Por que o salário nunca é suficiente?
Por Jerônimo Mendes
11/01/2009
Milhares de profissionais acordam todos os dias e, contrários à sua
vontade, seguem para o trabalho onde, na maioria dos casos, vão
fazer o que não gostam, sorrir para quem não querem e ganhar menos
do que poderiam. Por outro lado, outros milhares acordam todos os
dias, e contrários à sua vontade, correm para a próxima banca a fim
de comprar o jornal para procurar emprego e enfrentar a fila da
última vaga disponível onde, em muitos casos, ela existe porque
alguém chegou à conclusão de que era melhor tentar um novo emprego
ou ainda porque foi disponibilizado para o mercado.
Assim é o mundo corporativo. Existe sempre alguém disponível para
ocupar a sua vaga pela metade do seu salário, portanto, mudar de
emprego não basta. Reflita sobre os seus ganhos. Sai dissídio, entra
dissídio, sai chefe antigo, entra chefe novo e, mesmo assim, você
continua ganhando pouco. Vinte anos se foram na mesma empresa e você
não foi reconhecido. Muitos vieram de fora e você não foi promovido.
Qual a razão para isso?
É muito simples, mas antes permita que eu compartilhe uma história
que ocorreu comigo há muito tempo. Certa vez tomei coragem e abordei
o diretor da unidade onde eu trabalhava numa grande companhia e fui
direto ao ponto:
- Grande chefe, o meu salário não sobe faz muito tempo, o dissídio
foi pouco e não resolveu o meu problema. Existe algo que possa ser
feito por mim?
Na época eu ganhava um bom salário, nada mau para quem saiu do
interior, galgou a escada corporativa e, de emprego em emprego, foi
melhorando, mas, para minha surpresa, ele foi mais direto do que eu:
- Grande Jerônimo! Como eu gosto de você e do seu trabalho, juro,
mas deixa eu te dizer uma coisa: esse negócio de aumento é besteira,
vai por mim. Eu, por exemplo, ganho quase 30 mil por mês e não me
sobra nada. A única coisa que eu posso fazer é ajudá-lo com a
rescisão e a multa do FGTS.
Na hora eu fiquei mudo e dei aquele sorriso infeliz, porém o fato me
fez repensar a maneira de ver o problema. De lá para cá prometi a
mim mesmo que nunca mais pediria aumento de salário, mas faria tudo
para construir a minha própria renda. Ele não deixava de ter razão,
pois o importante não é quanto você ganha, mas como você gasta e
administra a parte que lhe cabe.
O maior erro que se pode cometer é não saber viver com o salário que
se recebe e, por conta dos “brinquedinhos” que a mídia incute
diariamente na sua mente e na mente dos seus filhos, você acaba
levando uma vida de empréstimos e mais empréstimos e faz do cheque
especial a extensão do seu salário. É necessário muito amor e
equilíbrio para resolver o problema da falta de dinheiro na família.
O salário nunca será justo e suficiente para as suas necessidades e
você está sempre querendo mais, pois a despesa cresce na mesma
proporção da sua receita.
De fato, 5% de dissídio ou 10% de meritório não vão resolver a sua
vida, portanto, greve, pressão, cara feia, conversa séria com o
chefe e até mesmo um novo emprego não será suficiente para amenizar
a insatisfação se você não praticar uma virtude essencial para o
sucesso na vida pessoal e profissional: DISCIPLINA.
Sem disciplina, não importa se você ganha salário mínimo ou dez mil
reais por mês, você será eternamente infeliz. Por essa razão é que
testemunhamos diariamente na mídia pessoas sorridentes que ganham de
um a três salários por mês e pessoas extremamente vazias e infelizes
que ganham salários astronômicos que os primeiros nem imaginam
conseguir durante uma vida inteira de trabalho e mesmo assim são
felizes.
Nas palavras de Henry Ford, “se o dinheiro for a sua única esperança
de vida, você jamais a terá. A única segurança consiste numa reserva
de sabedoria, de experiência e de competência”.
Penso que a maneira mais fácil de conseguir aumento de salário é
fazer algo diferente e produtivo, principalmente quando você
constrói o próprio negócio e torna-se um empregador por excelência.
Não reclame do patrão nem do salário, pois é deselegante e
antiético. Legal mesmo é perseguir os sonhos e uma renda maior de
outra forma, com cabeça, coração e criatividade.
Há um provérbio iídiche que diz o seguinte: com dinheiro no bolso
você é bonito, inteligente e sabe até cantar. Portanto, pense nisso,
seja disciplinado, poupe mais, construa a renda ideal, sofra menos e
seja feliz!
Jerônimo Mendes é Administrador, Consultor e Palestrante
Autor de Oh, Mundo Cãoporativo! (Qualitymark) e Benditas Muletas
(Vozes)
Mestre em Organizações e Desenvolvimento Local pela UNIFAE