O Papel do Professor
Por Vanilde Gerolim Portillo
02/12/2004
A influência dos pais no desenvolvimento da personalidade da criança
é incontestável, já que há tempos vem sendo objeto de discussões,
estudos e teorias.
Mas o que podemos dizer do papel do professor? Sua influência sobre
o desenvolvimento da personalidade do aluno é relevante?
A resposta é sim. O professor exerce função não menos importante do
que a dos pais no desenvolvimento da criança.
A criança vai lentamente lutando pela liberdade de sua consciência
individual desde a mais tenra infância e, nesta luta, a escola
exerce um papel fundamental por ser o primeiro ambiente que a
criança encontra fora da família. Neste ambiente é inevitável que os
companheiros substituam os irmãos, o professor o pai, a professora a
mãe.
O professor deverá estar consciente deste papel e da sua
importância. Deverá entender que sua tarefa não é apenas inserir na
cabeça das crianças um número crescente de ensinamentos e sim, antes
de tudo, exercer certa influência sobre a personalidade, como um
todo.
A atuação do professor sobre a personalidade da criança é, em alguns
casos, mais importante do que as atividades curriculares.
Visto desta maneira, o professor é a ponte mais importante da
passagem do mundo infantil para o mundo adulto, pois junto com os
pais, os professores são responsáveis pelo encorajamento ao
crescimento e independência das crianças.
Ouvimos muitas vezes que o adolescente está destinado para o mundo e
não para permanecer agarrado a seus pais. Mas como introduzir este
jovem no mundo adulto de maneira segura e sem traumas?
O professor tem aí o cerne de sua função social, porém como
personalidade e não como um mero transmissor de conhecimento.
A tarefa é difícil. Por isso o professor deve estar preparado
psicologicamente para exercer plenamente suas funções com
responsabilidade e harmonia.
Segundo o médico, psicólogo e pensador suíço, Carl Gustav Jung; -
“Como personalidade, tem, pois o professor tarefa difícil, porque se
não deve exercer a autoridade de modo que subjugue, também precisa
apresentar justamente aquela dose de autoridade que compete à pessoa
adulta e entendida perante a criança”.[1]
Esta atitude não poderá ser obtida forçosamente, porém deverá vir de
modo natural à medida que o professor se comporta de acordo com o
que ele se propõe a ensinar.
O professor deverá antes e mais nada ser um cidadão que cumpre seus
deveres como tal, deverá ser uma pessoa correta e sadia. O bom
exemplo é o melhor método de ensino, uma vez que ocorre
espontaneamente e inconscientemente, onde a personalidade do
professor se sobrepõe ao método adotado.
Se o professor estiver psicologicamente sadio e entender que sua
função no mundo vai além de simplesmente encher as cabeças das
crianças com matérias e mais matérias, certamente iremos ter
crianças, jovens e adultos mais saudáveis, ou melhor, vamos ter
adultos de verdade, preocupados com si mesmos e com os outros,
respeitando-se mutuamente e ao seu meio ambiente.
Diz Jung: “Desde que o relacionamento pessoal entre a criança e o
professor seja bom, pouca importância terá se o método didático
corresponde ou não às exigências mais modernas.” [2]
Neste sentido a educação dos adultos, neste caso a do professor, é
que está em jogo. Se os professores se preocupassem com sua própria
educação psicológica o benefício seria revertido indiretamente na
educação da criança.
A educação do adulto referida acima está ligada diretamente ao seu
autoconhecimento e este se dá com a análise profunda de seus
sentimentos como, medos, temores, incertezas, raiva, etc.
Não podemos varrer sentimentos que nos perturbem para baixo do
tapete, pois cedo ou tarde esta “sujeira” acumulada invadirá nossas
vidas nos momentos menos adequados.
Existe a possibilidade de nós mesmos estarmos analisando nossos
sentimentos, ou contarmos com amigos e parentes para nos ajudar,
porém, por mais sinceras que as opiniões dos outros possam ser nunca
deixarão de ser contaminadas pelos próprios sentimentos devido ao
envolvimento emocional que estas pessoas tem conosco.
Nestes momentos apenas a ajuda de amigos e parentes não resolve, é
necessário buscar auxílio de profissionais experientes que o
ajudarão a entender que não precisa “estar perturbado mentalmente”
para se sentir com dúvidas ou angustiado. Basta entender que é
humano e que viver pode não ser fácil.
O trabalho psicoterápico é destinado a qualquer pessoa que deseja
buscar o autoconhecimento como meio de crescimento, como também,
àqueles que estão passando por momento difíceis na vida. O apoio
psicoterápico é sempre útil nas mais diversas situações de perdas,
crises existenciais motivadas por fases etárias, etc.
[1] JUNG, Carl Gustav – O Desenvolvimento da Personalidade, pág. 60
[2] JUNG,C.G. – O Desenvolvimento da Personalidade, pág. 60
Vanilde Gerolim Portillo - Psicóloga Clínica - Pós-Graduada e
Especialista Junguiana - Atende em seu consultório em São Paulo:
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