se apresenta no atual contexto é preencher esta lacuna
e transformar profissionais com algum potencial em líderes de
vanguarda.
Para ocuparmos posições de destaque no mercado interno e externo,
precisamos de profissionais que ajudem a operar as transformações
exigidas pelos novos tempos, onde o gerenciamento e a administração
de processos se transformará em resultados significativos, se
ancorados por um forte processo de liderança de pessoas.
Afinal, quem opera os processos? Quem faz qualidade? Quem contribui
com idéias? Quem executa os planos de melhoria, senão as pessoas sob
a tutela de um bom líder?
As experiências divulgadas pela mídia em geral, sinalizam algumas
empresas que, mesmo investindo grandes valores em programas de
gestão totalmente informatizados e com previsão de sucesso
garantido, não obtiveram o retorno que esperavam.
Onde estará a falha? Na ferramenta ou nas pessoas?
As empresas que investirem em programas de formação de liderança,
certamente ocuparão o podium!
SOBRE A FORMAÇÃO DE LIDERANÇAS
É importante ressaltar que um líder não é formado em curto espaço de
tempo. Um bom programa deve incluir ações que instiguem a revisão de
valores e crenças, estimulando mudanças de atitudes. De nada
adiantará montar uma grade curricular de treinamento e
desenvolvimento com temas atuais e ferramentas de última geração, se
os conteúdos não forem abordados de forma a atingir os participantes
em seu comportamento.
Hábitos, conceitos e preconceitos obsoletos precisam ser colocados
na mesa para serem reavaliados e revistos, dando lugar ao novo.
Três aspectos devem ser levados em consideração quando se propõe
formar líderes:
1. Que novas atitudes vão agregar valor ao perfil de liderança
vigente?
2. Que habilidades devem ser desenvolvidas de forma enriquecer a
ação de liderança?
3. Que conjunto de conhecimentos o líder precisa buscar para
acompanhar as tendências de mercado?
Com as respostas à mão, inicia-se o mapeamento de competências de
liderança e os primeiros traços do perfil começam a se delinear.
INDICADORES DE COMPETÊNCIAS MAIS APONTADOS NA COMPOSIÇÃO DO NOVO
PERFIL DO LÍDER
• ATITUDE EMPREENDEDORA, apoiada por um comportamento ativo e
estimulador aos seus liderados e abertura a inovações.
• DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES que favoreçam a obtenção da adesão
de seus liderados às causas, projetos, objetivos e metas propostos.
• PERMANENTE ATUALIZAÇÃO dos fatos que ocorrem no contexto interno e
externo no qual atua e desenvolvimento de senso crítico para melhor
aproveitamento das informações coletadas.
Ainda não há uma fórmula mágica e estamos longe de vislumbrar um
perfil de liderança que atenda de forma generalizada a todas as
empresas, porém faz-se necessário investir esforços no sentido de
definir perfis desejados e transformar gerentes e executivos em
verdadeiros líderes de vanguarda.
Vale a pena relembrar: resultados são alcançados quando o esforço de
liderança é maior do que a soma de esforços de gerenciamento de
processos.
Maria Rita Gramigna é Mestre em Criatividade Total Aplicada pela
Universidade de Santiago de Compostela (Espanha). Graduada em
Pedagogia pela Universidade Federal de Minas Gerais e pós-graduada
em Administração de Recursos Humanos pela UNA – União de Negócios e
Administração (MG). Atua no Mapeamento de Competências, contatos
estratégicos com clientes, capacitação gerencial e treinamento da
equipe de consultores da MRG Consultoria e Treinamento Empresarial.