RH Educador
Por Tom Coelho
09/07/2008
Necessário é que se reformem as instituições humanas. Isso depende
da educação.
Não da educação que faz homens instruídos, mas daquela que forma
homens de bem.
(Allan Kardec)
Primeiro foi o RH Operacional, um velho conhecido dos profissionais
da área. Trata-se do lendário DP, ou Departamento de Pessoal, berço
dos recursos humanos, vinculado a questões meramente burocráticas.
Um legado getulista, das conquistas perpetradas pela CLT e das
garantias constitucionais.
Depois surgiu o RH Gerencial, com foco nas pessoas, recebendo
inclusive denominações como talentos humanos ou gestão de pessoas. O
intuito era valorizar o capital humano como grande diferencial
competitivo.
Mais recentemente entrou em cena o ;RH Estratégico ;, uma versão com
título pomposo e finalidade de aproximar o departamento das decisões
corporativas, deixando de ser mero coadjuvante.
Estas três visões de RH coexistem, embora o operacional,
eminentemente técnico, viceje na maioria das empresas. Se o
gerencial humanizou as corporações, o estratégico voltou a
distanciá-las das pessoas, diante da preocupação com o negócio e o
resultado traduzido pelo azul na última linha do balanço.
Ainda que harmonizar estes três papéis seja um caminho digno de ser
perseguido, um quarto propósito necessita ser considerado. Eu o
chamo de RH Educador e seu preceito básico é instruir os
colaboradores não apenas para a empresa, mas para a vida.
A razão é simples. Educar para a empresa contempla o justo objetivo
de buscar a lucratividade. E educar para a vida respeita os
imperativos individuais e sociais, suprindo um vácuo há muito
deixado pelas instituições públicas e continuamente absorvidas pelas
organizações privadas.
São missões deste RH Educador promover a qualidade de vida, mediante
refeições nutricionalmente balanceadas e campanhas permanentes de
combate ao alcoolismo, tabagismo e outras drogas. Desenvolver
competências técnicas, comportamentais, relacionais e valorativas
através de programas de treinamento em todos os níveis hierárquicos.
Estimular atividades culturais e práticas de responsabilidade
socioambiental. Ensinar planejamento financeiro para o bom
equilíbrio do orçamento familiar. E estes são apenas alguns
exemplos.
O RH não é mais ou menos importante do que qualquer outra divisão
dentro de uma companhia, mas igualmente relevante, dentro de uma
visão sistêmica. Porém, é o único que pode ser o esteio de
transformações edificantes, porque não usa cimento e areia, números
e dados como matéria-prima, mas corações e mentes.