Uma Pausa para Criar
Por Maria Inês Felippe
14/07/2008
Objetos de desejos de todos são uma pausa e a formula mágica para
despertar o potencial criativo.
Pausa, indispensável para qualquer ser humano, se não fosse ela
provavelmente não existiríamos, indispensável considerando o corre
corre que vivemos.
Criatividade um assunto que fascina a todos, objeto de muitos
estudos e é aquilo que precisamos para viver melhor, para sermos
mais competitivos.
Domenico de Masi, sociólogo italiano, ressalta a importância do ócio
criativo para a vida das pessoas.
A pausa funciona como ativadora do poder de criação, diria que o
ócio criativo servirá não só para criar, mas para poder viver na
cidade grande e se criar é viver nossa criação fica comprometida,
crescendo cada vez mais as filas nos consultórios de tratamento de
doenças psicossomáticas, tais como problemas na pele, estômago,
dores de cabeça e a doença do século, a depressão.
Aspectos estes bastante discutidos nos treinamentos principalmente
considerando a cultura brasileira, sistema econômico e ritmo de vida
que levamos.
É fácil entender, agora puxando a sardinha para nós mulheres.
Hoje temos que trabalhar, na sua grande maioria possui jornada
tripla, trabalhando fora, estudando a noite, ao chegar em casa é
mãe, orientam os filhos nas tarefas escolares, com grande esforço
conversa com os filhos a respeito da vida, na tentativa de
orientá-los e para compensar o tempo que fica afastada. Também
assume o papel de esposa e algumas executam atividade do lar.
Cada vez mais as mulheres estão ocupando espaço no mercado de
trabalho, principalmente levando em conta o êxito conquistado, sua
feminilidade, intuição, junto com estas conquistas a disputa do
mercado ela também está absorvendo as doenças da vida cotidiana,
tais como problemas cardíacos, pressão alta, stress, doenças que
antigamente eram privilégio dos homens.
Por outro lado os homens também sofrem as mais diversas pressões em
relação ao seu desempenho profissional, onde o resultado é cobrado
para ambos. Eles estão assumindo um outro comportamento que exigiu
dele quebrar modelos mentais tais como o homem é provedor e a mulher
é responsável pela administração do lar e educação dos filhos.
Os papéis estão sendo modificados e é certo que a única certeza é de
um fim totalmente incerto levando a todos a uma saturação
psicológica comprometendo cada vez mais a saúde física e mental.
Temos que fazer algo para mudar este cenário.
Outro dia estava voltando de Belo Horizonte e conversando com um
executivo ele disse que a sua vida é viajar.Semanalmente viaja para
quatro estados por semana, antes viajava de um estado para outro,
agora está feliz, pois está conseguindo retornar a São Paulo para
dormir em casa. Hoje viaja pela manhã e regressa no último vôo,
dorme em casa e no dia seguinte tudo de novo.Veja que loucura.
É preciso reavaliar nossos valores, princípios e também das
organizações.
A pausa além de proporcionar um descanso físico, também alimenta a
alma. Cada vez mais percebemos que um mês de descanso, ou os finais
de semanas livres são insuficientes para "desligar", mas de qualquer
forma permite sentir, pensar ou até mesmo não fazer nada.
Para o processo de criação é importante observar, sentir, devanear,
descontrair, favorecendo a criação de um mundo melhor que lhe
satisfaça e muitas vezes propicia reavaliar seus valores e criar
novas formas de vida.
Quando Domenico de Masi assinalou a importância do avanço
tecnológico e que conseqüentemente teríamos mais tempo livres para
praticar o ócio criativo, doce ilusão do nosso amigo italiano, ele
não contava com o sistema em que vivemos, mas é inquestionável a
importância do ócio como estimulador para que possamos perceber mais
o que está ao nosso redor, o que está acontecendo no mundo o que
dispomos, além de observar com mais detalhes nossos jardins, flores,
elementos da natureza que no dia a dia não conseguimos perceber e
assim podemos estabelecer analogias, junções de elementos, sendo
assim a intuição fica mais livre provocando os "insigts", os
"clics".
A prática de esportes, escutar musicas, dançar, ir ao teatro, cinema
ou até mesmo fazer nada devagarzinho, nos remete a voltar para si
mesmo, descobrindo-se, sonhar, imaginar e criar.
Quem não se renova desarticula-se do contexto e dificilmente se
adapta as novas situações, buscar a saúde mental passa a ser
condições básicas para a sobrevivência humana.
Todas estas questões implicam em considerar os componentes que
concebem a inovação, introduzindo novas idéias, realizando-as e
aplicando-as nos respectivos contextos, assim como criar o que não
foi criado.
A pausa criativa poderá ser a mola propulsora para mudança de
hábitos, porém a prática nos assinala que a criação poderá ser
ativada também sob pressão exemplo diante de um problema, onde temos
que resolver imediatamente, durante uma avaliação de processos
fabris, durante uma mesa de negociação, etc. O que não podemos é
levar a uma saturação psicológica do trabalhador exposto
constantemente a trabalhos sob pressão, caso contrário continuaremos
engrossando a fila dos consultórios médicos.
*Maria Inês Felippe é consultora e palestrante, especialista em
Criatividade, Inovação e Gestão, e autora do livro 4 C’s para
Competir com Criatividade e Inovação, pela Editora Qualitymark -
www.mariainesfelippe.com.br