Relação Mãe-filho nos primeiros anos de vida
Por Eliane Pisani Leite
27/07/2009
O processo de maternagem constitui senão o mais importante pelo
menos imprescindível na formação da personalidade de qualquer
pessoa. Isto é facilmente observado até com animais em laboratório,
sabe-se do exemplo realizado com macacos, os quais foram facilmente
domesticados quando da presença da mãe, ou um objeto similar que
atende-se suas necessidades físicas de aconchego e colo.
Imagine a importância desse mesmo efeito para o ser humano, que
passa a maior parte do seu tempo pensando sobre si, sobre os outros
e sobre tudo que o cerca.
Todo bebê nasce totalmente dependente de um adulto que cuide e
atenda suas necessidades básicas, como alimentação, trocas de
fraudas, proteção do frio e do calor, banho e muito mais. Essas
necessidades quando bem atendidas formam a base para uma futura
relação harmoniosa com o meio ambiente, pois o bebê começa a criar
suas referências internas sobre o meio em que vive a partir dessas
relações mais instintivas do ser humano. Não havendo um bom
atendimento a essas necessidades, todas as atividades que constituem
o psiquismo da criança e que mais tarde serão responsáveis por
subsidiar as funções psicológicas superiores, aquelas que todo ser
humano precisa para uma vida acadêmica, ficarão prejudicadas, são
elas: o desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da memória,
atenção, concentração a até mesmo a coordenação motora. Tudo isso
depende do que o meio oferece no início da vida. Para que essas
atividades sejam ativadas e desenvolvidas faz-se necessário a
existência de estímulos externos, que só o meio e as pessoas que
cerceiam a vida do bebê podem oferecer. Por exemplo, o estímulo
externo para que uma criança comece a falar é que alguém fale com
ela, não uma única vez mas que fale sempre com a criança, neste
processo o bebê ouve a fala do outro e começa ativar uma área do
cérebro a ser colocada em ação na medida em que essa criança tenta
reproduzir a fala do outro, no princípio ela irá apenas reproduzir o
som, posteriormente fará um trabalho mais sofisticado que será
relacionar o som com o conteúdo, o significado das palavras
constitui em processo longo que depende muito da estimulação do
meio, o mesmo acontece com a psicomotricidade por exemplo. Ou seja é
o meio propiciando à criança, estimulação para mexer nos objetos,
engatinhar, andar de bicicleta, pegar a criança no colo, fazer essas
brincadeiras que são do cotidiano, dar banho na criança, mexer a
mãozinha, todos esses estímulos é que irão desenvolver as atividades
psicomotoras, por exemplo segurar um copo plástico exige atenção e
este movimento é desenvolvido quando a criança tem alguns meses de
vida, o processo de pegar uma bolinha para brincar, jogar ao chão,
sorrir e a mãe vai e pega a bolinha e devolve à criança, e esta
repete a brincadeira por diversas vezes, neste ato o bebê ira
desenvolver a atenção, quando atitudes assim não são estimuladas
para a criança, posteriormente ela pode desenvolver problemas com a
escrita por exemplo, pois segurar um lápis na mão e fazer movimentos
para efetuar as palavras requer vários comandos do cérebro que são
ativados com os jogos e brincadeiras infantis. A utilização do corpo
passa pelo mesmo processo, uma criança tem um brinquedo longe e ela
vai até lá pegá-lo, neste movimento esta exercitando o corpo como um
instrumento eficaz na relação com o meio em que vive. Ao abrir as
portas dos armários da cozinha, e pagar os objetos ela estará
aprendendo muitas coisas, como por exemplo: ao segurar uma panela,
irá descobrir o peso , o formato, ela dessa forma estará explorando
e fazendo o reconhecimento intelectual de tudo isso que mais tarde
ira subsidiar a aprendizagem escolar. È o início da formação de
conceitos científicos, pegando uma panela, ela descobre o que é
peso, o que é metal, experimenta o que é material frio, enfim começa
a reconhecer os conceitos através da exploração do meio.
Uma maternagem incompleta resulta numa construção precária da
inteligência, muitas vezes a criança nasce com ótimo potencial
intelectual, mas se o meio não oferecer estimulação adequada esse
potencial não se desenvolve. È o que chamamos de
“Pseudo-deficiência” por privação ambiental, ou seja , o ambiente
não favoreceu de forma que os adultos que cuidavam da criança não
propiciaram as atividades necessárias para o desenvolvimento do
psiquismo infantil.
Existem vínculos indestrutíveis entre o desenvolvimento psicológico
e as diferentes condições físicas da criança. Assim sendo , é muito
importante que o recém-nascido possa contar com uma mãe sempre
solicita, pronta a satisfazer suas necessidades. Somente assim a
criança aprende de maneira rápida e eficiente.
O contato físico é outra característica imprescindível para o bebê,
o toque, as carícias, o embalo, são experiências muito importantes
para o recém-nascido pois além de proporcionar prazer, contribui
para o estabelecimento de relações positivas com o meio. Por esse
motivo a amamentação é tão importante, porque é o tempo disponível
pela mãe para que ocorra o acariciar, o toque, o aconchego físico,
mesmo que por algum motivo seja necessário o uso de mamadeira
aconselhamos que se utilize de uma maneira de reproduzir a situação
natural da amamentação.
Quando a criança sente fome e chora, agindo assim como reação ao
estado de tensão ocasionado pela fome, ao ser carregada e alimentada
pela mãe, de maneira tranqüila e carinhosa, começa a perceber
características do mundo externo, como por exemplo: o cheiro da mãe,
sua voz, sua figura como também começa a prender aspectos inerentes
da alimentação.
Estudiosos observaram que quando a interação mãe-filho não tem
oportunidade de estabelecer contatos físicos íntimos e agradáveis a
criança pode apresentar reações negativas, como a recusa em sugar, a
perda de apetite, a regressão marcada por uma quietude depressiva, a
falta de interesse pelos estímulos ao seu redor, sono pesado,
respiração irregular, rigidez muscular e problemas gastrintestinais,
tais como vômitos e diarréias. A forma extrema dessas reações é o
marasmo, um estado de letargia em que os reflexos corporais se
deterioram e a criança não demonstra interesse pelo ambiente.
Dar colo à criança, embalar e aconchegá-la é, tão importante quanto
alimentá-la.
Eliane Pisani Leite - Autora do livro: Pais EducAtivos - Pisicologia
Acupuntura Psicopedagogia - pisani.leite@terra.com.br