A Psicologia na Clínica dos Distúrbios do Sono
Por Luciane de Andrade Barreto
13/03/2008

Ampla e recente área da saúde humana, a Medicina do Sono vem se consolidando e desenvolvendo seus estudos através de um trabalho composto não só por médicos, mas também por psicólogos, fisioterapeutas, dentistas, nutricionistas, fonoaudiólogos, educadores físicos, entre outros profissionais.
Atualmente, há mais de 80 distúrbios de sono classificados e muitas são as implicações na qualidade de vida do indivíduo acometido, pois comprometem diferentes aspectos do ser humano: fisiológico, psicológico e social.
Por esta razão, para um tratamento eficaz dos distúrbios do sono, é relevante a equipe interdisciplinar ser interativa e conhecedora da linguagem de áreas como a Medicina, Odontologia, Nutrição e Fisioterapia.
De maneira geral, o psicólogo pode contribuir através de conceitos, técnicas e métodos específicos e exclusivos à sua área a fim de criar um espaço para a solução de problemas de ajustamento e condições de auto-realização, de convivência e de desempenho para o indivíduo, ao grupo, à instituição e/ou à comunidade.
Mediante métodos e procedimentos psicológicos preventivos, psicoterápicos e de reabilitação, é possível compreender e intervir em fenômenos psíquicos, intra e interpessoais, nas suas interfaces sociais, biológicas e culturais.
Assim, o psicólogo inserido em um trabalho de caráter interdisciplinar pode considerar as diversas áreas do conhecimento e integrar todos os aspectos do indivíduo para melhor atendê-lo.
Nas clínica dos distúrbios do sono, os psicólogos dispõem de estratégias comportamentais reconhecidas e consolidadas no tratamento, tal como a Terapia Comportamental Cognitiva (TCC). Proposto e desenvolvido por Aaron T. Beck e seus colaboradores, a TCC é um modelo cognitivo de psicopatologia com seu conjunto de técnicas e estratégias terapêuticas.

Os procedimentos usualmente utilizados para tratar os distúrbios do sono são:

• Controle de estímulos – verificação das condições do ambiente de sono e a partir disso são realizadas higiene do sono, mudança de hábitos e reorganização do ambiente e de horários, se necessário.
• Restrição de sono – redução do tempo de permanência na cama, visando apenas o sono, ou seja, os momentos sem dormir e os pensamentos indesejados devem ser retirados deste ambiente.
• Relaxamento – alívio e diminuição da ansiedade que muitas vezes acompanha o momento de dormir de quem tem algum distúrbio.
• Controle Cognitivo – reavaliação de crenças e costumes sobre o sono, aprendidos e perpetuados ao longo da vida do indivíduo com distúrbio do sono.

É possível utilizar meios e estratégias para ajudar no tratamento dos distúrbios do sono, sempre com o acompanhamento médico e de outros profissionais, a fim de propiciar ao indivíduo uma melhor qualidade de sono e de vida.

Luciane de Andrade Barreto é Graduada em Psicologia pela Universidade Paulista (2000) e em Educação Física pela Universidade de Santo Amaro (1990). Atualmente é psicóloga e pesquisadora da Universidade Federal de São Paulo, desenvolvendo diversos projetos na área de Distúrbios do Sono e Atendimento Ambulatorial junto à equipe interdisciplinar do Ambulatório Neuro-Sono. Atua em Psicologia Clínica no setor público e privado, incluindo avaliações e atendimento a atletas, esportistas e pacientes com transtornos alimentares e psiquiátricos. Especialista em Psicoterapia Ambulatorial (UNIFESP/2003), Psicologia do Esporte (2004) e Distúrbios do Sono (UNIFESP/2005). Participação e apresentação de trabalhos em diversos congressos nacionais e internacionais de variadas áreas do conhecimento (Ciências do Esporte, Distúrbios do Sono, Psicologia, entre outras).