O Progresso mental
Por Dr. Wagner Paulon
20/04/2008
A nítida progressão do desenvolvimento físico dos adolescentes é
acompanhada por outra — igualmente importante, embora menos óbvia —
em sua capacidade mental. Um indivíduo médio, de 14 ou 15 anos, é
capaz de realizar fácil e eficientemente muitos tipos de tarefas e
problemas intelectuais que uma criança média de 10 anos teria como
impossíveis — ou pelo menos muito difíceis — de resolver; mas não se
deve esperar, com isso, que eles se lembrem de arrumar a própria
cama ou de recolocar a tampa no tubo da pasta de dentes depois de
usá-la.
A inteligência — argúcia, capacidade mental, sagacidade: não há
acordo a respeitar daquilo em que ela consiste, embora a
reconheçamos quando a vemos — manifesta-se de muitas e diferentes
maneiras.
A maioria das pessoas descobrirá que se sai relativamente melhor em
determinado tipo de atividade mental do que em outro; talvez tenha
melhor desempenho em capacidade verbal e se saia menos bem em
tarefas que envolvam aritmética ou compreensão do funcionamento
mecânico de determinados objetos. Por isso, as pessoas que planejam
os testes de inteligência tentam medir a mais vasta gama possível de
capacidades mentais, na esperança de que um conjunto de medidas para
cada uma dessas capacidades dê uma estimativa da inteligência da
pessoa, que seja suficientemente geral para ser comparada com
estimativas para outras pessoas, ou com a estimativa feita para a
mesma pessoa em diferentes épocas da vida. Há um sério perigo em
confiar muito em tais medidas; mas elas parecem ter uma validade
prática muito útil, por exemplo, para comparar o crescimento mental
em diferentes fases da vida.
Assim, quando grande número de sujeitos são repetidamente submetidos
a testes durante muitos anos, verifica-se que a capacidade mental
geral aumenta rapidamente durante os anos da infância e da
adolescência, passando depois a decrescer nitidamente na maturidade.
Tais testes também mostram que os anos que medeiam entre a puberdade
e a idade adulta é muito importante para o desenvolvimento
intelectual ou cognitivo da pessoa. É durante esse período que muito
de nossa capacidade de adquirir e utilizar conhecimentos — não o
conhecimento em si — atinge seu ponto máximo de eficiência. As
capacidades específicas não se desenvolvem — nem declinam — no mesmo
ritmo. (É por isso que a incapacidade de desenvolver o potencial
intelectual nos anos formativos pode ser difícil de remediar mais
tarde.) As que refletem "pura" capacidade biológica, inclusive
velocidade de percepção, poder de análise e flexibilidade
intelectual, desenvolvem-se mais rápido durante a meninice e a
adolescência e declinam um pouco mais cedo e mais depressa durante
os anos de vida adulta, do que as capacidades mais sujeitas ao
influxo da experiência, como, por exemplo, a fluência verbal.
Isto explica, ao menos em parte, por que os matemáticos tendem a
produzir seus trabalhos muito mais cedo do que, por exemplo, os
historiadores ou os filósofos.
Dr. Wagner Paulon - Formação em psicanálise (Escola Paulista),
mestre em psicopatologia (Escola Paulista), psicologia (Saint
Meinrad College) USA, pedagogia (FEC ABC), MBA (University Abet)
USA, curso de especialização em entorpecentes (USP), psicanalista
por muitos anos de vários hospitais de São Paulo.